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  • sábado, 13 de junho de 2009

    MILAGREIROS DO ALÉM, POMADISMOS E CURANDEIRISMOS


    A revista Veja de 14/06/2000, pág. 68, traz longa reportagem intitulada "Não ajuda em nada", demonstrando que pesquisas confirmam uma realidade preocupante, que tratamentos alternativos (místicos) comprovadamente são ineficazes no restabelecimento da saúde de pacientes, especialmente com câncer.É lastimável acompanharmos a Imprensa comum dando notícias sobre "Espíritos" que têm fornecido dietas para regime de emagrecimento ou, ainda, divulgam que cirurgiões do "além" que vão retalhando corpos em nome de operações "espirituais", outros que prescrevem receitas com medicamentos alopáticos, fitoterápicos (ervas "milagrosas") e chás de "coisa nenhuma".
    O Espírito André Luiz adverte: "Aceitar o auxílio dos missionários e obreiros da medicina terrena, não exigindo proteção e responsabilidade exclusivos dos médicos desencarnados" (1)É atitude equivocada a tendência de subestimar a contribuição da medicina humana, entregando enfermidades aos Espíritos milagreiros do além (de preferência cirurgião com nome germânico ou hindu) para que "curem" complexos processos de metástases, por exemplo.Os conceitos espíritas nos remetem à certeza que a matriz das doenças está fincada no estado mental do enfermo, portanto, a rigor, não serão agentes externos que determinarão curas para os que teimam permanecer entorpecido na condição de revolta e dubiedades ante os códigos de justiça vigentes nos Estatutos Divinos, ou naqueles que só se refarão sob o guante dos legítimos processos de enfermidades em face dos dispositivos de causa e efeito, até porque "A doença pertinaz leva à purificação mais profunda" (2)Os Espíritos não estão a disposição para promoverem curas de patologias que não raro representam providências corretivas para nosso crescimento espiritual no buril expiatório. 
    Nesse sentido, os dirigentes de núcleos espíritas deveriam promover bases de estudos e reflexões sobre as propostas filosóficas, científicas e religiosas do Espiritismo ao invés de encetarem trabalhos espirituais para os inócuos "curanderismos".Os preceitos doutrinários esclarecem-nos que devemos "Aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação de valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé".(3)São inoportunas certas manifestações de promessas de "curas" de obsessões com sessões da famosa corrente magnética brasiliense (prática "inventada" em Brasília, por grupos que seduzem empolgados "filantropômanos" através do apelo assistencialista, inoculando estranhas práticas doutrinárias) como a magnetização "desobsessiva" para afastar Espíritos aos moldes de como se espanta moscas das feridas expostas. Para consubstanciar esse objetivo recorrem ao auxílio da varinha de condão do chamado "choque anímico" com o qual os enfermos se "libertam" dos obsessores, conforme promete livro(4) publicado pelos seguidores desse movimento equivocado.Há, ainda outros núcleos que propõem aplicações de luzes coloridas (cromoterapias) para higienizar auras humanas e curar (pasmem): azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente, gripes, soluços em crianças, verminose, frieiras, conforme propaga literatura específica.(5) Acreditem!! Se não bastasse recomenda-se até carvãoterapia (?!) para neutralizar "maus-olhados" nesse sentido, segundo crêem é só colocar um pedaço de tora de carvão debaixo da cama e estaremos imunes do grande flagelo da humanidade - o "olho comprido" !! Muitas instituições espíritas do DF têm distribuído o remédio (cura tudo do momento) uma tal pomada do "vovô fulano". 
    O que se nota, a bem da verdade, é que ainda não há rigor suficiente das instituições espíritas para com a pureza doutrinária tão-necessária, pois não se viu bater em retirada de todos os rincões do meio espírita os sistemas divergentes, que teimam em se alojar aqui e ali, na tentativa de, pelo decurso do tempo, serem confundidos e aceitos como Espiritismo de fato: ramatisismo, roustainguismo, ubaldismo, armondismo, umbandismo etc, e mais os apometristas, cromoterapistas, pomadistas, cepistas etc. O que se quer é a transparência doutrinária no movimento espírita ou a confusão doutrinária? Se for transparência doutrinária, então, maior rigor para com os divergentes, a fim de que desanimem e se afastem de vez por todas. A vida moderna, globalizada ou não, está a pedir, isso sim, posicionamentos e comportamentos firmes e consentâneos com a proposta espírita. Como bem recomenda o ínclito Codificador, em Viagem Espírita 1862, pág. 33: "O excesso em tudo é prejudicial, mas, em semelhante caso, vale mais pecar por excesso de prudência do que por excesso de confiança". 
    Sabemos que os que lêem estas linhas podem pensar que estamos revestidos de idéias ficcionais, mas podemos assegurar que não teríamos materiais tão imaginativos.Em recente entrevista ao jornal Alavanca - abril/maio-2000 - Divaldo Franco adverte sobre as "terapias alternativas", "curandeirismos" e a fascinação na prática mediúnica, apontando-as como fatores que têm desestabilizado o projeto da unidade doutrinária". É por essas e outras que a revista Veja, abril de 1999, registra que os médicos da ala conservadora da psiquiatria consideram os médiuns como dotados de neuroses, psicoses, desvios de personalidade, esquizofrenias. 
    Se pararmos para refletir daremos uma certa razão para esses profissionais, até porque muitos adeptos do Espiritismo não conhecem os livros de Allan Kardec, Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângellis, Bezerra de Menezes, Vianna de Carvalho e outros consagrados expoentes da difusão doutrinária e lastimavelmente estão aguilhoados nas práticas que comprometem todo projeto doutrinário.O exercício dos Códigos Evangélicos nos impõe a obrigatória fraternidade e compreensão aos adeptos dessas esquisitas práticas, o que não equivale dizer que devemos nos omitir quanto à oportuna admoestação para que a Casa Espírita não se transforme em academia de andróides hipnotizados pela fantasia e ilusão.


    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net/ 


    FONTES:(1) Luiz, André, Conduta Espírita Cap.35. Editora FEB:RJ /1977-5ª edição(2) Idem(3) Idem(4) Colegiado dos Vínculos Fraternais, Desobsessão por Corrente Magnética, 1ª edição Sociedade de Divulgação Espírita "Auta de Souza"-1996.DF(5) Nunes, René. Cromoterapia.A Cura Através da Cor.Editora Asa Sul./Brasilia 1ª edição

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