O
túmulo [de Jesus] permanece aberto e vazio (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
As
pessoas têm sentido inquietação e temor perante a expectativa da desencarnação.
Há aqueles que sofrem de tanatofobia (receio mórbido da morte). Psicólogos têm
examinado os efeitos mentais e sociais causados por pensar na morte. Muitas pessoas
associam a desencarnação a sentimentos como tristeza, dor e saudade. Raros fazem
associação a sentimentos como aceitação e libertação. Falar sobre a morte ainda
é visto como algo depressivo e mórbido. Muitos têm ressalvas de como e com quem
falar sobre o tema. Normalmente os amigos e parentes próximos são pessoas mais
procuradas para conversar sobre isso.
E
esse receio tem sido alimentado por uma mistura de falsos conceitos religiosos,
senso comum e crenças pessoais arraigadas. As religiões humanas são
especialmente responsáveis por gerar uma série de fobias e mitos a respeito da
inevitável viagem ao túmulo.
O
problema do medo da morte é que tal fobia pode impedir que tenham liberdade e
prazer de viver. Daí o conforto que a Doutrina Espírita apresenta, ao instruir
sobre a vida do espírito aqui e no além. A morte
apenas dilata as concepções e aclara a introspecção, iluminando o senso moral,
sem resolver, obviamente, de maneira absoluta, os problemas que o Universo
propõe a cada passo, com os seus espetáculos de grandeza.
A
maior surpresa da morte física é a de colocar o homem face a face com própria
consciência, onde edifica o céu, estaciona no purgatório ou precipitaos no
abismo infernal. Nesse sentido, a ninguém devem o destino senão a si próprios.
Por
outro lado, os que vivem com mais dedicação às coisas do Espírito, esses
encontram maiores elementos de paz e felicidade no futuro. Todos os que
alcançaram aproveitar a encarnação sem viciações e apegos, os que cumpriram a
lei de amor, adquirem laços magnéticos menos densos aprisionando o Espírito ao
corpo.
Permitamos
que o pensamento sobre a “morte” componha de forma ininterrupta e serena nossos
estados mentais, reflexão sem a qual estaremos desaparelhados, ou para o
regresso inevitável ou despreparados para enfrentarmos com serenidade a “morte”
dos nossos entes queridos.
A
revelação Espírita demonstra que “morte” física não é o aniquilamento das
aspirações e anseios no bem, porém o ingresso para a existência autêntica, para
a vida real. Sim! A existência física é ilusória, fugaz, transitória demais. A
separação do corpo pela “morte” não é uma anomalia da natureza. Simplesmente
transfere-se da dimensão física, para o ambiente espiritual.
Sobre
isso, Allan Kardec nos remete a Jesus, e com o Cristo certificamos que o
fenômeno da “morte” é totalmente diferente. No túmulo de Jesus não há sinal de
cinzas humanas, nem pedrarias, nem mármores luxuosos com frases que indiquem
ali a presença de alguém. Quando os apóstolos visitaram o sepulcro, na gloriosa
manhã da “ressurreição”, não havia aí nem luto nem tristeza. Lá encontraram um
mensageiro do reino espiritual que lhes afirmou: “não está aqui”.
Os
séculos se dissiparam e o túmulo [de Jesus] permanece aberto e vazio, há mais
de dois mil anos. Seguindo, pois, com o Cristo, através da luta de cada dia,
jamais localizaremos a amargura do luto por ensejo da “morte” de pessoa amada,
e sim a vida em plenitude.