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  • segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

    “SEM A RELIGIÃO, ORIENTANDO A INTELIGÊNCIA, CAIRÍAMOS, TODOS, NAS TREVAS DA IRRESPONSABILIDADE”



    O Cristianismo entrou em um mundo no qual nenhuma religião, até então, havia penetrado com tanta força. Nesses dois mil anos de dominação cristã, no ocidente, vimos “uma fé caolha”, aliás, uma fé ser diluída, corrompida, deformada e metamorfoseada em outra coisa que não seja negar a essência original: o Cristo. Foram dois mil anos de busca desenfreada de poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em benefício próprio, sempre, aliando-se ao que haveria de vencer.
    Recebi algumas vezes por email determinada mensagem supostamente “científica” sobre o crescimento da população muçulmana no mundo. O fato me remeteu a Emmanuel, que lembra sobre os numerosos Espíritos que reencarnam com as mais altas delegações do plano invisível. Entre esses missionários, veio aquele que se chamou Maomet. Se é verdade que ele não resistiu ao assédio dos Espíritos da Sombra, traindo nobres obrigações espirituais com as suas fraquezas, muitos outros líderes cristãos se desviaram da senda do bem. Em que pese o aroma cristão que se exala de muitas das lições do pai do Islamismo, há também um espírito belicoso, de violência e de imposição. “Junto da doutrina fatalista encerrada no Alcorão, existe a doutrina da responsabilidade individual, divisando-se através de tudo isso uma imaginação superexcitada pelas forças do bem e do mal, num cérebro transviado do seu verdadeiro caminho.”(1) Por essa razão, “o Islamismo, que poderia representar um grande movimento de restauração do ensino de Jesus, corrigindo os desvios [do Cristianismo da época], assinalou mais uma vitória das Trevas contra a Luz.” (2)
    Para os teóricos (protestantes) alarmistas, em poucos anos, sob o ponto de vista social, político, econômico e cultural, a Europa, como a conhecemos hoje, deixará de existir por causa da imigração islâmica. Nas últimas três décadas, a população muçulmana, só na Inglaterra, por exemplo, multiplico-se em 30 vezes. No Novo Mundo, entre 2001 e 2006, a população do Canadá aumentou em 1.6 milhão, e desse total, 1.2 milhão foi em virtude de imigração muçulmana. Nos EUA, em 1970 havia 100 mil muçulmanos; hoje há 9 milhões.
    Em verdade, difunde-se uma tese reducionista do tipo “caça às bruxas” de que  onde os muçulmanos têm o poder, não há liberdade de pensamento e expressão. Contudo, não se pode esquecer que a história demonstra como eram as coisas quando o cristianismo (catolicismo) tinha as rédeas políticas do mundo. A cultura ocidental, patrocinada pelo capital norte-americano, reforça, ainda, a dicotomia entre Oriente e Ocidente; engendra representações monolíticas do Islamismo, enquadrando num só molde a questão Árabe. E à espreita, por trás de todas essas teses absurdas, está a ameaça do jihad, temor de que os muçulmanos tomem conta do mundo.
    O fanatismo é a intolerância extrema para com os diferentes. Um evangélico fanático é incapaz de diálogo e respeito para com um católico ou um budista e vice-versa. São tão fanáticos os terroristas-suicidas muçulmanos quanto os fundamentalistas cristãos norte-americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin, obrigando os professores a ensinarem a doutrina criacionista tal como está na Bíblia, ou ainda, os protestantes da Irlanda do Norte que atacavam crianças católicas.
    Temos a convicção de que, por trás dos novos fanatismos religiosos – católicos, evangélicos, espíritas, muçulmanos etc – é o pendor místico do religioso que leva a uma cristalização da fé, desembocando numa falsa doutrina das virtudes.  Muitos religiosos se enfrentam ferozmente. São os judeus e palestinos que se matam; são os seguidores de Buda e hinduistas que se mantêm em luta milenar; são pseudocristãos que se aniquilam em guerras absurdas, como se o Velho e o Novo Testamento, o Bhagavad Gita e o Alcorão fossem manuais de guerra, e não roteiro de iluminação espiritual.
    Do mesmo segmento de “cristãos” que condenam a proliferação do Islamismo, estamos assistindo ao surgimento de uma máquina pseudorreligiosa. Máquina como nunca fora criada antes. Máquina de comunicação, de manipulação do “sagrado”, de venda de favores divinos (“milagres”), de hipnotização das pessoas ao poder e máquina que transforma a população, sem instrução, em um “rebanho de alienados”.
    Atualmente há uma vil industrialização da mensagem do Cristo. Certa vez, Sigmund Freud colocou na berlinda antigos e violentos conceitos CRISTÃOS e “afirmou ser o Cristianismo um movimento inútil, um infantilismo das massas.”.(3)  O Cristianismo, sem Cristo, tem exercido controle sobre a massa, aplicando impostos através dos dízimos, controle das mentes fanáticas, promovendo o medo pelas punições eternas e temporais; controle sobre a devoção, manipulando esses sentimentos, transformando-os em cega “obediência” e temor a Deus.
    Todos os espíritas precisamos palmilhar a fé racional, a fim de compreender melhor o Evangelho. “Reconhecemos, também, que não é a destruição inapelável dos símbolos religiosos aquilo de que mais necessitamos para fomentar a harmonia e a segurança entre as criaturas, mas sim a nova interpretação deles, até porque, “sem a religião, orientando a inteligência, cairíamos, todos, nas trevas da irresponsabilidade, com o esforço de milênios, volvendo, talvez, à estaca zero, do ponto de vista da organização material da vida do Planeta.”.(4)
    Jorge Hessen


    Referências Bibliográficas:

    (1)           Xavier, Francisco Cândido. A caminho da luz, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
    (2)           Idem
    (3)           Freud Sigmund. O Futuro de uma Ilusão, Rio de Janeiro: Editora Imago, 1997  
    (4)           Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em Uberaba/MG, na tarde de 18/08/71, para a reportagem da revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, publicada na edição de 1/09/71

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