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  • quarta-feira, 9 de março de 2011

    COM JESUS E KARDEC DEVEMOS FUGIR DAS DIVERGÊNCIAS EXTEMPORÂNEAS


    Os espíritas estudiosos, sensatos, coerentes e cautelosos não se abalam espiritualmente com o fato de existirem divergências interpretativas da Doutrina dos Espíritos nas hostes do movimento doutrinário atual, especialmente no Brasil. Óbvio! O ideal seria que os estudiosos das obras da Codificação evitassem discussões estéreis em torno de teorias e práticas estranhas ao projeto primordial.
    Kardec recomenda a busca da UNIDADE visando consolidar as lições acerca dos postulados essenciais. Que todos pensemos e consubstanciemos exatamente igual à programação dos Mentores do além, eles que no século XIX traçaram os roteiros da Nova Revelação nas estradas humanas. Todavia, infelizmente, é com pesar que afirmamos não conseguir vislumbrar a possibilidade de uma instância superior, transcendente, capaz de amenizar  as atuais divergências e propor a derradeira palavra em cada conflito interpretativo.
    Certo é que os responsáveis espirituais do além têm se esforçado para que o movimento espírita seja o menos heterogêneo possível. Destarte é natural a ideia da unificação (isso não é utopia), sempre buscada, mas lamentavelmente dificilmente atingível, pois que cada um quer fazer um Espiritismo particular, à moda do centro espírita que dirige ou frequenta etc.
    A Unificação que poderia denominar-se UNIÃO tem esbarrado na diversidade cultural e intelectual compreensível e natural entre grupos e pessoas, ainda mesmo que convictas dos conceitos comuns relativos aos princípios básicos, a saber: Deus, imortalidade, comunicabilidade, reencarnação, pluralidade de mundos habitados. Inobstante sabermos que a adoção de convicções a respeito desses temas essenciais não elimina a característica de liberdade de pensamento humano, não se pode em nome de tal “liberdade” de expressão e pensamento, entronizarem-se interpretações muitas vezes completamente inversas das propostas pelos Espíritos. Aí está a matriz das artimanhas dos gênios das trevas. Não será com a estimulação de novas buscas (enxertos doutrinários) e múltiplas interpretações sobre os mais diferentes degraus do pensamento, nos vastos círculos de compreensão sobre Deus, o universo , mediunidade, obsessão e, especialmente, terapias desobsessivas que fortaleceremos a programação do Espiritismo para os homens.
    Na verdade, quanto mais alguns adentram no mundículo acadêmico, vagueando pelas filosofias humanas, que basicamente propõem joguinhos de palavras e ideias girando em torno de raciocínios subjetivos, chegando SEMPRE ao mesmo lugar sem explicar NADA de coerente e lógico, mais críticos e/ou cépticos alguns vão se tornando. Tais intelectuais mais dificilmente assumem como factíveis as interpretações dos conceitos que são cristalinas nas obras sérias. Dizemos isso em relação aos livros consagrados, que as pesquisas e os estudos só tendem a confirmar. Em torno dos estudos mal orientados surgem opiniões díspares que são assimiladas de acordo com esses mesmos postulados, transmitidas pelos livros consagrados pela Codificação Kardeciana.
    Todo e qualquer conhecimento impõe uma viagem íntima do sujeito cognoscente pelo objeto a ser desvendado. Obviamente, nesse processo não é fácil dispensar a experiência pessoal que confere a cada um variados matizes de percepção a respeito de conceitos, fatos e fenômenos em cuja existência fundamental há consensos gerais. Desta forma, as várias interpretações podem em alguns instantes ser saudáveis se não fugirmos das advertências dos seres espirituais que foram autorizados pelo Cristo para nos ajudar a raciocinar sem divagar ideias em torno do próprio umbigo.
    Do exposto, a sensatez doutrinária nos induz a afirmar que na medida em que o estudo do Espiritismo nos une no essencial, estimulando o fortalecimento do laço que nos prende uns aos outros, ele também instaura a liberdade do pensamento cristão, ensejando o debate harmônico, livre e democrático, sabendo que se o Espiritismo não propõe desvendar a verdade absoluta em face do estágio moral em que nos encontramos, os Espíritos nos trouxeram uma parcela gigantesca da verdade, que infelizmente os pretensos progressistas “libertários” tentam fracionar.
    O Espiritismo está sendo invadido pelo joio, extremamente prejudicial à realidade que a doutrina encerra, uma vez que vários intelectuais “libertários”, pretensos seguidores/dirigentes, introduzem perigosos modismos à prática Espírita, a exemplo das inócuas terapias desobsessivas e, como se não bastasse, por mera vaidade, ostentam a insana ideia de superioridade sobre Kardec, alegando que o Codificar está ultrapassado.
    Será crível que Kardec tenha imaginado esse tipo de movimento Espírita?
    Ah, que falta nos fazem os baluartes da simplicidade kardeciana, Bezerra, Eurípedes, Zilda Gama, Frederico Junior, Sayão, Bitencourt Sampaio, Guillon Ribeiro, Manoel Quintão!
    Estamos convencidos de que o Espiritismo sonhado por Kardec era o mesmo Espiritismo que Chico Xavier exemplificou por mais de setenta anos, ou seja, o Espiritismo do Centro Espírita simples, muitas vezes iluminado à luz de lampião; da visita aos necessitados, da distribuição do pão, da "sopa fraterna", da água fluidificada, do Evangelho no Lar.
    Sim! O grande desafio da Terceira Revelação deve ser o crescimento, sem perder a simplicidade que a caracteriza como revelação.

    Jorge Hessen
    jorgehessen.net

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