Jorge Hessen
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O vocábulo angústia advém do latim angustia e significa estreiteza, espaço reduzido, carência, falta. Medo vago ou indeterminado, sem objeto real ou atual. É um temor intempestivo e invasor que nos sufoca (angere, em latim, significa apertar, estrangular) ou nos submerge.
Na filosofia
existencialista, a palavra "angústia" tomou sentido de
"inquietação metafísica" em meio aos tormentos pessoais do
homem. No conceito sartreano, “é na angústia que o homem toma
consciência de sua liberdade (…) na angústia que a liberdade está em seu ser
colocando-se a si mesmo em questão”.[1]
Os materialistas sem
norte acreditam que o ser humano é um ser imperfeito, aberto e inacabado.
Segundo Heidegger, “a angústia é uma característica fundamental da
existência humana. Quando o homem desperta para a consciência da vida, percebe
que ela não tem sentido ou uma finalidade”. [2]
Afastando-nos desse
materialismo decrépito, compreendemos que pelo princípio da reencarnação as
raízes intensas da angústia frequentemente encontram-se entrelaçadas no curso
de vidas passadas, construídas na culpa do Espírito, que reconhece o erro
e receia ser descoberto. Portanto, é um estado mórbido que deve ser combatido
na sua causalidade.
Por essa razão, a
origem da angústia depressiva tem seu suporte no perispírito, e a
rigor não tem raízes de causa na estrutura carnal. O corpo físico tão-somente
reflete o estado da mente. O conflito do enfermo remonta a causas passadas,
possivelmente remotas, com reverberação no presente através do psicossoma.
Certificamos que as
mortes prematuras traumáticas (acidentes, suicídios, homicídios) naqueles que
possuem grande reserva de fluido vital, impõem fortes impressões e impactos
vibratórios na complexa estrutura psicossomática, formando no espírito um
clichê mental possante no momento da morte.
Na reencarnação
seguinte desse espírito, o amortecimento biológico do corpo carnal pode não ser
suficiente para neutralizar os traumas registrados, em formas de flashes, dos
derradeiros momentos da vida anterior. Essa distonia vibratória tende a
reaparecer, guardando identidade cronológica entre as reencarnações. Os flashes
impressionam os neurônios sensitivos do SNC (sistema nervoso central) e estes
desencadeiam os angustiantes sintomas psíquicos via neurotransmissores
cerebrais.
Obviamente o uso dos
fármacos pode estabelecer a harmonia química cerebral, melhorando o humor de
tais espíritos; no entanto, cuidam simplesmente do efeito, pois os
medicamentos não curam a angústia depressiva em suas intrínsecas
causas; apenas restabelecem o trânsito físico das mensagens neuroniais,
melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC.
Se os médicos muitas
vezes são malsucedidos, tratando da maior parte das doenças fisiopsíquicas, é
que tratam apenas do corpo biológico, sem acercarem-se dos traumatismos que os
doentes apresentam na alma edificados em vidas anteriores.
Jesus nos enviou
como legado um dos maiores tratados de psicologia da História: a Codificação
Espírita, cujos preceitos traz à memória humana a certeza de que apesar das
chibatas visivelmente destruidoras da angústia, o homem precisa
conservar-se de pé, denodadamente, marchando firme ao encontro dos supremos
objetivos da vida, enfrentando os obstáculos como um instrumental necessário
que Deus envia a todos nós.
Referência
bibliográficas:
[1]SARTRE,
J. P. O Ser e o Nada: Ensaio de ontologia fenomenológica, trad. Paulo Perdigão
Petrópolis: Vozes, 2002.
[2] CHAUÍ, Marilena. Heidegger,
vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,
1996.