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  • segunda-feira, 26 de abril de 2010

    COLETÂNEA REFLETINDO COBRANÇAS DE TAXAS DE CONGRESSOS ESPIRITAS




    (*) Editorial da Revista Eletrônica O Consolador

    Ano 4 -
    N° 155 - 25 de Abril de 2010


    Ninguém de bom senso, em nosso meio, negará a importância dos congressos espíritas para a vitalidade do movimento espírita, a permuta de experiências e o congraçamento entre pessoas que enfrentam nas suas cidades dificuldades e problemas semelhantes.
    Anos atrás a imprensa espírita registrou uma interessante polêmica acerca de um dos pontos relacionados com a realização dos congressos: seu custo financeiro. Nos lugares onde eles se desenvolvem, as chamadas taxas de participação ou inscrição têm sido cada vez mais altas, fato que, segundo a opinião de muitos, impediria a participação nesses eventos dos companheiros menos aquinhoados. Os congressos restringir-se-iam então a um pequeno grupo com condições de adquirir passagens de avião, hospedar-se em hotéis caros e, ainda, pagar taxas cada vez mais elevadas.
    A polêmica instalou-se e logo apareceram as vozes dos que defendem o modelo que vem sendo adotado, alegando que os custos financeiros para a organização desses eventos são muito altos e que cabe aos espíritas, somente aos espíritas, o dever de custeá-los. Se o fato impede a participação dos companheiros de menores posses – dizem eles –, o problema não decorre do montante desses gastos, mas, sim, do poder aquisitivo da população brasileira, porquanto a maioria dos brasileiros vive efetivamente com rendimentos bem diminutos.
    Entendemos que ambas as proposições têm fundamento, mas é inegável a marginalização de confrades valorosos que, devido à impossibilidade de arcar com tais despesas, ficam e continuarão a ficar excluídos dos congressos espíritas, como os que têm sido realizados ultimamente por diversas federativas estaduais e mesmo pela FEB.
    Qual seria, então, a solução?
    Em primeiro lugar, seria interessante examinar o modelo adotado historicamente pelas chamadas Semanas Espíritas e pelos encontros estaduais de jovens espíritas, algo que marcou época nos anos 60 do século passado, especialmente no Sudeste do Brasil.
    As acomodações em alojamentos improvisados em escolas públicas ou nas próprias residências dos espíritas, o transporte em ônibus fretado por grupos de participantes e uma maior simplicidade na organização dos encontros, aliados a campanhas promocionais em que nas diferentes cidades abrangidas pelo evento se buscavam recursos para custear parte dos gastos, eis ideias que poderiam, com toda a certeza, permitir a presença nos congressos de pessoas de reduzidas posses mas que, como participantes do trabalho efetivo realizado nos Centros Espíritas, muito têm a oferecer ao debate dos temas propostos.
    O local poderia também ser mais singelo. Em vez de um centro de convenções que, além de caro, abriga poucas pessoas, por que não um ginásio de esportes bem equipado, como se vê, de ordinário, nas apresentações dos grandes artistas do país?
    A entrada deveria franqueada ao público, sem cobrança alguma, aceitando-se evidentemente a contribuição financeira daqueles que, podendo fazê-lo, somariam ao fundo comum obtido nas campanhas seus próprios recursos.
    Num ginásio de esportes, com capacidade para quatro, cinco mil pessoas, haveria sempre espaço para que o público simpatizante pudesse comparecer e também usufruir os ensinamentos transmitidos por nossos oradores.
    A mensagem espírita veio, como sabemos, para todas as pessoas. Mas, como ela chegará a um maior número, se é tão difícil e oneroso participar dos seus eventos mais significativos?
    Outro ponto que já se discutiu muito no passado, e continua atual, refere-se à seleção dos temas. Tem-se notado em alguns congressos uma preocupação excessiva com a imagem externa do movimento espírita, a única explicação capaz de justificar o nível de sofisticação de certas programações que chegam às vezes ao absurdo, parecendo até, em determinados casos, que não se trata de um congresso espírita, tal o distanciamento entre os assuntos programados e a realidade em que vivem o povo e as Casas espíritas.
    Os temas deveriam ser levantados a partir dos Centros Espíritas, de suas carências e necessidades. Obviamente, deve haver lugar e tempo para tudo, mas não podemos dirigir os esforços de um congresso de grande porte para os interesses de um diminuto grupo, de uma pequena elite, única capaz de compreender a terminologia e os conceitos exarados em determinadas conferências, enquanto a maioria da população brasileira segue sem saber ao certo o que é Espiritismo e quais as suas diferenças em relação à Umbanda e às religiões africanistas.



    Vania Borges Camargo
    vaniabc@brturbo.com.br




    ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ



    A questão do custo de inscrição em eventos espíritas, bem assim a de captação de recursos financeiros, em geral, para esses mesmos eventos, retorna à ordem do dia, pois está sendo motivo de sérias discussões, atualmente, no nosso meio.

    No meu entendimento, essa questão apresenta dois aspectos mais relevantes, dentre outros.

    Um primeiro aspecto, que, a igual tempo, constitui um tema de fundo, diz respeito à própria natureza religiosa de Igrejas, movimentos e correntes que, em comparação com a prática da Doutrina Espírita, na experiência brasileira atual, leva a reflexões comparativas dessa prática com a daquelas Igrejas, no campo da comunicação mercadológica, midiática e massiva, com cultos em grandes espaços abertos ou fechados, inclusive com a presença de artistas e músicos, pastores-âncoras, exibições com depoimentos de pessoas, supostamente beneficiadas com curas, conquistas materiais de toda sorte, a corrida ao ouro das contribuições ensacadas. É tudo a espetacularização da fé. É, nem tanto assim, a demonização do demônio. É a vitória na vida à custa da cegueira da crença e de um, progressivamente, elevado custo do prêmio do “seguro” da realização dos anelos materiais em calorosas e fortes manifestações de esperança-espiral-espiritual.

    As mais fortes e consolidadas dessas Igrejas e movimentos usam e abusam da televisão própria ou de tempo de televisão alheia, locado com o dinheiro de crentes, irmãos e fiéis.

    Nada disso faz parte do “show” dos espíritas e do Espiritismo. Ao contrário, estes primam pela discrição, pela reflexão silenciosa. Os “améns”, as “aleluias” e os “vivas” não reverberam nos Centros Espíritas, verdadeiros templos de estudos, orações, forças do pensamento, do sentimento, do sensorial, do cativo-sensitivo-humanista. Quer dizer, o Espiritismo é a pregação de pequenos cultos do homem pelo homem, enquanto homem feito carne, mas, conscientemente, pronto a se fazer Espírito.

    A espetacularização disso é o antiespiritismo. Seria um Espiritismo, caminhando para viver de “shows” de comunicação em grandes auditórios. Cobra-se uma “contribuição compulsória” dos participantes; em tudo ele passaria a concorrer com as Igrejas do mercado, que sugam a fé, a esperança, pior, a necessidade de quem, por esta própria natureza, necessita mais do que não necessita. E quem seriam os “pastores” da comunicação? Os palestrantes, os conferencistas, doutrinadores nacionais e estrangeiros? Ora, que venham estes, se quiserem, trazer sua contribuição “superior” ao desenvolvimento do permanente processo de “superiorização” daqueles que se entregam às missões individuais e sociais espíritas.

    Chegam a ser grosseiras algumas manifestações daqueles que propõem o caminho da tendência da espetacularização do Espiritismo. É a tendência para o “ter”, superando a inclinação para o “ser”.

    Um segundo aspecto, que é um contraponto do primeiro, é a humildade, o despojamento, o desprendimento, a descida ao nível dos participantes, a interlocução, o diálogo, tudo isso é o Espiritismo, praticado e ensinado, principalmente, pelos cultores e divulgadores da Doutrina Espírita, à voz surda dos livros, ou à voz baixa das pregações.

    Aliás, o verdadeiro espírita tende a ser um pobre rico. Os espíritas vaidosos, orgulhosos, que adotam o lema do “custe o que custar”, tendem a ser ricos pobres. Nenhum espírita convicto, nenhum médium verdadeiro, nenhum teórico da doutrina pode ou, ao menos, deve discrepar dessa realidade na qual seu perfil de espiritista e espiritualista está traçado.

    Se preferirem uma posição mais encorpada de adeptos espíritas, não completamente desafetos de poucas e específicas alternativas de custeio a eventos espíritas, creio que a posição adotada pela Federação Espírita do Paraná seja, plenamente, aceitável.

    Nada além disso, sob pena de desconstruirmos, aos poucos, o Espiritismo no Brasil. Nossos crentes podem vir a se transformar em descrentes.

    Estejamos, pois, de prontidão para agir contra idéias que denigram a pureza doutrinária espírita, pois atrás de nós vêm nossos herdeiros, a enfrentar um mundo em momentos de grande e maior inquietação moral, e, para esse enfrentamento, deverão estar bem apoiados na fé raciocinada, ou seja, na Doutrina Espírita, única com texto religioso, filosófico e científico capaz de elevar as consciências em desajuste a planos superiores.




    quinta-feira, 8 de abril de 2010


    JOSE PASSINI COMENTA SOBRE INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS”

    CARO JORGE HESSEN

    Concordo plenamente com o que você diz.
    O Espiritismo chegou até aqui, íntegro, sem nada disso que se faz atualmente. Sinto não ter a minha assinatura esse oportuno e excelente trabalho sobre INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS”
    É um alertamento que ficará na história.
    Avante, prossigamos!

    Abraço,

    José Passini

    sexta-feira, 19 de março de 2010


    COBRANÇA DE TAXAS E ELITIZAÇÃO DO ESPIRITISMO

    INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS”
    Allan Kardec escreveu na RE de novembro de 1858, que "jamais devemos dar satisfação aos amantes de escândalos. Entretanto, há polêmica e polêmica. Há uma ante a qual jamais recuaremos — é a discussão séria dos princípios que professamos. " É isto o que chamamos polêmica útil, pois o será sempre que ocorrer entre gente séria, que se respeita bastante para não perder as conveniências. Podemos pensar de modo diverso sem diminuirmos a estima recíproca.
    Que os dirigentes espíritas, sobretudo os comprometidos com órgãos “unificadores”, compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar, conforme lembrava Chico Xavier. Devemos primar pela simplicidade doutrinária e evitar tudo aquilo que lembre castas, discriminações, evidências individuais, privilégios injustificáveis, imunidades, prioridades, industrialização dos eventos doutrinários.
    Os eventos devem ser realizados, gratuitamente, para que todos, sem exceção, tenham acesso a eles. Os Congressos, Encontros, Simpósios, etc., precisam ser estruturados com vistas a uma programação aberta a todos e de interesse do Espiritismo, e não para servirem de ribalta aos intelectuais com titulação acadêmica, como um "passaporte" para traduzirem "melhor" os conceitos kardecianos. Não há como “compreender o Espiritismo sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos, a fim de que o projeto da Terceira Revelação alcance os fins a que se propõe.” (1)
    "A presença do elitismo nas atividades doutrinárias (...) vai expondo-nos a dogmatização dos conceitos espíritas na forma do Espiritismo para pobres, para ricos, para intelectuais, para incultos.” (2) Infelizmente, alguns se perdem nos labirintos das promoções de shows de elitismo nos chamados “Congressos”. Patrocinam eventos para espíritas endinheirados, e, sem qualquer inquietação espiritual, sem quaisquer escrúpulos, cobram altas taxas dos interessados, momento em que a idéia tão almejada de “unificação” se perde no tempo. Conhecemos Federativa que chega a desembolsar R$. 90.000,00 (noventa mil reais); isso mesmo! 90 mil, para promover evento destinado a 3, 4, 5.000 (cinco mil) pessoas. A pergunta que não quer calar é: será que o Espiritismo necessita desses eventos "grandiosos"? Cobrar taxa em eventos espíritas é incorrer nos mesmíssimos e seculares erros da Igreja, que, ainda, hoje, cobra todo tipo de serviço que presta à sociedade. É a elitização da cultura doutrinária.
    Sobre isso, Divaldo Franco elucida na Revista O Espírita, edição de 1992, o seguinte: “é lentamente que os vícios penetram nos organismos individuais e coletivos da sociedade. A cobrança desta e daquela natureza, repetindo velhos erros das religiões ortodoxas do passado, caracteriza-se ambição injustificável, induzindo-nos a erros que se podem agravar e de difícil erradicação futura. Temos responsabilidade com a Casa Espírita, deveres para com ela, para com o próximo e, entre esses deveres, o da divulgação ressalta como uma das mais belas expressões da caridade que podemos fazer ao Espiritismo, conforme conceitua Emmanuel, através da mediunidade abençoada de Chico Xavier. Nos eventos essencialmente espíritas, deveremos nós, os militantes na doutrina, assumir as responsabilidades, evitando criar constrangimentos naqueles que, de uma ou de outra maneira, necessitem de beneficiar-se para, em assimilando a doutrina, libertarem-se do jogo das paixões, encontrando a verdade. O dar de graça, conforme de graça nos chega, é determinação evangélica que não pode ser esquecida, e qualquer tentativa de elitização da cultura doutrinária, a detrimento da generalização do ensino a todas as criaturas, é um desvio intolerável em nosso comportamento espírita.” (3)
    As Federativas Espíritas devem envidar todos os esforços para que não haja a necessidade de qualquer cobrança de taxa de inscrição dos participantes de Congressos, exceto em casos extremos (o que não é desejável obviamente), procurando fazer frente aos custos do evento. Para esse mister devem buscar viabilizar, previamente, os recursos financeiros através de cotização espontânea de confrades bem aquinhoados. Realizar promoções, doutrinariamente, recomendáveis para angariar fundos. Os dirigentes devem preservar o Espiritismo contra os programas marginais, atraentes e, aparentemente, fraternistas, que nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos e siglas variadas.
    A Doutrina Espírita é o convite à liberdade de pensamento, tem movimento próprio, por isso, urge deixar fluir naturalmente, seguindo-lhe a direção que repousa, invariavelmente, nas mãos do Cristo. Chico Xavier já advertia, em 1977, que "É preciso fugir da tendência à ‘elitização’ no seio do movimento espírita (...) o Espiritismo veio para o povo. É indispensável que o estudemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximarmos (...). Se não nos precavermos, daqui a pouco, estaremos em nossas Casas Espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais (...).” (4)

    Não reprovamos os Congressos, Simpósios, Seminários, encontros necessários à divulgação e à troca de experiências, mas, a Doutrina Espírita não pode se trancar nas salas de convenções luxuosas, não se enclausurar nos anfiteatros acadêmicos e nem se escravizar a grupos fechados. À semelhança do Cristianismo, dos tempos apostólicos, o Espiritismo é dos Centros Espíritas simples, localizados nos morros, nas favelas, nos subúrbios, nas periferias e cidades satélites de Brasília; e não nos venham com a retórica vazia de que estamos propondo, neste artigo, alguma coisa que lembre um tipo de “elitismo às avessas”. Graças a Deus (!), há muitos Centros Espíritas bem dirigidos em vários municípios do País. Por causa desses Núcleos Espíritas e médiuns humildes, o Espiritismo haverá de se manter simples e coerente, no Brasil e, quiçá, no Mundo, conforme os Benfeitores do Senhor o entregaram a Allan Kardec. Assim, esperamos!

    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net/
    jorgehessen@gmail.com

    Fontes:
    (1) Cf. Entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977, e publicada no Livro intitulado Encontro no Tempo, org. Hércio M.C. Arantes, Editora IDE/SP/1979
    (2) Editorial da Revista O Espírita, ano 11 numero 57-jan/mar/90.
    (3) Revista O Espírita/DF, ano 1992- Página “Tribuna Espírita” –Divaldo Responde- pag. 16
    (4) Entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977, e publicada no Livro intitulado Encontro no Tempo, org. Hércio M.C. Arantes, Editora IDE/SP/1979.

    Leia mais: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/2010/03/industrializacao-de-eventos-espiritas.html#ixzz0ifSyC3NJ




    O ESPIRITISMO PRECISA VOLTAR À SUA ORIGEM - A SIMPLICIDADE

    A Doutrina Espírita, como princípio de uma Nova Ordem mundial, no campo dos projetos espirituais, é inexpugnável em qualquer quadrante do Orbe. Porém, lamentavelmente, o movimento Espírita é muito fracionado. Cada qual quer fazer um "espiritismo particular". Muitas lideranças doutrinárias complicam conteúdos que deveriam ser simples. Coincidentemente, o Cristianismo, durante os três primeiros séculos, era, absurdamente, diferente do Cristianismo oficializado pelo Estado Romano, no Século V. O brilho translúcido, nascido na Galiléia, aos poucos, foi esmaecendo, até culminar nas densas brumas medievais. O que observamos, no movimento Espírita atual, é a reedição da desfiguração do projeto inicial, de 1857. Os comprometidos com o princípio unificacionista brasileiro precisam manter cautela para não perderem o foco do Projeto Espírita Codificado por Allan Kardec, engendrando motivos à separatividade entre os adeptos da doutrina. Recordemos que a alma do Cristianismo puro estava estuante nas cidades de Nazaré, Jericó, Cafarnaum, Betsaida, dentre outras, e era diferente daquele Cristianismo das querelas e intrigas de Jerusalém.

    O Espiritismo está sendo invadido pelo joio, extremamente prejudicial à realidade que a doutrina encerra, uma vez que vários pretensos seguidores/dirigentes introduzem perigosos modismos à prática Espírita, com inócuas terapias desobsessivas e, como se não bastasse, por mera vaidade, ostentam a insana idéia de superioridade sobre Kardec, alegando que o Codificar está ultrapassado. Será crível que Kardec imaginou esse tipo de movimento Espírita? Ah! Que falta nos fazem os baluartes da simplicidade kardeciana, Bezerra, Eurípedes, Zilda Gama, Frederico Junior, Sayão, Bitencourt Sampaio, Guillon Ribeiro, Manoel Quintão!

    Estamos convencidos de que o Espiritismo sonhado por Kardec era o mesmo Espiritismo que Chico Xavier exemplificou por mais de setenta anos, ou seja, o Espiritismo do Centro Espírita simples, muitas vezes iluminado à luz de lampião; da visita aos necessitados, da distribuição do pão, da "sopa fraterna", da água fluidificada, do Evangelho no Lar. Sim! O grande desafio da Terceira Revelação deve ser o crescimento, sem perder a simplicidade que a caracteriza como revelação.

    O evangelho é a frondosa árvore fornecedora dos frutos do amor. Urge entronizar a força da mensagem de Jesus, sem receio dos "kardequiólogos de plantão", os chamados "intelectuais" de nossas fileiras, sem medo das críticas dos espíritas de "gabinete", dos patrulheiros ideológicos que pretendem assumir ou assenhorear as rédeas do movimento Espírita na Pátria do Cruzeiro do Sul.

    O movimento Espírita não deveria se organizar à maneira dos movimentos sociais de hoje, sob pena de incentivar hierarquização com recaídas na pretensão vaticanista de infalibilidade. O que os Espíritas precisam é atentar, com mais critério, para os fundamentos doutrinários que nos impele à íntima reforma moral. Nessa tarefa, individual, intransferível e impostergável, está a nossa melhor e obrigatória colaboração para com o avanço moral do Planeta em que vivemos, pois, moralizando-se cada unidade, moraliza-se o conjunto.

    Um grande exemplo de espírita anti-burocrático foi Chico Xavier, considerado ultrapassado por muitos pretensos cientificistas ressurgidos das cinzas, do Século XIX, que tiveram, em Torterolli, a enfadonha liderança. Atualmente, jactam-se quais pretensos inovadores, porém, não conseguem acrescentar, sequer, uma palavra nova à Codificação. É urgente, pois, que preservemos o Espiritismo tal qual nos entregaram os Mensageiros do amor, bebendo-lhe a água pura, sem macular-lhe a cristalina fonte. A maior frustração do "Convertido de Damasco" se deu, exatamente, no Aerópago de Atenas, quando os intelectóides, de então, o dispensaram, alegando que haveriam de ouvi-lo em outra oportunidade.

    O Espiritismo desejável é aquele das origens, o que nos faz lembrar Jesus, ou seja, o Espiritismo Consolador prometido, o Espiritismo em sua feição pura e simples, o Espiritismo do povo (que hoje não pode pagar taxas e ingressar nos pomposos Congressos que só aguça vaidades), o Espiritismo dos velhos, o Espiritismo das crianças, o Espiritismo da natureza, o Espiritismo "céu aberto". Que tal?

    A rigor, a Doutrina Espírita é o convite à liberdade de pensamento, tem movimento próprio, por isso, urge deixar fluir naturalmente, seguindo-lhe a direção que repousa, invariavelmente, nas mãos do Cristo. Chico Xavier já advertia, em 1977, que "É preciso fugir da tendência à 'elitização' no seio do movimento espírita (...) o Espiritismo veio para o povo. É indispensável que o estudemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximarmos (...). Se não nos precavermos, daqui a pouco, estaremos em nossas Casas Espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais (...)." (1)

    Louvemos os congressos, simpósios, seminários, encontros necessários à divulgação e à troca de experiências, mas nunca nos esqueçamos de que a Doutrina Espírita não se tranca nos salões luxuosos, não se enclausura nos anfiteatros acadêmicos e nem se escraviza a grupos fechados. À semelhança do Cristianismo dos tempos apostólicos, o Espiritismo é dos Centros Espíritas simples, localizados nos morros, nas favelas, nos subúrbios e não nos venham com a retórica vazia de que estamos propondo o "elitismo às avessas"!

    Graças a Deus (!), há muitos Centros Espíritas bem dirigidos em vários municípios do País. Graças a esses Espíritas e médiuns humildes, o Espiritismo haverá de se manter simples e coerente, no Brasil e, quiçá, no Mundo, conforme os Benfeitores do Senhor o entregaram a Allan Kardec.

    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net
    Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com

    FONTES:
    (1) Entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977, e publicada no Livro intitulado Encontro no Tempo, org. Hércio M.C. Arantes, Editora IDE/SP/1979.




    CONSIDERAÇÕES SOBRE COBRANÇA DE TAXAS EM EVENTOS ESPÍRITAS(*)

    No mês de fevereiro de 1994, o Conselho Federativo Estadual da Federação Espírita do Paraná esteve reunido em Curitiba. Na ocasião, dentre os variados assuntos tratados, veio à baila a questão da cobrança de taxa de inscrição em eventos espíritas, prática que vai se tornando comum no Brasil. O Conselho paranaense, então, após catalogar os tipos de promoções doutrinárias mais comuns no Estado, quais sejam, segundo seu entendimento: conferências, seminários e encontros de estudo, considerou que há situações em que determinada promoção pede uma infra-estrutura diferenciada para acolher os participantes, como, por exemplo, estadia, alimentação, apostilas, aluguéis de recintos, o que, por conseguinte, amplia as exigências, inclusive financeiras.
    Diante disso, entendeu por bem o colegiado em delinear a seguinte normativa, que deverá funcionar como regra aos órgãos integrantes do sistema federativo (FEP, seus departamentos e as Uniões Regionais Espíritas), e como sugestão de procedimentos aos Centros Espíritas:
    1. Patrocinar, apoiar ou promover eventos fundamentalmente espíritas.

    2. Os órgãos ou entidades promotoras do evento devem envidar todos os esforços para que não haja a necessidade de eventual cobrança de taxa de inscrição dos participantes, procurando fazer frente aos custos do evento, notadamente para com aqueles que digam respeito diretamente com a parte doutrinária, propriamente dita. Para tanto, planejar a sua realização na data e no intervalo de tempo certo, dentro das reais necessidades do Movimento Espírita local, desconsiderando as pretensões de realizações sem objetivos bem definidos de difusão ou intempestivas. Estruturar o programa primando pela simplicidade, minimizando os custos, sem perder de vista a sua qualidade, dando-lhe local (cidade e auditório), carga horária e infra-estrutura adequada, porém, somente de acordo com o essencial. Buscar viabilizar previamente os recursos financeiros através de cotização espontânea de confrades. Em não sendo suficiente, e para não onerar demasiadamente alguns poucos, realizar promoções doutrinariamente recomendáveis para angariar fundos, com a participação, preliminarmente, da comunidade espírita, e depois, em ainda persistindo a necessidade, da comunidade não-espírita.

    3. Quando o evento pretendido efetivamente exija uma infra-estrutura, sem a qual esse fique impraticável, e, por conseguinte, as disponibilidades para cobertura do seu custo essencial ainda apresentem-se insuficientes, mesmo após praticado todo disposto no item anterior, somente aí, então, lançar mão da fixação de valor a ser cobrado a título de inscrição, tendo como parâmetro máximo a verba faltante, tão-somente, e dando a possibilidade de opção por parte daqueles que desejem ou não usufruir de determinados itens da infra-estrutura, como refeição e alojamento, por exemplo, e jamais fazer dela um instrumento impeditivo de, quem quer que seja, participar do evento doutrinário, propriamente entendido (a palestra, o seminário, etc.).

    4. Trabalhar o entendimento dos confrades anfitriões de que, em nome da fraternidade cristã, devem propiciar a hospedagem domiciliar dos participantes do evento, dentro das suas possibilidades, especialmente dos que exijam atendimento diferenciado, tais como acompanhados com filhos pequenos; aqueles em idade mais avançada e/ou com dificuldades de saúde, sob dietas alimentares ou medicamentosas especiais; as senhoras grávidas; os que se pressupõem passarem por dificuldades financeiras, etc.

    5. Em se tratando de órgão federativo, não promover evento doutrinário com renda em favor de uma determinada instituição social, primeiro porque tal tipo de evento não deve se prestar a isto e, segundo, lembrar que todas as demais organizações também fazem parte do Movimento Espírita e a Federação não pode agir discricionariamente, já que são todas merecedoras por igual. Promover, se assim entendido por bem, eventos próprios para tal fim, de iniciativa e responsabilidade da Instituição, desde que doutrinariamente embasados. Considerar que os fins não justificam os meios.

    Clareando ainda mais o documento, deve-se entender, para os fins que ele se propõe:

    * Patrocínio: Custeio de um evento para fins de divulgação doutrinária.
    * Apoio: Auxílio financeiro e/ou de outra natureza para determinado evento doutrinário.
    * Promoção: Propaganda direta ou indireta de eventos doutrinários.

    Com tais medidas, sem a pretensão de se ter esgotado o assunto, a Federação Espírita do Paraná espera que a divulgação doutrinária se dê cada vez em maior profusão, sempre em lídimas bases, das quais, as ações administrativas também fazem parte.




    OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS

    Existe o conceito equivocado de que os fins justificam os meios, principalmente no que diz respeito à captação de recursos financeiros para manterem-se as várias atividades das Instituições Espíritas.

    Com base nesse ponto de vista, centros, grupos ou órgãos espíritas têm lançado mão dos mais variados expedientes para conseguir uma receita financeira que atenda suas necessidades.

    Enquanto muitos procedem com bom senso e equilíbrio, estruturando tarefas de acordo com as possibilidades do Centro Espírita, sabendo que os vizinhos e o público em geral não têm compromisso assumido com as nossas tarefas de benemerência, razão pela qual entendem que a manutenção destas diz respeito à própria Instituição, outros, no entanto, extrapolam todo e qualquer limite de senso crítico, contrariando até preceitos legais, como o caso de rifas, bingos, tômbolas e similares; ou, vencido algum empecilho legal, resta o desaconselhamento moral dessas práticas.

    Também há aqueles que acabam transformando os recintos das Instituições num verdadeiro mercado, com ininterrupto apelo de comercialização de variados produtos.

    Outros, ainda, mais "criativos", não titubeiam em apelar ao público em geral, promovendo, não a sã alegria, mas: Semana da Cerveja, Carnaval da Fraternidade, etc. Tudo em nome do Espiritismo e em "prol" do Movimento Espírita.

    Torna-se imperioso insistir no mesmo ponto: a finalidade do Movimento Espírita. Movimento Espírita é o resultado do labor dos homens e Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos dirigida aos homens. Logo, o Movimento Espírita deve estar para a divulgação da Doutrina Espírita, como a Codificação está para Allan Kardec. Ou seja, a finalidade precípua é difundir a mensagem espírita, laborando com base na Codificação e segundo os seus princípios.

    Tanto é assim que, em nossas organizações, estatutariamente está disciplinado que o objetivo da Instituição é "estudo e prática da Doutrina Espírita, organizada por Allan Kardec."

    Sem estudo não haverá prática condizente. Para que o adepto do Espiritismo se integre realmente no espírito da Doutrina, exige-se-lhe aprofundamento intelectual e comportamento moral e social adequados.

    Urge estudar a Codificação Espírita, comentá-la, difundi-la e vivenciá-la.

    Assim, é necessário critério, zelo e vigilância, para não se proceder equivocadamente.

    Djalma Montenegro de Farias, Espírito, bem sintetiza a questão: "O dinheiro que tanto faz falta para a materialização da Caridade, em nosso meio, representa algo, mas não é tudo, porque, se verdadeiramente fosse essencial, as Instituições que guardam importâncias vultosas nas Casas Bancárias dos principais países do mundo, estariam realizando prática abençoada do Evangelho pregado pelo Itinerante Galileu.

    Cuidemos zelosamente da propaganda do Espiritismo, vivendo os postulados da fé, honrando o Templo Espírita e iluminando as almas que o buscam esfaimadas de pão espiritual, para não incidirmos no velho erro de que os objetivos nobres de socorro justificam os meios pouco elevados que têm sido utilizados".

    Por isso, honrar o Espiritismo, consoante o mesmo autor espiritual "é preservá-lo contra os programas marginais, atraentes e aparentemente fraternistas, mas que nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos e siglas variadas".

    (* )ANEXOS 02 E 03 CONTIDO NAS DIRETRIZES DOUTRINÁRIAS DA FEDERAÇÃO ESPIRITA DO PARANÁ, Publicado na íntegra no item 48/2009 do site http://jorgehessen.net

    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net
    Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com

    Leia mais: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/2009/09/taxas-em-eventos-espiritas-ou-alfandega.html#ixzz0ifSnAI7o






    HOMENAGENS AO CENTENÁRIO CHICO XAVIER - UMA NECESSÁRIA REFLEXÃO



    Chico deve estar tomado pela indignação, no além-túmulo, em face das festividades que estão sendo planejadas para homenageá-lo. Há programação para uma monumental celebração pelo seu centenário, em 2010. Em Brasília, será cobrado, por "pessoa", R$ 120,00 (cento e vinte reais), no mínimo, para a realização de um Congresso. Em Pedro Leopoldo, pretendem erigir um hiper complexo, com grandes pavilhões, construir museus, departamentos diversos, fontes luminosas, cristalinas passarelas de acrílico com a mais alta tecnologia em luzes, laser e neon. Tudo isso, com dinheiro da venda de livros, doações e dinheiro público, cobrando-se ingresso das pessoas nos eventos espíritas, infelizmente!... Em Uberaba, além dos monumentos, dos bustos, dos museus, nas praças e avenidas haverá shows, congressos, festivais, lançamentos... festa.
    Chico sempre foi avesso a essas manifestações, e sempre esteve longe dessa idolatria. Dos mais de quatrocentos livros psicografados, todos foram doados, sem quaisquer ônus, para que as editoras e fundações pudessem disseminar a palavra dos mensageiros. Porém, vender livros, atualmente, é um ramo altamente lucrativo, que, infelizmente, tem financiado construções faraônicas, tem custeado viagens e caravanas de doutrinação, e visitas ao exterior, sempre com hospedagens nos mais luxuosos hotéis, é óbvio!!!.
    Em Belo Horizonte, estão construindo, ao lado de uma favela, a "Casa de Chico", uma gigantesca e moderna edificação, um verdadeiro palácio arquitetônico, no que serão gastos milhões e milhões de reais, arrecadados da venda exorbitante das obras doadas, um golpe mortal à doutrina do Consolador!
    Para homenagear Chico Xavier, deveríamos nos empenhar em minorar o sofrimento dos desvalidos. Ao invés de gastarmos essa dinheirama toda com tamanha soberba, deveríamos aplicá-la em hospitais que estivessem necessitando de mais recursos, em asilos, orfanatos, escolas profissionalizantes, e/ou em inúmeras formas de se exercer a caridade.
    A cobrança de taxas para ingresso nos eventos espíritas, sejam eles realizados em qualquer lugar do mundo, é algo absolutamente trágico. Os eventos modestos e produtivos sempre são subestimados e substituídos por congressos, simpósios ou conferências retumbantes, pelo patético prazer de ostentar. Na falta de argumentos que justifiquem o alto preço fixado, são exaltados os títulos e "status" dos ilustres convidados, numa inaceitável elitização da mensagem espírita, que deve ser, por excelência, simples.
    Não desconhecemos que todas e quaisquer promoções têm seu custo, sobretudo financeiro. Por isso, os organizadores desses eventos devem, antecipadamente, envidar todos os esforços, no sentido de estudar a viabilidade de eles serem realizados, sem que haja a necessidade de se cobrar taxas para o ingresso dos interessados. Ora, para suportar despesas, é necessário reduzir custos, obviamente, e, em face disso, exige-se um planejamento minucioso, não somente dos gastos, mas quanto ao programa a ser apresentado, à data que dará início ao evento e à sua periodização, com vistas às legítimas necessidades do Movimento Espírita brasileiro, lembrando que o evento deve primar pela simplicidade, sem desconsiderar a sua qualidade, adequando sua logística de acordo com o essencial, e nada mais que isso.
    Para esse desiderato, importa captar os recursos com boa antecedência, sobretudo, através do rateio espontâneo entre os companheiros interessados na empreitada. Nada impede que realizem promoções, doutrinariamente corretas, para angariar fundos financeiros, com a participação das instituições espíritas bem dirigidas. Contudo, em nome da difusão doutrinária, algumas instituições tangem nos perigosos jogos da vaidade, realizando congressos, cujos elencos reforçam o palco do estrelismo.
    Por oportuno, destacamos aqui o editorial do Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, de Junho de 2002, que alerta: "Impensável (...) se é que há, o caso daquela Instituição que queira promover eventos doutrinários pagos, visando fazer caixa para sustento de suas atividades gerais. Essa também estará muito distante dos parâmetros efetivamente espíritas."(1) Nesses Congressos pagos, objetivando a divulgação do Espiritismo, seus coordenadores sempre justificam tal cobrança, alegando que têm necessidade de recursos materiais e financeiros, sem os quais não atingiriam seus propósitos , aliás, objetivos muito ao gosto da fina flor social.
    É claro que não podemos nos esquecer de que, se temos liberdade para pensar e agir, desta ou daquela maneira, há mister de nos mantermos fiéis aos ensinos dos Espíritos. A propósito, recorremos a André Luiz, em "Conduta Espírita", que nos recomenda "não angariar donativos em nossas instituições, para não sermos tomados à conta de PAGAMENTOS POR BENEFÍCIOS".(2) (grifamos) É óbvio que os eventos espíritas têm despesas a serem pagas, mas podemos promover a sua materialização pelas inúmeras alternativas de colaboração espontânea dos profitentes na sua execução. Somos a favor de quem possa contribuir para cobrir os custos com alimentação, material gráfico, hospedagem e outras despesas necessárias ao evento. Que fique bem claro o seguinte: quem não tiver condições financeiras para colaborar, que possa, igualmente, participar do evento.
    O que não podemos, e nem devemos fazer, é cobrar por aquilo que oferecemos em nome do Espiritismo. Por isso, recorremos, mais uma vez, a André Luiz, em "Conduta Espírita", onde ele diz: "QUEM SABE SUPORTAR AS PRÓPRIAS RESPONSABILIDADES, DÁ TESTEMUNHO DE FÉ"! (grifamos)
    Recordamos um editorial da revista "O Espírita", de jan/mar-93: "A FÉ COMEÇA NOS LÁBIOS, OBRIGATORIAMENTE PASSA PELO BOLSO, PARA SE INSTALAR NO CORAÇÃO". (3)
    Será que os consagrados líderes e divulgadores espíritas, que percorrem o País, sabem desses festivais de Congressos pagos? Se têm consciência, e nada fazem, são omissos e a omissão é falta grave ante as Leis de Deus. Sendo verdadeira a última hipótese, transparece o resultado natural das confusas lideranças doutrinárias, salvo raras exceções, que a despeito de terem um bom patrimônio teórico, falta-lhes o que sobrava em Chico Xavier: modéstia.
    É por essas e outras que muitos eventos "grandiosos" remetem médiuns, escritores e oradores, em número expressivo, ligados à tarefa de divulgação, a se perderem, "sutilmente", no exibicionismo, no estrelismo e na tosca vaidade, quando deveriam experimentar a humildade e o esquecimento de si mesmos , para ensinarem, com segurança, a todos os que neles buscam lições.
    Chico deve estar tomado pela indignação, no além-túmulo, e com razão.

    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net
    FONTES:
    (1) Editorial do Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, publicado em Junho de 2002
    (2) Vieira ,Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2001
    (3) Editorial da revista "O Espírita" de Brasília edição de jan/mar-93

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