SITES E BLOGS

  • LEITORES
  • sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

    Inutilidade das federações e órgãos de “unificação” espírita no Brasil (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com

    Em 1978, durante a reunião do “CFN” Conselho Federativo Nacional (colégio cardinalício) da FEB, um representante da FEEES- Federação espírita do estado de Espírito Santo defendeu a transformação do” CFN” (colégio cardinalício)- numa Confederação Espírita Brasileira.  Porém, Francisco Thiesen, então presidente da FEB, ameaçou pronunciando que a FEB jamais transformaria o  “CFN” (colégio cardinalício) numa Confederação porque o “CFN” (colégio cardinalício)  era um órgão de [“propriedade”] da FEB. Entretanto, afirmou que os presidentes das federações estaduais eram livres para se reunirem fora do “CFN” (colégio cardinalício) e criarem uma Confederação Espírita Brasileira.  

    Como no Brasil tudo é peculiar, os dirigentes das federações estaduais continuam achando “delicioso” se submeterem ao autoritarismo febiano. Exceto o brioso  Gelio Lacerda da Silva, ex-presidente da FEEES - Federação espírita do Espírito Santo, que narra na obra “Conscientização espírita”[1], “a direção da FEB  na pessoa do vice-presidente, Sr. Juvanir Borges de Souza, ao término da reunião do Conselho Federativo Nacional “CFN” (colégio cardinalício), em Brasília, de julho de 1980, me advertiu dizendo que a reforma estatuária da FEEES fechou as portas a Roustaing e que, se não fosse mudado, a FEB cancelaria a adesão  da FEEES ao  “CFN” (colégio cardinalício)”.

    Lacerda acrescenta que a “FEB vem tomando atitudes arbitrárias e ameaçadoras dessa natureza, isso ao longo de sua existência, sob o olhar dulcificado e complacente dos dirigentes das federativas estaduais. Gelio afirma que com a FEB o movimento espírita vive sob regime de liberdade vigiada". [2]

    Mas Deus é justo. Para quem não sabe, me apraz informar que o ex-prestigioso parque gráfico febiano, localizado em São Cristóvão, Rio de Janeiro,  faliu (encerrou suas atividades) por intervenção, obra e graça da Providência divina.

    Vivemos novos tempos. Creio que a era virtual, das redes sociais e de outras plataformas da internet despedaçaram a supremacia da FEB e das federações estaduais. Hoje em dia, nenhum estudioso ou adepto do Espiritismo necessita dessas entidades antiquadas. Em verdade a Doutrina dos Espíritos tem chegado a incomensurável número de adeptos, graças ao novo paradigma da difusão das obras de Allan Kardec.

    Prevemos uma era de união espontânea, bom ânimo, coragem e sabedoria dos espíritas em torno das obras codificadas por Kardec, e obviamente distantes da chibata da “uniformização”, que é o farol da infausta “unificação” federada. Deste modo, temos observado que afastados das “cúpulas federativas infalíveis” vige maior fraternidade entre os espíritas. Hoje se acolhe e se convive com diversos modos diferentes de abranger, interpretar e vivenciar o projeto da Terceira Revelação.

    Como dizia Chico Xavier - “É preciso fugir da tendência à "elitização" no seio do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos federativos, compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto com as massas, que amemos a todos os companheiros, mas sobretudo, aos espíritas mais humildes social e intelectualmente falando e deles nos aproximarmos com real espírito de compreensão e fraternidade. Mais do que justo evitarmos isso, a "elitização" no Espiritismo, isto é, a formação do "espírito de cúpula", com evocação de infalibilidade, em nossas organizações. [3]

    Ora sabemos que no “espírito de cúpula” e “evocação de infalibilidade”, o primeiro decorre do segundo. Considerar-se “infalível” e superior aos outros é o que caracteriza a prepotência. Chico aponta com coragem que estes problemas estão acontecendo nos "órgãos  federativos". Por que Chico fez tal confissão? Por causa do distanciamento da “cúpula” dos espíritas deserdados. Pela excessiva centralização hierárquica e destruição dos canais de diálogo da maioria das federações com a comunidade pobre dos espíritas de periferia. “Sinceramente, não conseguimos compreender o Espiritismo, sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos, e ao alcance de todos, a fim de que o projeto da Terceira Revelação alcance os fins a que se propõe”. [4]

    Referências bibliográficas:

    [1]DA SILVA, Gelio Lacerda. Conscientização espírita, 1ª. edição, SP: EME editora 1995
    [2] Idem
    [3]cf. Entrevista concedida ao dr. Jarbas leone varanda e publicada no jornal uberabense o triângulo espírita, de 20 de março de 1977, e publicada no livro intitulado encontro no tempo, org. Hércio m. C. Arantes, editora Ide/SP/1979.
    [4]Idem