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  • quarta-feira, 11 de junho de 2014

    O SER HUMANO É MONOGÂMICO. SOMOS SERES HUMANOS, LOGO, SOMOS MONOGÂMICOS (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br

    Com base no “direito consuetudinário” (1), Uhuru Kenyatta, presidente do Quênia, sancionou uma lei que legaliza a poligamia no país. A Poligamia, mormente a masculina, é um costume aceito em alguns países, cujas leis e religiões permitem. Em algumas sociedades mais tradicionais da África Subsaariana, por exemplo, a prática é comum - segundo o relatório Social and ethical aspects of assisted conception in anglophone sub- Saharan África, da Organização Mundial de Saúde. O estudo da OMS afirma que, mais do que ser aceita, a poligamia é até mesmo incentivada entre os homens nesses lugares. (2) A despeito de a poligamia ser crime nos EUA, um país dito “desenvolvido”, existem milhares e milhares de americanos vivendo em situação familiar de poligamia, notadamente os mórmons.
    Os registros bíblicos mencionam Jacó (Israel), um bígamo, que gerou muitos filhos formadores das tradicionais doze tribos do “povo escolhido”. Os velhos textos narram sobre os intocáveis ancestrais dos hebreus que coabitaram com mais de uma mulher. Abraão (bígamo), Moisés (bígamo), David (polígamo), Salomão, pasme! Coabitou setecentas mulheres e trezentas concubinas. Mas sob o ponto de vista cristão, a poligamia foi, é e sempre será incabível.
    Naquelas recuadas eras, como observamos, a poligamia era um costume “justificável” e natural. Não é, portanto, de se estranhar que atualmente a concupiscência e a devassidão sejam reminiscências dessas poligamias da antiguidade, alterando tão somente o panorama sócio cultural. O Alcorão, por exemplo, permite quatro esposas para cada homem; entretanto, o seu autor Maomé conservou 16 casamentos simultâneos.
    A monogamia está contra as leis da natureza? Ainda hoje há os que defendem a tese de que a maior parte dos animais não são monogâmicos, assim, os maiores entraves são as regras morais que impedem de o homem ser poligâmico. Desta forma, será mesmo que a monogamia é um artifício infligido pela sociedade? Será que somos “naturalmente” poligâmicos? É óbvio que não.
    Em que pese nosso respeito às outras crenças, culturas e opiniões, nós espíritas concebemos que o "instinto sexual (...) a desvairar-se na poligamia, traça, para cada um [independentemente do credo religioso ou juízo], largo roteiro de aprendizagem a que não escaparemos pela matemática do destino que nós mesmos criamos." (3)
    Obviamente a poligamia é irracional e promíscua. Nela, “não há afeição real, há apenas sensualidade.". (4) A rigor, consoante os Códigos Divinos, ao danificarmos o altar interior do(a) parceiro(a), saibamos que estamos despedaçando a nós mesmos, através da consciência culpada. Nesse sentido, Emmanuel alude que "conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar 'consciências' quais se fossem 'coisas', e, se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um?". (5)
    À medida que a individualidade evolui, passa a compreender que a energia sexual "envolve o impositivo de discernimento e responsabilidade em sua aplicação, e que por isso mesmo deve estar controlada por valores morais que lhe garantam o emprego digno, seja na criação de formas físicas, asseguradora da família, ou na criação de obras beneméritas da sensibilidade e da cultura para a reprodução e extensão do progresso e da experiência, da beleza e do amor, na evolução e burilamento da vida no Planeta.". (6)
    A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social e o casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. "Se a poligamia estivesse de acordo com a lei natural deveria ser universal, o que, entretanto, seria materialmente impossível, em virtude da igualdade numérica dos sexos. A poligamia deve ser considerada como um uso ou uma legislação particular, apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fará desaparecer pouco a pouco.". (7) Até porque, através da poligamia, o espírito assinala, a si próprio, longa marcha em existências e mais existências sucessivas de reparação e aprendizagem, em cujo transcurso adquire a necessária disciplina do seu mundo afetivo e emotivo.
    A monogamia é o clima espontâneo do ser humano, de vez que "dentro dela realiza, naturalmente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do raciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos recursos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas físicas, para a encarnação de outras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem, constantes, da Criação Divina.". (8)
    Portanto, a ordem natural e inerente à espécie humana é, incontestavelmente, a monogamia, visto que, tendo por base a união constante dos cônjuges, permite que se estabeleça entre ambos uma estreita solidariedade, não só nas horas de regozijo como nos momentos difíceis e dolorosos. O casamento monogâmico é o instituto que melhor satisfaz aos planos do Criador, no que tange a preparar a família para uma convivência pacífica, alegre e fraterna, estados esses que hão de estender-se, no porvir, a toda prole mundial.


    Referências bibliográficas:

    (1)            No direito consuetudinário, as leis não precisam necessariamente estar num papel ou serem sancionadas ou promulgadas. Os costumes transformam-se nas leis.
    (2)            Relatório Anual de 2007 Organização Mundial de Saúde
    (3)            Xavier, Francisco Cândido, Vieira Waldo. Evolução em Dois Mundos, cap. XVII, Ditado pelo espírito André Luiz/, RJ: Ed. FEB, 2000
    (4)            Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, Comentário de Kardec: questão 701
    (5)            Xavier , Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
    (6)            Idem
    (7)            Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, Comentário de Kardec: questão 701
    (8)            Evolução em Dois Mundos, XVII, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB