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  • domingo, 14 de junho de 2009

    CONSELHEIROS E CRÍTICOS DE OCASIÃO


    (Publicado na Revista "O Médium" em 1998)
    Entre o falar e o agir é inquestionável que há uma longa distância. Quando somos mais jovens e temos anseios espirituais, as palestras, as conversas cristãs sempre calam com mais profundidade nos corações imbuídos da sinceridade espírita.
    Buscamos diretrizes seguras para caminharmos, muitas tertúlias ficaram indeléveis em nossas memórias, a fim de servirem de nortes e bases seguras para decisões ulteriores.
    Ouvíamos muitos conselhos enérgicos quanto à educação dos filhos. Nada de condescendência, porque aí residia o perigo para uma formação distorcida a se manifestar no porvir. Filhos mimados e sem limites beiravam a marginalização. Claro, não podíamos contestar, à época, tão oportunas advertências, até porque os filhos são investimentos espirituais da maior envergadura.
    O tempo - esse sábio orientador-, que nos ensina hoje e sempre que não devemos brincar de viver, nos ratificou que a teoria é bela, mas a prática é por demais grandiosa.
    O tempo tem se incumbido de expressar com fidedignidade o resultado das incisivas admoestações de antanho. Entre o falar e o agir, entre o propor aos outros, descuidados dos seus, alguma coisa faltou na formação dos filhos de muitos conselheiros impulsivos, até porque muitas vezes a prole acaba por espelhar os valores eivados pelo modismo contemporâneo.
    Desde a tatuagem fincada no corpo, passando pelo cabelo à moda punk, tangendo pelas cervejinhas "inofensivas", dos esportes radicais às roupas extravagantes, até mesmo aos casamentos apressados ante gravidezes "acidentais" são evidências claras de que o projeto Cristão de ontem caiu na vala rasa da retórica vazia.
    Não são poucos líderes do passado que censuravam sistematicamente as festinhas sociais e os bem-aquinhoados que tiravam férias todo ano e possuíam mais de um carro zero, etc. Em verdade, esses críticos de ocasião estavam escamoteando suas frustrações, projetando nesses comentários amargos o suporte para suas "verdades" particulares. Por ironia, hoje não só estão mergulhados nas festinhas sociais como também vivem o luxo e abominam a simplicidade cristã. Esqueceram velhas amizades, na suposição de que status social vai trazer conforto na hora da dor, da doença e da desencarnação!!!
    Nesse contexto, longe de nos posicionarmos como senhores da verdade. Incorreríamos no mesmo refrão do passado. Muito menos vaticinarmos o infortúnio desses companheiros de atitudes sensatas. Até porque estamos convictos de que somente as leis de Deus são indefectíveis e como tais - a cada um é dado conforme as obras.
    Por fim, queremos enfatizar que interpretar os ensinamentos de Cristo se exige muito mais que palavras brilhantes. Muitas circunstâncias pedem que levantemos os joelhos sangrando e que suportemos os corações dilacerados, para compreender os pérfidos deslizes humanos. Diante disso, é imperioso que continuemos a acreditar no bem, fortalecendo o ideal superior, certos de que ao "julgarmos seremos julgados e na dimensão com que medirmos, seremos medidos nas proporções equivalentes" - advertiu Jesus há dois mil anos.






    Maria Eleusa de Castro Hessen
    E-Mail: eleusa_hessen@yahoo.com.br
    Site: http://jorgehessen.net

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