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  • quinta-feira, 19 de maio de 2016

    BREVÍSSIMA REFLEXÃO HISTÓRICAS SOBRE UM “ CRISTIANISMO” SEM JESUS (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen

    Jesus Cristo nos trouxe uma mensagem de paz, de amor, de justiça e de tolerância; uma mensagem de caráter permanente; uma mensagem cujos postulados soergue e anima. A partir de Sua mensagem o deus parcial, rancoroso e vingativo que extravasava o delírio da sua cólera, passou a ser suplantado pelo Criador de infinita misericórdia, de justiça e de perdão. Porém, Sua mensagem, que exonerou dos altares o rancoroso deus Jeová, Senhor dos Exércitos, que punia inclusive os erros dos pais nos filhos durante muitas gerações, tempos depois, transformou-se num guante pesado. A História o demonstra.

    No século XIII, ao Sul da França, nos arredores da cidade de Albi, propagava-se uma seita religiosa de origem eslava considerada herética pela Igreja romana. Seus adeptos eram alcunhados “albigenses” (naturais de Albi) ou mais propriamente, “cátaros” (termo grego que significa puros). Nesse contexto, o papa Gregório IX organizou um tribunal especificamente dedicado a tratar a heresia dos albigenses. Um dos movimentos que mais tinha certas ligações com os cátaros era a Ordem dos Templários, criado na Palestina nos rastros das cruzadas, e que representava uma associação militar de cunho religioso , oficialmente criada para proteger as peregrinações militar-religiosas e responsável pela guarda e câmbio de bens, mas igualmente aberta ao estudo e discussão de assuntos “místicos”. 

    Entretanto, a Ordem de São Domingos foi convocada para dizimar os Cátaros e os dominicanos fizeram com que a ação desse famigerado tribunal se propagasse impiedosamente a todo mundo cristão. Sobretudo na Itália e na Espanha o tribunal tomou o conhecido nome do “Santo Ofício”, que se transformou numa instituição poderosíssima onde se distinguiram pela crueldade os inquisidores Torquemada e 

    No episódio das cruzadas, em que milhões de "bravos soldados do Cristo", partindo da França, da Inglaterra, da Itália, da Espanha sob o comando de Urbano II, que propunha aos seus seguidores banharam-se no sangue dos "infiéis" (violadores dos lugares santos da Palestina). Movimento que esse que prenunciou a terrível Cruzada ulterior contra as Consciências – a abominável "Inquisitione". 

    Os documentos históricos minutam suas bárbaras atrocidades: Giordano Bruno é queimado vivo em Roma no campo Fiore. Galileu teve que negar a tese heliocêntrica e torna-se um prisioneiro em seu próprio domicílio, Tommaso Campanella é ´perseguido durante 27 anos, sofre numa masmorra pelo terrível crime de querer pensar em LIBERDADE! João Huss foi condenado à fogueira por ter proposto trinta e nove questões religiosas que o Concílio de Constança julgou heréticas. Jerônimo de Praga, Vanini e Savanarola tiveram a mesma sorte que Huss. Muitos outros mártires mantiveram a luta pela emancipação do pensamento. Até que na Renascença bradou-se o grito de liberdade intelectual do homem. Essa aurora alvissareira ofuscava os monstros do obscurantismo e da tirania do cristianismo da época.

    Tendo sedimentado seu total controle na Europa ocidental, a Igreja romana constituía-se em uma instituição poderosa econômica, política e militarmente. Constituía-se num gigantesco feudo, proprietária de dois terços das melhores terras produtivas da Europa e sua organização impunha uma violenta censura e controle material , espiritual e intelectual (ou crer ou morrer), submissão total à autoridade eclesiástica, etc. Em brutal e explícita oposição à boa convivência humanista dos primeiros cristãos, a Igreja de Roma punha-se com toda a violência que dispunha contra todos os que questionassem a legitimidade de tais empreendimentos brutais.

    Enfim, difícil, dificílimo mesmo! É compreendermos esses fatos históricos do Cristianismo (sem Jesus), porquanto o Mestre galileu ensinou-nos o amor ao próximo, incluindo aí os inimigos; Convidou-nos a fazermos o bem aos que nos odeiam; A Orarmos pelos que nos perseguem e caluniam. Por tudo isso, asseguramos que a missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do legítimo Cristianismo (com Jesus), não será destruir as escolas de fé, até agora existentes.

    O Messias de Nazaré acolheu a revelação de Moisés. A Doutrina dos Espíritos respeita os princípios fidedignos de todos os sistemas religiosos. Jesus respeitou os antigos Profetas. O Consolador Prometido não veio ao mundo para perseguir os pioneiros dessa ou daquela forma de crer em Deus, até porque, as cruzadas espíritas são peregrinações sublimes de paz, amor e caridade, sim! O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes amplos de luz.