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  • domingo, 14 de junho de 2009

    BREVE REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER NO MUNDO


    A imprensa internacional noticiou com destaque que as mulheres reivindicam a possibilidade de dirigir veículos automotivos na Arábia Saudita. Avulta-se que ativistas iniciaram uma campanha para que elas consigam a permissão de dirigirem nas avenidas e ruas sauditas. Esse tipo de comportamento nos remete aos obscuros cenários medievais. Que contrassenso! Em pleno Século XXI, ainda temos que conviver com essa situação discriminatória contra a mulher.

    Há, atualmente, uma ingente luta da mulher (cada qual na sua atividade, no seu dia a dia) no sentido de obter um espaço digno na sociedade, visando o seu crescimento como pessoa. A busca de novos caminhos profissionais para a mulher, hoje, toma conta de quase todas as famílias, em função, também, das novas necessidades que, a cada dia, surgem na nossa civilização. Porém, nem sempre foi assim. Segundo as Escrituras, "a mulher é responsável pela proscrição do homem; ela perde Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão". Uma passagem do Eclesiastes a declara "uma coisa mais amarga que a morte". O casamento mesmo parece um mal: "(...) os que têm esposas sejam como se não as tivessem" - exclama Paulo aos Colossenses, aos Efésios.

    Realmente, houve um período mais obscuro em que o cristianismo "oficial" não compreendeu a mulher. Seus representantes , vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam, antes, um perigo. Em contrapartida a esse cruel tratamento da igreja, a mulher era considerada "sacerdotisa nos tempos védicos; ao altar doméstico, era intimamente associada; no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto; por toda parte, era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida". (1)

    A situação da mulher, na civilização contemporânea, ainda é difícil e bastante sofrida. Como acompanhamos nos noticiários, nem sempre a mulher tem, para si, os direitos e as leis; muitos perigos a cercam. Se ela titubeia, sucumbe; normalmente não se lhe estende mão amiga, e o que é pior, a corrupção dos valores morais faz, da mulher, a vítima do momento. Porém, a Doutrina Espírita restitui à mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da Humanidade.

    A Terceira Revelação  a atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que estendem para além do seu círculo de vida física. Daí a necessidade de desenvolver na mulher, além dos poderes intuitivos, suas admiráveis qualidades morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do sacrifício, ou seja, o sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes à sua missão sublime. "A mulher tem que se fazer borboleta; ela tem que sair do seu casulo; e reconquistar seus direitos, que são divinos; como a falena, lançar-se na atmosfera e reencontrar o clima de seu justo valor. Até porque, se o agente educador por excelência for reduzido ao estado de nulidade, a sociedade vacilará. É o que deveis compreender no século dezenove". (2)

    O Espiritismo preceitua que "são iguais perante Deus, o homem e a mulher, e têm os mesmos direitos, pois ambos possuem a faculdade de progredir" (3) e se, em alguns países, a mulher é considerada inferior, isso é resultante do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito. (4) Mas, "as funções, para as quais a mulher é destinada pela Natureza, terão importância tão grande quanto às destinadas ao homem, e maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida". (5) Assim sendo, "uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher, embora com funções diversas. Pois é preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior, o homem e, do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão". (6)

    Com muita razão, "a lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto, nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos". (7)

    No passado recente, a mulher não tinha voz, não tinha vontades e acreditavam que sequer tinha alma. Este tema foi até tratado em concílio, quando não apenas discutiam se a mulher teria alma, mas também diziam que a natureza da mulher era má, era culpada de males, porque (como vimos mais acima), na Bíblia consta que ela é que aceitou a sugestão da serpente e desviou Adão da obediência a Deus.

    Como reação a essa milenar subjugação da mulher, atualmente ocorrem extremismos preocupantes em sua estrutura psicológica. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio - tal é o destino de grande número de infelizes mulheres em nossas sociedades opulentas, sensuais  e materialistas. Muitas mulheres radicalizam. O seu corpo é considerado só dela, ela faz o que bem entende, não deve nada a ninguém. O desafio está posto. O desafio é encontrar o meio termo, o ponto certo, o equilíbrio momentâneo para a mulher moderna. Portanto, ser mulher e ser mãe são desafios cotidianos a serem enfrentados.

    Há dois mil anos, Jesus propôs dar à mulher uma condição de "status" social igual a do homem. Em verdade, "dela provém a vida; e ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova, senão, por seu amor e seus ternos cuidados". (8)

    "Todo inócuo argumento machista de a mulher ser apenas a sombra do marido, procriadora por excelência, objeto de prazer ou apenas alguém que tome conta da casa, é evidente que precisa ser aclarado e desfeito, por ser fenômeno extemporâneo". (9) Concebemos, até, que a mulher deva reduzir, o quanto lhe for possível, o tempo gasto no trabalho profissional e se esforce mais na tarefa da educação de seus filhos, preferindo ganhar um pouco menos em valores materiais e potencializando seus tesouros espirituais. Sabemos que atualmente não está fácil essa tarefa, pois "a sociedade se curvou ante o consumismo materialista, sequestrando a mulher do lar para enclausurá-la nas funções hodiernas, às vezes, subalternas a sua grandeza e, quase sempre, estranhas à sua natureza". (10)

    A administração de uma família, atualmente, é tarefa extremamente importante. Dentro dessa pequena república, há o fator econômico, as regras, a disciplina, o zelo, as tradições e a responsabilidade da formação moral e intelectual dos filhos. "A mulher deve conciliar o papel de mãe e esposa, por vezes, deixado um pouco de lado. Por isso, é importante não permitir que a competição do casal, as pressões do status, do dinheiro e do destaque sociais roubem o equilíbrio que a felicidade da família requer". (11)

    Nada mais justo que a luta pela causa de maior liberdade e direito para ela. Afinal, na Ordem Divina não há distinção entre os dois seres. Porém, urge muita cautela. Os movimentos feministas, embora tenham seu valor, costumam cair no radicalismo, querendo fazer da participação natural uma imposição. Muitas vezes, em seus intuitos, ao lado de compreensíveis pleitos, enuncia propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas arremedo do homem.

    Em sintonia com os pleitos femininos, atualmente, nas hostes espíritas, observa-se a mulher, não apenas trabalhando como médium no campo da mediunidade, mas, também, encontramo-la dialogando com os espíritos, dirigindo reuniões mediúnicas, instruindo e preparando novos trabalhadores no campo da mediunidade, escrevendo para esclarecer e orientar a prática mediúnica. É o Espiritismo, esta abençoada doutrina que nos permite isso. Ela, não apenas nos ilumina individualmente, nos consola e nos alenta, mas, também, enseja que estejamos encarnados como homens ou como mulheres, nos "somemos os nossos esforços" e, juntos, continuemos a realizar o sublime intercâmbio espiritual, respeitando, sobretudo, a "condição" do espírito que encarna, seja ela qual for.

    Referências bibliográficas:
    1 DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo. RJ: Ed Feb, 2008.
    2 Kardec, Allan. Revista Espírita ano III número 12, dezembro de 1860, Comunicação do Espírito de Alfred de Musset (1810-1857 poeta e romancista francês).
    3 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2001, questão 817
    4 idem, questão 818
    5 idem, questão 821
    6 idem, questão 822
    7 idem, questão 825
    8 Hessen, Jorge. Deus abençoe todas as mulheres do mundo, artigo disponível em http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/deus-aben-oe-todas-as-mulheres-do-mundo?xg_source=activity
    9 idem
    10 idem
    11 idem


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