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  • quarta-feira, 9 de março de 2011

    CHAGAS E CONFLITOS SOCIAIS SÃO REFLEXOS DE SOCIEDADES SEM EVANGELHO


    Em artigo publicado no jornal Le Monde, o francês Edgar Morin, considerado um dos mais importantes pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade, faz um balanço extremamente pessimista da primeira década do Século XXI. Para ele, a globalização foi mais uma vez evidenciada pela exportação da crise financeira americana, tendo provocado o crescimento dos regionalismos e dificultado o desenvolvimento de uma visão mais solidária e fraterna do mundo. Considerando que o atual cenário árabe, por exemplo, está em convulsão, ficamos atônitos em face do discurso proferido pelo primeiro-ministro inglês David Cameron, na Conferência sobre a segurança européia, realizada em Berlim, em que “decretou” que o multiculturalismo era impossível, estava terminado!
    Historicamente, o domínio ocidental se constituiu a partir da expansão européia, no século XV, e promoveu um brutal processo de aculturação mundial. O que chamamos de fundamentalismo islâmico é, na verdade, resistência ao ocidente em quase todos os seus aspectos. Trata-se de um movimento de contra-aculturação. Sabemos que o petróleo levou os países industrializados a interferirem nos assuntos internos do mundo árabe. No mundo muçulmano, a mãe da contra-aculturação foi a Irmandade Islâmica, fundada no Egito em 1928. Ela inspirou a Revolução Iraniana de 1979, que entronizou uma república teocrática islâmica shiíta. Inspirou também o regime talibã, no Afeganistão, a rede Al-Qaeda e os grupos Hamas e Hisbolá, além de outros menos conhecidos.
    “Edgar Morin acredita que a corrida em direção a novos desastres econômicos e climáticos vai se acentuar na próxima década, até porque após a crise econômica que atingiu quase todos os países, os governos ainda não resolveram controlar minimamente a especulação e capitalismo financeiros. Para a nova década que se inicia em 2011, Morin procura ser menos pessimista citando um provérbio turco: As noites estão grávidas e ninguém conhece o dia que vai nascer”.(1)
    Não desconhecemos a rejeição que sofrem muitos países excluídos da tecnologia atual. Impera, nos países ricos, a ganância pelo dinheiro, que atinge patamares surrealistas.
    Cremos que as teorias atuais sobre o bem-estar do homem, considerando a psicologia e a economia, estão ainda a longe do ideal. É urgente que novas propostas teóricas interpretem a paz social em termos de valores mais transcendentes. Tais teses comprovarão a assertiva dos Espíritos e do Evangelho de que os bens materiais não trazem felicidade.
    O Professor da Universidade da Virgínia (EUA), Jonathan Haidt, em seu livro "The Happiness Hypothesis", escreveu: "a família e os amigos são mais relevantes do que o dinheiro e a beleza. Uma condição que nos torna felizes é a capacidade de nos relacionarmos e estabelecermos laços com os demais".(2) Não podemos afirmar que os recursos financeiros são instrumentos do mal, muito pelo contrário, pois o dinheiro (não especulativo obviamente) é suor convertido em cifrão. Mas é urgente que lhe demos funções nobres, lembrando que a moeda no bem faz prodígios de amor.
    Sem adentramos nas interpretações de historiadores, sociólogos, economistas, psicólogos e de cientistas políticos, o que vemos no mundo atual e ainda amargamos na consciência, são os paradoxos de uma suprema tecnologia na área da informática, da genética, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, ao lado dos que sobrevivem nos antros subumanos, destroçados com a dengue hemorrágica, com a febre amarela, com a tuberculose, com a AIDS, e com todos os tipos de droga (cocaína, heroína, skanc, ecstasy, crack etc).
    Ante os conceitos espíritas, sabemos que a Terra é um mundo de expiações e provas, razão pela qual a paz absoluta ainda não se encontra aqui no Planeta, só em mundos mais evoluídos. Em nosso orbe, a tranquilidade social é relativa, consoante consigna o item 20, capítulo V, do Evangelho Segundo o Espiritismo.(3) Um dos pontos cruciais da tese epicurista é que, se temos dinheiro e não temos amigos, nada temos. De acordo com Epicuro, somos influenciados por "opiniões vãs", que não refletem a hierarquia natural de nossas necessidades, enfatizando o luxo e a riqueza, e raramente a amizade, a liberdade e a reflexão. Para muitos apegados ao dinheiro, o Ter é mais importante que o Ser.
    É comum observarmos confrades espíritas apresentando claros sinais de uma vida confortável, portando-se como se não tivessem a mínima condição de ajudar o próximo através de um serviço de assistência social. Tais confrades usam antolhos e não conseguem visualizar e muito menos entender, que numa sociedade onde o homem seja consciente dos ditames do Criador, isto é, da prática do bem, não haverá violência, sequestros, prostituição, poligamia, traição, inveja, racismo, inimizades, tristeza, fome, ganância e guerras; e mais: não se encontrarão pessoas perambulando pelas ruas, embriagadas, sujas, cabelos desgrenhados, roupas ensebadas, catando coisas no lixo ou esmolando, em razão de quedas morais.
    Porém, infelizmente a cada dia, sucumbem muitos jovens e adolescentes que são comercializados para o mercado da lascívia, algemados nos ambientes regados por alucinógenos e de brutal violência, onde são perpetrados crimes inconcebíveis sob o estímulo da miséria moral.
    Nesse tétrico e indesejável panorama terreno, a mensagem do Cristo é um remédio de inimaginável potencial de cura, sendo o mais eficaz para a redenção humana. É verdade! Ao Cristianismo está reservada a tarefa de alargar os horizontes dos conhecimentos, nos domínios da alma humana, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam as sociedades contemporâneas de todas as culturas, projetando luz nas questões quase que indecifráveis do destino e das dores morais do homem contemporâneo.
    Jorge Hessen

    http://jorgehessen.net

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