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  • terça-feira, 2 de agosto de 2016

    A MORTE E/OU DESENCARNAÇÃO DOEM? (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    Brasília/DF

    O fenômeno da morte e/ou desencarnação constitui uma fatalidade da qual nenhum ser humano consegue escapar. A morte sobrevindo a cada instante nas células, que igualmente se revigoram, chega o momento em que a desoxigenação encefálica se incumbe de interromper as funções do tronco cerebral, obstruindo a ocorrência biológica da vida carnal.

    No processo da morte pesquisadores afirmam que genes permanecem vivos nos defuntos. Asseguram que alguns genes humanos estão ativos por pelo menos 12 horas após a morte biológica. A descoberta deixa para a academia a definição de "morte física" mais emblemática. Cada vez fica mais claro que desencarnar e ou “morrer” é um longo processo, que começa bem antes da data da certidão de óbito e termina muito depois dela. 

    A certeza da vida além-túmulo não elimina as inquietações humanas quanto à morte e/ou desencarnação. Há muitos que temem não precisamente a vida futura, mas o momento da extinção do corpo. Será ele traumático? Em verdade a morte e/ou desencarnação não são iguais para todos, visto que ilimitados são os comportamentos adotados pelos encarnados.

    Apesar de utilizarmos como sinônimos os termos morte e desencarnação, a rigor estes são fenômenos distintos. De fato, é rara a coincidência temporal das durações de ambos os processos. É muito mais frequente o processo de morte propriamente dita ser concluído muito antes da desencarnação.

    A desencarnação para alguns poucos pode ser rápida, proporcionando uma certa liberdade, até mesmo antes da extinção corporal. Comumente, a separação da alma é feita gradativamente , pois o Espírito se desprende vagarosamente dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.

    Porém, observando-se a tranquilidade de alguns moribundos e as comoções assombrosas de outros, pode-se de antemão ajuizar que as impressões experimentadas durante a morte e/ou desencarnação nem sempre são iguais.

    Para as pessoas espiritualizadas a desencarnação se completa antes da morte, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já penetra na vida espiritual, ficando apenas ligado à matéria por elo tão tênue que se desata suavemente com o derradeiro pulsar do coração. Porém, para os algemados aos apelos carnais os laços materiais são vigorosos e quando a morte se aproxima o desprendimento demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes e outras vezes se agarra ao cadáver, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

    No livro “Voltei”, Irmão Jacob (Espírito) descreve na condição de testemunha sobre tais situações, explicando que quando foi “cortado” o chamado “cordão prateado” entre o corpo e seu perispírito durante o seu velório, o impacto que ele (Jacob) sentiu foi tão intenso que achou que “estava morrendo por segunda vez”. E logo após esse processo de rompimento do “cordão prateado”, a deterioração do cadáver se acentuou significativamente, conta o autor.

    Os religiosos ingênuos que creem poder comprar o ingresso no “reino celestial” à custa de dinheiro (dízimos), serão surpreendidos e ficarão decepcionados com realidade do além-túmulo que os aguarda. Da mesma forma os suicidas, considerando inclusive as atenuantes e agravantes do suicídio, depararão com imensa frustração por não lograrem matar a própria vida e sofrerão enormemente os efeitos inevitáveis da suprema rebeldia às leis do Criador. Nas mortes violentas, tais como nos acidentes, o desprendimento inicia após a morte biológica, e sua consumação não ocorre instantaneamente. O Espírito fica preso ao corpo aturdido, não compreende seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme seu nível de consciência espiritual.


    Na maioria das vezes, tendemos a ignorar o fato de nossa mortalidade, e é somente quando um amigo próximo ou parente querido está morrendo que, intuitivamente, reconhecemos nosso próprio e inevitável roteiro em direção à morte. Há milhares de anos esse assunto tem sido uma questão central para o debate teológico e filosófico, mais do que para a exploração científica e objetiva; entretanto, como observamos acima, a ciência começou a ampliar a compreensão sobre o que acontece quando morremos, tanto no aspecto genético do cadáver quão do aspecto psicológico da alma enquanto mente humana.