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Ainda muito jovem fui convidado para “receber” um “passezinho” no centro espírita. Após ouvir a palestra, adentramos na sala de passes, postamo-nos diante do passista e, de modo repentino, o passista deu início a estrondosos e arrepiantes “ARROTOS” na sala. Procuramos consultar o que estava ocorrendo e fomos informados, pasmem! Que o ARROTO era um tratamento de “dispersão” fluídica concentrada no ambiente. Naquela época não professava o Espiritismo, e obviamente fiquei muito indignado.
Os anos advieram, estudei as obras de Allan Kardec, adotei a proposta da Doutrina dos Espíritos como ideal de vida; contudo, tragicamente ainda hoje tenho informações sobre “técnicas” terapêuticas curiosíssimas, realizadas em algumas casas “espíritas”. Atualmente existem instituições que oferecem sessões de passes para todos os gostos e interesses, a exemplo do passe “normal”, aplicado obrigatoriamente após as palestras públicas, normalmente destinado aos famosos papa-passes; do passe “forte” (com direito a arremedos de exorcismos de obsessores na presença do obsedado); do passe “ultra forte” do tipo CURA TUDO (destinado a enfermos graves, obsedados, psicóticos etc., com direito a acorrentamento de obsessores e até "engarrafamento e enrolhamento” dos algozes das trevas); do passe "virtual", VIRTUAL (!? hummm...) etc. Seria caricata se não fosse patética tal ocorrência.
Há os que “transmitem” passes através de gestos desabridos, malabarismos manuais, choques bizarros com tremeliques corporais, estalos de dedos, cantos peculiares, e ainda os famigerados ARROTOS. Isso mesmo, ARROTOS...! Há passistas que incorporam “entidades” durante o passe, esquecidos de que não se deve aplicar passe mediunizado porque não é prática espírita. Não há necessidade de incorporação mediúnica nas sessões de passe. O passista pode até agir sob a influência da entidade, mas não carece verbalizar, aconselhar ou transmitir mensagens outras concomitantes ao passe. É contraproducente! O assunto é recorrente, mas não há como ignorá-lo, até porque a aplicação do passe magnético não comporta atitudes imprudentes, nem admite desatino nas suas expressões. Exige sim, um estudo contínuo dos seus mecanismos, sobretudo quanto à necessidade de sua aplicação.
Conhecemos médiuns que só aplicam passes com roupas brancas, ou debaixo de pirâmides metalizadas. Há os que terceirizam para o além o passe através das viagens astrais (através das milagrosas apometrias), e mais uma infinidade de métodos, para todos os (des)gostos. Isso, sem deixar de citar que aplicam-se passes magnéticos nas paredes dos centros espíritas para "descontaminá-las" das energias negativas. “Eita, quanta criatividade!”...
Afastando-nos dessas peripécias passistas, analisemos efetivamente o significado do tema na instituição espírita. Vimos que existem inúmeras práticas não compatíveis com a sã Doutrina Espírita que urge sejam arguidas à exaustão, nas bases da compostura cristã, sem nenhuma pecha de intolerância, obviamente. Até porque a verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Cristo.
O bom emprego do passe não admite qualquer expediente espetaculoso. As encenações preparatórias – “mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas “correntes” mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, “as ‘correntes’ de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século XIX; inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.”(1)
O passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso, com naturalidade. Os espíritas não são proibidos de nada, todavia práticas alucinadas são inaceitáveis. A propósito do legítimo passe,“assim como a transfusão de sangue, representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos (físicos) são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.” – explica o Espírito Emmanuel. (2) Recordemos que Jesus utilizou o passe "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram largamente. Entretanto, é nas hostes espíritas que o passe é melhor compreendido, mais largamente difundido e utilizado.
O Evangelista Mateus numa das suas narrativas assegura que "Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra". (3) Mas o que é efetivamente o passe? “É uma transfusão de energias, capaz de alterar o campo celular.” (4) Na definição do “Aurélio”, o passe seria o “ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la.” (5) No Pentateuco mosaico localizamos o seguinte evento: "Josué, filho de Num estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto sobre ele suas mãos: assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés.” (6)
Sabemos que "é muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício.” (7) Mas cabe esclarecer que o passe e imposição de mãos não são a mesma coisa. Tem-se a imposição de mãos como apenas um método, mas naturalmente uma pessoa desprovida dos braços pode fornecer um passe pela força do desejo e pelo auxílio dos Espíritos. O fluxo magnético se sustenta e se arremessa à custa da vontade tanto do passista quanto de seres desencarnados que o acodem na conciliação dos fluídos.
O evangelista Marcos descreve sobre um dos chefes da sinagoga, “chamado Jairo que logo após avistar a Jesus, lançou-se-lhe aos pés. E lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.” (8) Na obra Mecanismos da Mediunidade, André Luiz explana que “o passe, como gênero de auxilio, invariavelmente aplicado sem qualquer contraindicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe” (9)
Em suma, não é demasiado recordar que o exercício das práticas espíritas sem a devida base moral será, fatalmente, uma incursão inequívoca no mundo da inadvertência e, consequentemente, nas teias das ESCURIDÕES TRANSCENDENTAIS.
Referência Bibliográfica:
(1) Pires, José Herculano. Artigo “O Passe” disponível emhttp://www.espirito.org.br/portal/publicacoes/herculano/opd-12.html> acessado em 07/11/2011
(2) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 98
(3) Mateus 8: 3.
(4) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XVII.
(5) Aurélio Buarque de Holanda Ferreira . Novo Dicionário da Língua Portuguesa, SP: editora Nova Fronteira, 2001
(6) Deuteronômio 34: 9 -12.
(7) Kardec Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, Cap. XIV, item 34.
(8) Marcos 5: 21 - 23).
(9) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XI
Os anos advieram, estudei as obras de Allan Kardec, adotei a proposta da Doutrina dos Espíritos como ideal de vida; contudo, tragicamente ainda hoje tenho informações sobre “técnicas” terapêuticas curiosíssimas, realizadas em algumas casas “espíritas”. Atualmente existem instituições que oferecem sessões de passes para todos os gostos e interesses, a exemplo do passe “normal”, aplicado obrigatoriamente após as palestras públicas, normalmente destinado aos famosos papa-passes; do passe “forte” (com direito a arremedos de exorcismos de obsessores na presença do obsedado); do passe “ultra forte” do tipo CURA TUDO (destinado a enfermos graves, obsedados, psicóticos etc., com direito a acorrentamento de obsessores e até "engarrafamento e enrolhamento” dos algozes das trevas); do passe "virtual", VIRTUAL (!? hummm...) etc. Seria caricata se não fosse patética tal ocorrência.
Há os que “transmitem” passes através de gestos desabridos, malabarismos manuais, choques bizarros com tremeliques corporais, estalos de dedos, cantos peculiares, e ainda os famigerados ARROTOS. Isso mesmo, ARROTOS...! Há passistas que incorporam “entidades” durante o passe, esquecidos de que não se deve aplicar passe mediunizado porque não é prática espírita. Não há necessidade de incorporação mediúnica nas sessões de passe. O passista pode até agir sob a influência da entidade, mas não carece verbalizar, aconselhar ou transmitir mensagens outras concomitantes ao passe. É contraproducente! O assunto é recorrente, mas não há como ignorá-lo, até porque a aplicação do passe magnético não comporta atitudes imprudentes, nem admite desatino nas suas expressões. Exige sim, um estudo contínuo dos seus mecanismos, sobretudo quanto à necessidade de sua aplicação.
Conhecemos médiuns que só aplicam passes com roupas brancas, ou debaixo de pirâmides metalizadas. Há os que terceirizam para o além o passe através das viagens astrais (através das milagrosas apometrias), e mais uma infinidade de métodos, para todos os (des)gostos. Isso, sem deixar de citar que aplicam-se passes magnéticos nas paredes dos centros espíritas para "descontaminá-las" das energias negativas. “Eita, quanta criatividade!”...
Afastando-nos dessas peripécias passistas, analisemos efetivamente o significado do tema na instituição espírita. Vimos que existem inúmeras práticas não compatíveis com a sã Doutrina Espírita que urge sejam arguidas à exaustão, nas bases da compostura cristã, sem nenhuma pecha de intolerância, obviamente. Até porque a verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Cristo.
O bom emprego do passe não admite qualquer expediente espetaculoso. As encenações preparatórias – “mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas “correntes” mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, “as ‘correntes’ de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século XIX; inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.”(1)
O passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso, com naturalidade. Os espíritas não são proibidos de nada, todavia práticas alucinadas são inaceitáveis. A propósito do legítimo passe,“assim como a transfusão de sangue, representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos (físicos) são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.” – explica o Espírito Emmanuel. (2) Recordemos que Jesus utilizou o passe "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram largamente. Entretanto, é nas hostes espíritas que o passe é melhor compreendido, mais largamente difundido e utilizado.
O Evangelista Mateus numa das suas narrativas assegura que "Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra". (3) Mas o que é efetivamente o passe? “É uma transfusão de energias, capaz de alterar o campo celular.” (4) Na definição do “Aurélio”, o passe seria o “ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la.” (5) No Pentateuco mosaico localizamos o seguinte evento: "Josué, filho de Num estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto sobre ele suas mãos: assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés.” (6)
Sabemos que "é muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício.” (7) Mas cabe esclarecer que o passe e imposição de mãos não são a mesma coisa. Tem-se a imposição de mãos como apenas um método, mas naturalmente uma pessoa desprovida dos braços pode fornecer um passe pela força do desejo e pelo auxílio dos Espíritos. O fluxo magnético se sustenta e se arremessa à custa da vontade tanto do passista quanto de seres desencarnados que o acodem na conciliação dos fluídos.
O evangelista Marcos descreve sobre um dos chefes da sinagoga, “chamado Jairo que logo após avistar a Jesus, lançou-se-lhe aos pés. E lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.” (8) Na obra Mecanismos da Mediunidade, André Luiz explana que “o passe, como gênero de auxilio, invariavelmente aplicado sem qualquer contraindicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe” (9)
Em suma, não é demasiado recordar que o exercício das práticas espíritas sem a devida base moral será, fatalmente, uma incursão inequívoca no mundo da inadvertência e, consequentemente, nas teias das ESCURIDÕES TRANSCENDENTAIS.
Referência Bibliográfica:
(1) Pires, José Herculano. Artigo “O Passe” disponível emhttp://www.espirito.org.br/portal/publicacoes/herculano/opd-12.html> acessado em 07/11/2011
(2) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 98
(3) Mateus 8: 3.
(4) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XVII.
(5) Aurélio Buarque de Holanda Ferreira . Novo Dicionário da Língua Portuguesa, SP: editora Nova Fronteira, 2001
(6) Deuteronômio 34: 9 -12.
(7) Kardec Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, Cap. XIV, item 34.
(8) Marcos 5: 21 - 23).
(9) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XI