É inquietante o aparecimento de facções, seitas e cultos que se multiplicam mundo afora pressagiando flagelos sob o impacto de neurotizante expectativa irrequieta de uma "nova era". Além disso, o argumento do fim dos tempos é uma peculiaridade de alguns médiuns distraídos, que propagam catástrofes naturais como se fossem a ira de Deus.
Há nessas ocasiões pessoas maníacas que abandonam emprego e família, à espera do "grande final" e alguns criam seitas delirantes. Só na França "há cerca de 200 seitas, com 300 mil adeptos". No Japão, inquietos "gurus" vaticinam o final do mundo (2). Nos Estados Unidos, pasmem! 55 milhões de americanos creem que falta pouco para o "mundo acabar".
Nessas cruciais ocasiões de transição planetária, notemos que o advento do mundo de regeneração não se dará nem se finalizará em precário período. É aventureiro datar, precisar, fixar uma estação em que tal processo será complementado. Não se pode esquecer que “os distúrbios parciais do globo ocorrem em todas as épocas, e se produzem ainda, porque se ligam à sua constituição, mas esses não são os sinais dos tempos.” (3)
É inegável que atravessamos um pique elevado de duras provações. De 2007 até 2011 ocorreram comoções colossais na crosta terrestre. Foram terremotos, tornados, ondas gigantes na Ásia (tsunamis), os fenômenos La niña e El niño, ciclones extratropicais, recordes de tempestades, enchentes (nunca se viu tanta chuva), aquecimento global, frio descomunal. “A Fome é outra tragédia que já abarca 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas em todo o planeta” (4). A exploração da energia nuclear ainda não é assunto do total controle humano. O desmatamento insano, a poluição do ar, o vigor da expansão do tráfico e consumo de drogas, a banalização do comportamento sexual, estimulado pela revista, jornal, televisão, cinema, teatro, videocassete, TV a cabo, computador etc, que escapam à racionalidade do homem.
Há igualmente nesse contexto um preocupante vaticínio sobre a drástica redução da reserva de água potável para daqui a quatro décadas na Terra. Acerca disso, sabemos que algumas potências econômicas querem internacionalizar a Amazônia, por uma simples razão: cerca de 35% de precipitação de chuva no Planeta ocorre naquela área, levando a região a possuir a maior reserva hídrica terrestre. A propósito, sabemos que muitos especialistas preveem conflitos mundiais, tendo como causa a corrida pela posse e controle do líquido vital.
Paradoxalmente, pregamos a paz produzindo os canhões assassinos; cobiçamos resolver os problemas sociais ativando a edificação dos presídios e bordéis. "Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória e sem-fim”. (5) A atual situação de violência, maldade, injustiça, opressão dos poderosos sobre os fracos, tanto em nível de pessoas, como instituições e países, certamente terá que ceder lugar a uma nova era de paz, harmonia, fraternidade e solidariedade.
"Época de lutas amargas, desde os primeiros anos do século XX, a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que somente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre.” (6). O século recentemente findo foi, sem dúvida, o século mais sangrento de todos. Já ocorreram após a Segunda Guerra Mundial 160 conflitos bélicos, com 40 milhões de mortos. Se contabilizarmos desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e 187 milhões de mortos, aproximadamente.
É notória a eficácia avassalante do avanço científico. Os ensaios da genética, das clonagens, das células-tronco, da cibernética, das conquistas espaciais, do império dos raios lasers, das fibras óticas, dos supercondutores, dos microchips, da nanotecnologia. Nunca tivemos tanta capacidade de proporcionar bem estar, casa, educação e alimento a todos, embora nunca tenhamos tido tantos desabrigados, famintos e, principalmente, carentes de educação. Amargamos os contrastes da hegemonia tecnológica, ao mesmo tempo em somos abatidos diante da falta de comida, da dengue hemorrágica, da febre amarela, da tuberculose, da AIDS e de todos os tipos de entorpecentes.
Os Benfeitores lembram que o “ocaso não demora e, sob a saliência de suas sombras espessas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia sem fim constituirá o fulgor imortal da aurora futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.” (7). Para amenizar a “noite que não tarda”, recordemos o que o Mestre ensinou: “Então, perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? - Quando foi que te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? - E quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos visitar-te? - O Rei lhes responderá: Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.”(8)
Nas próximas reencarnações, se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água potável, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável, precisaremos atuar imediatamente, sem perda de tempo. Apesar dos pesares, não faltam as vozes otimistas que apregoam um porvir renovado sob a luz de uma nova era. É verdade! Paralelamente a todo esse caos, jamais se viu, em todos os tempos, tantas pessoas boas e pacíficas se mobilizarem em prol de programas assistenciais aos irmãos menos afortunados, trabalhando voluntariamente por um mundo melhor e mais justo, e com total desprendimento e espírito cristão.
Para descontentamento dos arautos do “quanto pior, melhor!”, felizmente, tudo está se transformando em passo acelerado atualmente, trazendo mais conforto e melhor qualidade de vida ao habitante da Terra. A dor física está, relativamente, sob controle; a longevidade ampliada; a automação da vida material está cada vez maior, em face da tecnologia fascinante, especialmente na área da comunicação e informática.
O Mestre advertiu: “Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz: no mundo, tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”(9). Cremos que ser espírita é constituir-se em núcleo de ação edificante através do qual principia a Nova Era.
“Fala-se no mundo de hoje, qual se o mundo estivesse reduzido à casa em ruínas. O espírita é chamado à função da viga robusta, suscetível de mostrar que nem tudo se perdeu. Há quem diga que a Humanidade jaz em processo de desagregação. O espírita é convidado a guardar-se por célula sadia, capaz de abrir caminho à recuperação do organismo social. O espírita, onde surja a destruição, converte-se em apelo ao refazimento; onde estoure a indisciplina, faz-se esteio da ordem e, onde lavre o pessimismo, ergue-se, de imediato, por mensagem de esperança.” (10).
Em face do exposto, por mais difícil que seja o processo de seleção final dos valores morais da sociedade, não podemos olvidar jamais que Jesus é o Senhor da Vida. Os Seus mandamentos não passaram e jamais passarão. Nessa esperança, compreendamos que em Suas mãos assentam-se os destinos da Terra.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
http://jorgehessen.net
Referências
bibliográficas:
(1) Kardec, Allan. Revista Espírita, junho de
1869
(2) Revista, "Isto É", de 4
de agosto de 1999
(3) Kardec, Allan. R.E. abril/1866 – “Regeneração da Humanidade”
(Paris, resumo das comunicações dadas pelos srs. M... e T... em sonambulismo.)
(4) Publicado
no Jornal Correio Braziliense edição de 17 de setembro de 2009
(5) Xavier,
Francisco Cândido. O Consolador, Ditada pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB,
2001, perg 199.
(6) Xavier, Francisco Cândido. A
Caminho da Luz, RJ: Ed FEB 1987.
(7) Xavier,
Francisco Cândido A Caminho da Luz– ditado pelo espírito Emmanuel, 22ª edição
História da Civilização à Luz do Espiritismo (Psicografado no período de 17 de
agosto a 21 de setembro de 1938) RJ: Ed FEB 2001
(8) Mateus,
25:37 a 40
(9) JESUS JOÃO, 16:33
(10) Xavier. Francisco Cândido. Livro da esperança, ditado
pelo Espírito Emmanuel, Uberaba/MG: Ed CEC, 1964