Jorge Hessen
A propósito do declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, inicialmente entronizamos a figura de Ermance Dufaux, ela que conheceu Allan Kardec no dia 18 de abril de 1857, ao comparecer à pequena recepção festiva organizada pelo Codificador em sua residência, com a finalidade de comemorar o lançamento de O Livro dos Espíritos. No final dessa reunião, Dufaux psicografou bela página ditada pelo Espírito São Luís, que se tornaria, a partir de então, o diretor espiritual dos trabalhos experimentais de Allan Kardec.
No final de 1857, Dufaux receberia outra importante mensagem, estimulando o Codificador a prosseguir no ideal de lançar mensalmente um periódico espírita . Com efeito, no início de 1858, Kardec laçou a Revue Spirite, surgindo assim a matriz da propaganda da Terceira Revelação e o embrião do Movimento Espírita Mundial.
Na França, o nome de espíritas foi gradualmente abatido ao longo dos séculos XIX e XX. Concorreram para isso alguns fatos, como a desencarnação de Kardec em 1869, bem como a mudança de regime político, porquanto após a queda do Segundo Império, a República é proclamada em 1871.
Momentos antes, porém, em 19 de julho de 1870, cerca de quinze meses após a desencarnação de Kardec, o Imperador Napoleão III, provocado por Bismarck, declarou guerra à Prússia. Em face disso, a divulgação espírita sofreu enormes prejuízos, destacando-se que à época, como se não bastasse a fatídica guerra franco-prussiana, de maneira simultânea havia uma onda de pensamentos oriundos da Revolução Francesa, intensificando a ideia do laicismo, proibindo-se, portanto, qualquer relação entre as entidades estatais com “religião”.
Diante de outras “pistas”
Apontaremos algumas outras “pistas” para opinar sobre o declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec. Em princípio, cremos que os legados históricos do Espiritismo sofreram as implicações danosas, por terem sido tratados como bens de família, estabelecendo espólios e, por conseguinte, sujeitando a herdeiros. Tudo sugere que Kardec pretendia evitar isso ao idealizar uma sociedade impessoal, mas não teve tempo. Faleceu antes de concretizar seus planos e, consequentemente tudo o que pertencia à Codificação Espírita (Sociedade parisiense de estudos espiritas, livros, revistas, correspondências, documentos etc.) tornaram-se herança da viúva Amélie Gabrielle Boudet.
De início, Boudet se propôs administrar o projeto do esposo; mas, inexplicavelmente, deliberou por confiar o legado nas mãos de Pierre-Gaëtan Leymarie, que organizou a (não espírita) Sociedade Científica de Estudos Psicológicos, que depois se transformou na “Sociedade Científica do Espiritismo”. Mas Boudet sugeriu a criação da “Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec”. [1] Após a desencarnação de Amélie Boudet, em 1883, Leymarie tornou-se o dono absoluto dos espólios e dos documentos de Kardec, na condição de único remanescente da tal sociedade. Uma parte, dos documentos originais do Codificador foi sendo publicada por Leymarie na “Revue Spirite”, e outra parte transformou na inquietante “Obras Póstumas”.
O declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, na minha percepção e de alguns outros pesquisadores, se deve precipuamente à imaturidade doutrinária de Pierre-Gaëtan Leymarie que teve o encargo, portanto, de cuidar da propagação do Espiritismo após a desencarnação do mestre de Lyon. Neste sentido, parece-nos que administrou “inocentemente” uma razoável quantidade financeira que lhe foi entregue por Amélie Gabrielle Boudet para o custeio da divulgação das obras espíritas.
Os expressivos recursos econômicos deveriam ser empregados na propaganda criteriosa do Espiritismo. Mas isso não foi claramente realizado. Motivo pelo qual, provavelmente em 1882, Gabrielle Boudet, inteiramente descontente, convidou à sua casa Gabriel Delanne e esposa, a fim de propor a criação do periódico "Le Spiritisme", para que o Movimento Espírita não dependesse apenas da já agonizante “Revue Spirite" dirigida por Leymarie.
A liderança do Movimento Espírita poderia ter sido compartilhada entre Leymarie e Gabrielle Boudet, mas, a rigor, Boudet ficou historicamente em plano secundário, numa condição de humilhante subalternidade e gradualmente Leymarie foi afastando Amélie Gabrielle das decisões. [2]
Leymarie , protagonista para o desmoronamento doutrinário
Leymarie imergiu na invigilância, gerando o desfalecimento do Movimento Espírita já quase totalmente desintegrado. Cremos que a sucessão de Kardec deveria caber a Alexandre Delanne, até porque era vizinho e amigo de longa data da família Kardec, jamais a Leymarie.
Delanne viajava bastante, esteve nas cidades onde existiam centros de divulgação espírita como, Lyon, Bordeaux, Bruxelas entre outros locais em que visitava simultânea havia com certa frequência os centros espíritas. Concebemos que Delanne tenha sido bloqueado "politicamente" por Leymarie. Sim, talvez o invigilante Leymarie tenha articulado nos “bastidores” com Boudet a fim de “puxar o tapete” do pai de Gabriel Delanne.
Mas, quem era Leymarie? Era um praticante de Teosofia de Blavatsky, defendia as alucinações de Roustaing [3] e era apaixonado pela maçonaria.
Importa mencionar que quando Kardec desencarnou Gabriel Delanne tinha apenas 12 anos de idade enquanto que Léon Denis tinha 23 anos e serviria o exército na guerra franco-prussiana de 1870 e, apesar de já espírita, Denis ainda não estava satisfatoriamente integrado ao Movimento Espírita. Desta forma, ambos, Delanne e Denis, passaram a exercer maior influência no Movimento Espírita somente por volta da década 1890 , e tiveram sua maior projeção a partir de 1900.
A França enfrentou três grandes guerras (a “franco-prussiana” de 1870 e as duas grandes guerras mundiais), o que, sem dúvida, dificultou muito a propagação do Espiritismo. Na Primeira Guerra Mundial muitos grupos e sociedades espíritas tiveram que ser fechados. Sob esse clima houve brutal sufocação do Movimento Espírita em francês.
Como se não bastasse, no contexto dos idos de 1910, podemos pontuar as propostas filosóficas materialistas, abrindo espaço para o niilismo, existencialismo, pessimismo e ceticismo extremos, enfim - os embates ideológicos. Portanto, as guerras foram categóricas para o declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, mas antes delas, como vimos, a liderança do movimento sofreu tragicamente, principalmente pela falta de lucidez doutrinária, especialmente veiculada pela "Revue Spirite", sob a gerência de Leymarie.
Repetimos que Leymarie foi o protagonista para o desmoronamento doutrinário, por conseguinte muitos espíritas franceses perderam o rumo sob o guante do misticismo imponderado. Para ilustrar, notemos o infame “Processo dos Espíritas”, resultante das reais fraudes reproduzidas por fotógrafos de má fé e publicadas de maneira descuidada por Leymarie na Revue Spirite. Naturalmente esse episódio foi traumático de consequências gravíssimas, ferindo mortalmente o moribundo Movimento Espírita francês.
Nesse caótico quadro de declínio doutrinário há quem assinale outro aspecto especial. Trata-se da questão das excessivas pesquisas científicas em torno dos fenômenos mediúnicos. Havia prioridades nas experimentações laboratoriais com os médiuns. O próprio Gabriel Delanne seguiu esse caminho de pesquisa. Não obstante, tenha se declarado “arrependido”, numa entrevista concedida ao brasileiro Canuto Abreu, afirmando que a experiência científica não teria sido a sua melhor opção para o revigoramento do Movimento Espírita.
Gabriel Delanne, um depoimento de além-tumba
Sobre isso, André Luiz entrevistou o Delanne no além, notemos: Muitos amigos na Terra são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam patrocinar mais amplas manifestações da mediunidade de efeitos físicos para benefício dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que pensa a respeito?
Delanne (Espírito) - “Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção, mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral. Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres”. [4]
Nos primórdios do século XX houve um surto de crescimento do Movimento Espírita na França até meados da década de 1920, esmaecendo de forma célere quando Denis, Delanne, Gustave Geley e Camille Flammarion desencarnam. Subsequentemente, em 1935, desencarnaria o "Pai da Metapsíquica" e simpatizante do Espiritismo Charles Richet, tudo isso aconteceu momentos antes da Segunda Guerra Mundial, quando da ocupação nazista na França por quase um lustro.
Retornemos mais uma vez a Leymarie. Ele fundou a "Librairie Leymarie Édite-URS" e a dirigiu até 1903, e, com o seu desencarne, o espólio foi herdado (novamente em família!) pela viúva Marina Leymarie que assumiu o comando, e, posteriormente, por seu filho, Paul Leymarie. Este, após um breve espaço de tempo em que os negócios ficaram com sua mãe Marina, tornou-se, em 1904, “dono” absoluto dos destinos do Espiritismo até 1914, quando, em função da Primeira Guerra Mundial, abandonou tudo. O que não foi de todo uma catástrofe, pois o Paul Leymarie comercializava até “bolas de cristal” [isso mesmo! “bolas de cristal”] pela Revue Spirite.[5]
Meyer, um mecenas francês
Com a liquidação da "Librairie Spirite", continuou a editoração das obras de Allan Kardec, fazendo do prédio da "Librairie Leymarie" sede da redação da "Revue Spirite", até a fundação da "Maison des Spirites", por Jean Meyer, inaugurada em 25 de novembro de 1923. Antes mesmo de terminar a Primeira Guerra, em 1916, o Jean Meyer, um rico empresário francês, assumiu o combalido Movimento Espírita francês, lembrando que nessa conjuntura ainda estavam encarnados Léon Denis e Gabriel Delanne, que embora sumidades intelectuais e grandes referências doutrinárias; mas “cá para nós”, alguém tinha que cuidar dos “negócios” do movimento.
No contexto Meyer destinou a sua fortuna pela causa do Espiritismo. Ficou com os direitos autorais da Revue Spirite. Criou a Casa dos Espíritas (“Maison des Spirites”), para onde levou o precário material que restou dos documentos e objetos pessoais de Kardec. Este mesmo mecenas fundou o “Instituto de Metapsíquica”, sob o comando inicial do Gustave Geley, e onde foi gerado o “Tratado de Metapsíquica”. O curioso é que Charles Richet dizia que o “Espiritismo era inimigo da ciência”.
La Revue Spirite reunia, nesse tempo, as mais destacadas personalidades do Espiritismo: Gabriel Delanne, Leon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, A. Bénezech, Marcel Laurent, M. Cassiopée, General Abaut, Dr. Gustave Geley, Marcel Semezies, Pascal y Matilde Forthuny, Louis Gastin, Henri Sausse, Paul Bodier, Sir. Arthur Conan Doyle, Santoliquido, Rocco, León Chevreuil, Hubert Forestier e outros. Em verdade, Meyer foi uma espécie de “dono” do movimento espírita francês até sua desencarnação em 1931. [6]
Durante a Segunda Guerra Mundial ocorreu uma desmontagem quase integral do Movimento Espírita francês. Os nazistas ao ocuparem Paris saquearam tudo inclusive Maison Spirites e confiscaram livros, documentos de pesquisa, e outros objetos importantes da própria história do Espiritismo na França.
Que nos diz acerca do Espiritismo, na França? Esquadrinhou André Luiz Ao Espírito Gabriel Delanne. “ Não nos é lícito dizer haja alcançado o nível ideal”.[7] Redarguiu Delanne acrescentando que “legiões de companheiros da obra de Allan Kardec reencarnaram, não só na França, mas igualmente em outros países, notadamente no Brasil, para a sustentação do edifício kardequiano”. [8]
Transposição do movimento espírita mundial
Conjectura-se aqui e algures sobre o translado do Espiritismo para o Brasil. Temos certeza que a transposição da direção do Movimento Espírita mundial, da França para o Brasil, sobreveio após a desencarnação de Léon Denis, no período entre o final da década de 1920 e o início da década de 1930, portanto, coincidindo com o início da missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier.
Desta forma, podemos questionar o desempenho de Bezerra de Menezes como justificadora para tal translado. Até porque, não é difícil comprovar nesse contexto, pois quando Bezerra desencarnou em 1900 a atuação verdadeiramente apostólica de Gabriel Delanne e Léon Denis manteve-se viva por muitas décadas, inclusive durante e após a primeira guerra mundial. [9]
O Movimento Espírita francês voltou a se recuperar com frouxidão por volta dos anos de 1950 e 1960 em razão do regresso à França de alguns cidadãos que residiam no Norte da África (Argélia, Marrocos) e começaram a retornar para a terra de Kardec arriscando remontar o Movimento Espírita.
Encetaram o projeto, todavia com extrema dificuldade, em função do cenário deixado pela Segunda Guerra. Porém, desataque-se que naquela situação começou a haver uma nova fase de interesses e buscas fenomênicas no campo da parapsicologia e da metafísica; por fim, a própria Revue Spirite foi retomada por algumas lideranças a exemplo de Hubert Forestier e André Dumas.
Sepultamento da Revue Spirite
Na década de 1960, Hubert Forestier assume a Revue Spirite e torna-se proprietário que, em 1968, chega a registrar a Revue em seu nome no órgão de propriedade industrial. Forestier desencarna em 1971, deixando o Movimento Espírita francês na penúria. Seus herdeiros, não sabendo o que fazer de tal herança, vendem tudo por um franco para André Dumas. A essa altura os direitos autorais das obras de Kardec já tinham caducado. [10] O resto – muito pouco: o nome da Revue e da Societé – ficou nas mãos do Dumas. [11]
André Dumas, seja por ter mudado suas preferências filosóficas, seja por constatar que o status de espírita não conferia mais prestígio, resolveu liquidar tudo: em 1975, mudou o nome da “Revue Spirite” para “Renaitre 2000”, e a Societé para uma tal “sociedade para pesquisa da consciência e sobrevivência”, colocando, dessa forma, duas ou três pás de cal sobre o “espiritismo francês”. [12]
Na verdade, Dumas foi escritor e dirigente espírita francês, presidente da União Espírita Francesa (UEF) e diretor da Revista Espírita na década de 1970. Por muitos anos administrou o legado de Kardec e seus seguidores. No entanto, é mais lembrado (no Brasil) pela mudança do nome desta tradicional instituição espírita, em 1976: União Científica Francofônica para a Investigação Psíquica e o Estudo da Sobrevivência da Alma (USFIPES), em vez de UEF.
Nesse mesmo ano, para desagrado de alguns espíritas brasileiros, a tradicional revista fundada por Kardec deixa de circular. Em seu lugar, Dumas, como citamos acima, lança um periódico denominado o Renaître 2000. Segundo ele, as palavras espírita e Espiritismo se descaracterizaram em seu verdadeiro significado, vinculando-se ao misticismo (roustanguista), ao religiosismo. Por isso a mudança.
O resultado foi a completa marginalização de Dumas e a confusão jurídica com a União Espírita Francesa e Francofônica, fundada por Roger Perez em 1985, pelos direitos da Revista Espírita. Dois anos depois a instituição obtém sentença judicial favorável a Perez e a Revue volta a circular novamente após 12 anos de interrupção.
Apesar de ser lembrado como uma espécie de traidor, um “Judas” da causa espírita, Dumas foi um dirigente e um intelectual espírita importante na história do Espiritismo francês. Sua visão, laica e filosófica, destoava da grande maioria dos espíritas, notadamente os brasileiros, afeitos a concepções religiosas e sectárias, influenciados em demasia pelos cânones roustanguistas da Feb.
Paralelamente, surge na França o Jacques Peccatte dizendo que o próprio Kardec se “comunicou” com o grupo dele, o “Cercle Spirite Allan Kardec”, em 1977, e o mandou ressuscitar o movimento. (sic) Ele o tenta até hoje. [13]
Mas, pelo lado digamos, oficial, o Roger Perez, retornando das desativadas colônias africanas, resolveu, certamente com o patrocínio da Feb, retomar as coisas. Conseguiu reaver do André Dumas, na justiça, o nome da Revue, e passou a editá-la pela “Federação Espírita Francesa e Francófona” (já extinta), da qual foi fundador. Ali pelo ano 2000 passou os direitos para o CEI – Conselho Espírita Internacional.
Certamente com Roger Perez houve uma breve intensificação do Movimento Espírita francês, porém, a bem da verdade, nunca se recuperou, pelo menos em Paris. Sabemos que hoje há diferentes núcleos espíritas no interior da França, mas evidentemente sem as características daquelas propostas por Allan Kardec.
Propagação espírita de pessoa a pessoa, de consciência a consciência
O Espírito Delanne não acredita que a Europa (especialmente a França) retomará a direção do movimento espírita no futuro, pois o Velho Continente assemelha-se, atualmente, a vasto campo de guerra ideológica, que está muito longe de terminar. Para o Benfeitor a divulgação espírita terá de efetuar-se de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós. (Grifei)
Talvez esse processo de propaganda espírita seja moroso demais para a Humanidade, mas, segundo Delanne, uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias? [14]
Seja no Brasil, seja noutros países, cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”, hierarquizado, elitista, exorbitantemente místico e mercantilista, porém na propagação paulatina da Terceira Revelação de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, de ombro a ombro, sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”, que na Terra e especialmente no Brasil vivem e revivem os fragorosos vendavais intransigentes do poder curial.
Notas e Referências bibliográficas:
[1] CALSONE Adriano. Madame Kardec, SP: Viva Luz Editora, 2017 “Eis que em 18 de outubro de 1873, a Assembleia Geral Anual concordou com a decisão de substituir o polêmico nome, Sociedade Anônima – criação da viúva Kardec –, para o extenso, Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec, anônima e capital variável. Com a nova recriação, sugerida novamente por Amélie, a mesma deixava claro que tudo deveria convergir para a divulgação, propagação e continuação das obras espíritas do marido.”
[2] Idem
[3] P.G. Leymarie tinha muita afinidade com o Brasil, particularmente no Rio de Janeiro onde esteve exilado em 1851, quando houve o golpe do Luís Napoleão. Ademais, nunca escondeu amizades e afinidades roustainguistas.
[4] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970
[5] DONHA João. O legado documental de Allan Kardec: queimado, escondido ou leiloado? Disponível em https://palavraluz.wordpress.com/2016/07/17/arquivokardec/ acessado em 16/02/2017
[6] Disponível no portal “AUTORES ESPÍRITAS CLÁSSICOS” http://www.autoresespiritasclassicos.com/autores%20espiritas%20classicos%20%20diversos/Jean%20Meyer/Jean%20Meyer.htm ACESSO 17/02/2017
[7] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970
[8] Idem
[9] MARMO Leonardo Moreira. “Os Problemas enfrentados pelo Movimento Espírita após a morte de Allan Kardec e as atuações de Delanne e Denis”, disponível em http://paespirita.blogspot.com.br/2017/02/os-problemas-enfrentados-pelo-movimento.html avessado em 17/02/2017
[10] Domínio público, no Direito da Propriedade Intelectual, é o conjunto de obras culturais, de tecnologia ou de informação (livros, artigos, obras musicais, invenções e outros) de livre uso comercial, porque não submetidas a direitos patrimoniais exclusivos de alguma pessoa física ou jurídica.
[11] DONHA João. O legado documental de Allan Kardec: queimado, escondido ou leiloado? Disponível em https://palavraluz.wordpress.com/2016/07/17/arquivokardec/ acessado em 16/02/2017
[12] Idem
[13] Idem
[14] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970
Comentários:
Olá Jorge, boa tarde!
Desculpe, estou vendo o seu email só agora.
Poxa, que bom que gostou do Madame. Terminei, recentemente, de escrever o último livro da “trilogia”, esse mais polêmico, sobre denúncias de corrupção no Espiritismo francês do pós-Kardec, envolvendo a Sociedade Científica de Estudos Psicológicos, de Leymarie.
Eu e Mauro estamos numa longa “campanha” de resgate da biografia do Torteroli, como também do nascimento do MEB carioca. Já surgiram descobertas intrigantes em nossas pesquisas como, por exemplo, a alta influência da maçonaria na formação sincrética do movimento espírita carioca.
Temos falado muito sobre você e suas contribuições, sempre muito lúcidas em prol da coerência doutrinária.
Senhor “Quintorteroli” (como carinhosamente chamo o Mauro. rs) me disse que você é um confrade valioso, qualidade que já vinha observando.
Quem sou eu para “consertar” o seu competente artigo. Gostei bastante do que li e notei que você já aceitou as minhas sugestões.
Muito agradeço a inclusão do meu endereço na sua lista de amigos especiais. Obrigado!
Sim, vamos trocando descobertas. Precisando, estou por aqui.
No momento, venho resgatando/colecionando trabalhos (esquecidos) do Gabriel Delanne, para uma possível publicação de suas contribuições. O que você tiver e quiser trocar sobre Delanne, estou altamente receptivo. rs
Forte abraço!
att,
Adriano Calsone
Parabéns Jorge pela magistral pesquisa.
Indiscutivelmente, uma excelente contribuição aos futuros historiadores do Espiritismo.
Indiscutivelmente, uma excelente contribuição aos futuros historiadores do Espiritismo.
Abraço fraterno
Luciano Klein Filho
Deus o abençoe nessa faina de trabalhar pela verdade, sem os exotismos e vícios políticos que são tão comuns aos homens, mesmo diante de uma Revelação como a Espírita. Gratidão. Wagner Paixão
Jorge,
Obrigado por esse artigo.
Sendo francês, morando na França e participando do Movimento Francês desde os anos 1990, só posso concordar com muitos dos pontos mencionados. Alguns outros precisariam de certos ajustes. Um em particular: posso lhe garantir que existem, na França, alguns grupos espíritas sérios e fiéis a Kardec. Outros pontos precisariam ser completados.
As dificuldades continuam as mesmas até hoje, e tem a mesma causa: o personalismo exagerado de alguns dirigentes, e a falta de desinteresse pessoal na atuação no movimento. Tudo isso por falta de estudo das obras básicas da codificação.
Continuaremos inserindo no website da “Encyclopédie Spirite” – http://www.spiritisme.net todas as revistas e todos os documentos espíritas que conseguimos resguardar.
Fraternalmente,
Charles.
EURÍPEDES KUHL diz:
Fevereiro 17, 2017 às 11:40 pm (Editar)
Jorge:
Não há como não ser seu fã.
Dessa vez você extraprolou todas as expectativas, minhas, dos outros amigos e certamente do pessoal do “Portal Luz Espírita”.
Foi-lhe pedido para doar material para construção de uma casa e você devolveu um arranha-céu absolutamente pronto, com material de construção classe A.
Inclusive, com “habite-se” conclamando a mente dos espíritas de hoje a respeitarem os seguidores de Kardec de ontem…
Na memória não tenho também como comparar seu excelente trabalho com nenhuma outra pesquisa anterior que eu tenha visto na minha tao simples caminhada de estudos espíritas.
Fujo assustado do puxassaquismo, mas você não me deixa alternativa: você, definitivamente é o cara. Mestre, para mim.
Sim: não há negar que imagino que andou por aquelas abençoadas bandas de outrora e, não existissem tantos outros méritos em sua atual existência, por si só esse inaudito e cristalino trabalho informativo já a torna justificadamente meritória.
Espero não estar enganado, mas considerando os dados disponíveis, vaticino que daqui prá frente aportarão outras mais excelências literárias a seu soldo mental, reportando-nos “fatos novos” sobre fatos daqueles tempos franceses…
E como citei arranha-céu, até me arrisco a, ousadamente, dizer-lhe que seu trabalho fez isso, indubitavelmente deixando felizes os luminares pós Kardec que citou, qual se colegas seus fossem, quando juntos arrostaram com a límpida responsabilidade de esparramar sementes da Doutrina dos Espíritos/Codificação não apenas na França, mas mais além: onde o bom senso encontrasse terra fértil…
Kardec que o diga!
Estejamos com Jesus.
Euri
WILSON GARCIA diz:
Fevereiro 18, 2017 às 9:06 am (Editar)
Caro Hessen,
Gostei e apreciei bastante o seu texto, que oferece excelente material para análise, haja vista para os diversos aspectos que você com lucidez apresenta de forma resumida e permite, com isso, que outros possam prosseguir e ampliar, até mesmo clarear.
Meu grande abraço.
Wilson
JOSE PASSINI diz:
Fevereiro 18, 2017 às 9:07 am (Editar)
Caro Jorge,
Excelente seu trabalho, que traz luz sobre muitos pontos obscuros.
Muito grato pela remessa.
Abraço fraternal,
Passini
PAUL NETO diz:
Fevereiro 18, 2017 às 9:07 am (Editar)
Caro Jorge Hessen,
Boa noite!
Parabéns pelo texto, pois nos ajuda, em muito, entender a evolução do Espiritismo em solo francês.
Muita paz!
LEONARDO MARMO MOREIRA diz:
Fevereiro 18, 2017 às 9:45 pm (Editar)
Olá Jorge!
Excelente trabalho!
Parabéns!
Achei muito legal a abordagem do seu artigo, fazendo uma análise mais ampla no tempo da trajetória do movimento espírita francês pós-Kardec e chegando até aos dias atuais. Com certeza, o seu trabalho será importante fonte de consulta para os confrades que estejam estudando a evolução do movimento espírita, que é um assunto muito relevante, mas, infelizmente, menosprezado.
Penso que é interessante esse estudo para que evitemos repetir certos erros do passado (se é que já não estamos repetindo alguns deles…). Também é importante para que busquemos não “escorregarmos moralmente” em novos erros ou em novas “roupagens” dos velhos erros.
Seu artigo despertou-me algumas reflexões. Uma que me ocorreu diz respeito ao Jean Meyer, “mecenas” do Espiritismo. Acho, Jorge, que você faz muito bem em valorizar o trabalho dele, pois nos dias atuais, como você saber, vemos muitos confrades desenvolverem atividades espíritas caríssimas ou criarem instituições com conotações ambíguas em relação à questão profissional desses próprios trabalhadores e de suas respectivas fontes de rendas. Assim sendo, penso que é fundamental divulgar aqueles que verdadeiramente contribuíram materialmente para a realização da obra espírita. Para divulgar de forma justa seus nomes e, principalmente, fornecer aos trabalhadores espíritas bom exemplos nessa área, em oposição ao copioso número de exemplos estranhos que têm recebido grande destaque em nossa mídia.
Procurei o site http://www.luzespirita.org.br e não encontrei. Ele ainda não está disponível?
Parabéns, mais uma vez, Jorge, pela muito relevante contribuição.
Obrigado pela gentileza do e-mail.
Abração fraterno do amigo, irmão e beneficiário de sempre, Leo.
Irmãos W diz:
Fevereiro 20, 2017 às 12:09 am (Editar)
Olá
Caro amigo…
A montagem deste artigo… Foi um grande resgate… Numa linha do tempo…
De tudo isto… Devemos aprender com erros passados para não fazer de novo… E um dos grandes erros que notei… Foi o Espiritismo na França se afastar da Revelação Espírita que foi Codificado por Allan Kardec e o mercantilismo de Mamon…
E esta práticas estão a toda prova no Brasil!!!
Valeu amigo
Wanderlei
GERALDO MAGELA MIRANDA diz:
Fevereiro 22, 2017 às 3:15 pm (Editar)
Jorge, estou mais para o pensamento de Delanne.
Não acredito na educação espiritual pela via hierárquica ou burocrática, mas pela evolução moral natural, que é lenta, muito lenta para os nossos parâmetros terrestres. Por isso é que me mostro tão cético quanto a esse crescimento.
Minha cabeça de homem encarnado tende a achar que já era tempo de sermos maiores, mais fraternos, irmãos mesmo. Mas nesses momentos de desânimo só estou levando em conta a vida presente, em que vejo tanta desgraça e maldade, frutos da nossa pequenice.
E fica a dúvida pra mim se desenvolvi esse pensamento de simplicidade nesta vida ou se isso já é uma índole espiritual adquirida há mais tempo. Nesse momento não posso responder, terei que me encontrar com esses irmãos e mestres pra relembrar. Aqui meus olhos não os veem, tenho apenas convicções.
Geraldo Magela Miranda
Olá Jorge.
Realmente nós espíritas nos questionamos sobre este assunto.
A final. Por que o Movimento Espírita não se manteve na França como nos tempos de Kardec?
Li seu artigo, e ele traz importantes informações históricas e do contexto deste tema.
Penso que o Movimento Espírita na França esteve muito ligado ao trabalho de Kardec.
Kardec fez um trabalho digno de reconhecimento, mas não preparou adequadamente o seu sucessor.
É possível que naquele momento não houvesse mesmo ninguém próximo a ele a ser preparado para a tarefa.
Lembrei de Camille Flammarion, grande amigo de Kardec, mas um homem com outro viés de pensamento.
Quanto a Laymarie, realmente parece ter sido uma escolha que não correspondeu às expectativas.
Então, temos um tema de casa.
O que é mesmo?
Fazer com que o Espiritismo faça sentido a nós.
E citando o professor Henrique Rodrigues
“Você só está realmente certo quando pode admitir estar errado”.
Cordiais saudações.
Carlos Grossini