Jorge Hessen
Brasília/DF
A vida e o Universo são magníficos mistérios.
Dádiva de Deus, que não podemos, nem vamos compreender de maneira tão
simplória. Há dois mil anos, Jesus proclamou que "há muitas moradas na
Casa do meu Pai". (1) Atualmente, não é difícil compreendermos que Deus
criou Sua Casa (Universo), em cuja morada estão os incontáveis planetas. A
questão fundamental é: Nós estamos sozinhos no Universo? Os astrônomos afirmam
que estão próximos de responder essa questão que sempre perseguiu a humanidade,
desde o início da civilização.
O diretor do observatório astronômico do Vaticano
(2), padre José Gabriel Funes, afirmou que Deus pode ter criado seres
inteligentes em outros planetas, do mesmo jeito como criou o Universo e os
homens. "Isso não contradiz nossa fé, porque não podemos colocar limites à
liberdade criadora de Deus", acrescentou Funes, em entrevista ao jornal
L'Osservatore Romano, órgão oficial de imprensa da Santa Sé".(3)
Um dos ramos científicos que mais têm crescido,
desde os anos 50, fazendo audaciosas pesquisas, ampliando muito o acervo de
seus conhecimentos, é a Astronomia. Dela derivam, ou com ela interagem, a
Astrofísica, a Astroquímica, a Exobiologia (estudo da possibilidade de vida
fora da Terra). Simon "Pete" Worden, astrônomo, que lidera o Centro
de Pesquisas Ames da NASA, afirma que nós [na Terra] não estamos sozinhos, pois
que há muita vida [pelo Universo]. Desde 1995, a Astronomia registrou a
descoberta de 400 novos planetas, pertencentes a outros sistemas planetários,
muito além deste do qual fazemos parte. Na conferência anual da Sociedade
Astronômica Norte-Americana, em cada descoberta, envolvendo os planetas de fora
do nosso Sistema Solar (exoplanetas), apontam para a mesma conclusão: orbes,
como a Terra, são, provavelmente, abundantes, apesar do violento Universo de
estrelas explosivas, buracos negros esmagadores e galáxias em colisão.
O fato é que estamos na Terra, um dos nove planetas
do Sistema Solar. Embora pese mais de 6 sextilhões de toneladas e apresente uma
superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados, nem por isso é o maior
destes planetas que giram ao redor do Sol. Júpiter, por exemplo, lhe é 1.300
vezes maior. Sobre este planeta, Kardec escreveu que "muitos Espíritos,
que animaram pessoas conhecidas na Terra, disseram estar reencarnados em
Júpiter" (4)
James Jeans, um dos maiores astrônomos do nosso
século, afirma, no livro The Universe Around Us (o Universo em volta de nós)
que: o número de sistemas planetários, em todo o Espaço, é inimaginavelmente
grande. Bilhões deles podem constituir réplicas, quase exatas, de nosso sistema
Solar, e milhões de planetas podem constituir outras réplicas, quase exatas, da
Terra. Ora, por que só existiria vida aqui no orbe, um planeta que tem um
volume de 1.300.000 vezes menor que Júpiter; que dista da lua aproximadamente
de 380.000 quilômetros. "Marte, está distante de nós (na Terra) cerca de
56.000.000 de quilômetros, na época de sua maior aproximação; Capela é 5.800
vezes maior que nosso [planetinha]; Canópus tem um brilho oitenta vezes superior
ao Sol". (5) Há estrelas tão brilhantes, cuja luz tem uma intensidade 1
milhão de vezes maior do que a luminosidade solar.
O Sistema Solar possui 9 planetas com 57 satélites.
No total, são 68 corpos celestes. E, para que tenhamos noção de sua insignificância,
diante do restante do Universo, "nosso Sistema compõe um minúsculo espaço
da pequena da Via Láctea" (6), ou seja, um aglomerado de, aproximadamente,
100 bilhões de estrelas, com, pelo menos, cem milhões de planetas, que, segundo
Carl Seagan, no mínimo, 100 mil deles com vida inteligente e mil com
civilizações mais evoluídas que a nossa. (7)
As últimas observações do telescópio Hubble (em
órbita), elevaram o número de galáxias conhecidas. Sabe-se, hoje em dia,
existirem, pelo Universo observável, pelo menos, 10 bilhões de galáxias. Em
1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível
ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente a 1 quatrilhão de sóis
[isso mesmo, 1 quatrilhão!]. Acreditar que somente a Terra tenha vida é supor
que todo esse imensurável Universo tenha sido criado sem utilidade alguma, e
seria uma impossibilidade matemática que, num Universo tão inimaginável, não se
tivesse desenvolvido vida inteligente, senão neste pequeno planeta. Aliás, seria
um incompreensível desperdício de espaço.
Concretamente, a Terra é, sem dúvida, o
"único" local habitado que sabemos com certeza ter vida, pois,
afinal, estamos aqui. No entanto, as provas materiais, da possibilidade
fortíssima de haver vida em muitos outros lugares, estão em todo lugar:
Astrônomos descobriram sinais de matéria orgânica em outro planeta; meteoros
caem, aos montes, com vários compostos orgânicos essenciais à vida, sendo,
talvez, o mais famoso deles o meteorito de Murchison; e, nem precisando ir tão
longe, a Terra, mesmo, mostra-nos que a vida existe, também, nos locais mais
inóspitos e surpreendentes e sob as condições mais hostis, como se vê no caso
das formas de vida extremófilas, presentes em ambientes extremos, como
gêiseres, mares polares frios e lagos altamente salinos.
Segundo Allan Kardec , "repugna à razão crer
que esses inumeráveis globos que circulam no espaço não são senão massas
inertes e improdutivas."(8) A Ciência vem descobrindo, incessantemente,
planetas situados em outros sistemas estelares. No campo das pesquisas
científicas "o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas
descobertas lhe demonstrarem estar em erro, acerca de um ponto qualquer, ele se
modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará."
(9)
A proposição kardequiana, da pluralidade dos mundos
habitados, continua tão atual quanto na data de sua publicação. Portanto, o
Espiritismo corrobora com a tese da existência de vida fora da Terra.
Destaque-se que, antes que a ciência humana e as religiões tradicionais
admitissem essa possibilidade, os Espíritos revelaram, na questão 55, de O
Livro dos Espíritos, "que são habitados todos os mundos que giram no
espaço e que a Terra está muito longe de ser o único planeta que asila vida inteligente".
(10)
A propósito, o Espírito Emmanuel confirma que,
"nos mapas zodiacais, observa-se, desenhada, uma grande estrela na
Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela.
Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória
pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos,
cantando as glórias divinas do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para
chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente
entre a Capela e o nosso planeta. Há muitos milênios, um dos orbes da Capela,
que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de
um dos seus extraordinários ciclos evolutivos."(11)
Reafirma, ainda, Emmanuel que "alguns milhões
de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a
consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e
virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que
fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então,
localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra
longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu
ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o
progresso dos seus irmãos inferiores." (12)
Aqueles seres, explica o mentor de Chico Xavier:
"angustiados e aflitos, que deixavam, atrás de si, todo um mundo de
afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam
degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite
dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças
ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos
distantes. Por muitos séculos, não veriam a suave luz da Capela, mas
trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa
misericórdia."(13) Sobre isso Agostinho afirmou no século XIX que
"não avançar é recuar, e, se o espirito não se houver firmado bastante na
senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então, novas e mais
terríveis provas o aguardam".(14)
Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
Blog:
http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com
FONTES:
(1) Cf. João 14:2
(2) A sede do observatório do Vaticano se localiza
em Castelgandolfo, cidade próxima de Roma, onde fica situado o palácio de verão
do papa, desde 1935. O interesse dos pontífices pela astronomia surgiu com o Papa
Gregório 13, que promoveu a reforma do calendário em 1582, dividindo o ano em
365 dias e 12 meses e introduzindo os anos bissextos.
(3) Disponível em
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL468362-5603,00-VATICANO+ADMITE+QUE+PODE+HAVER+VIDA+FORA+DA+TERRA.html,
acessado em 18-01-10
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 2001, Cap. IV - Pluralidade das Existências / Item III -
(Encarnação nos Diferentes Mundos)
(5) XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro, ditado pelo
Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1994, Cap. 1.
(6) As últimas observações do telescópio Hubble (em
órbita), mostram o número de galáxias conhecidas de 50 milhões.
(7) Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o
observatório localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a
luminosidade correspondente a um quatrilhão de sóis.
(8) Allan Kardec, esposava a mesma idéia. Em 1858,
escreveu em A Revista Espírita
(9) Kardec, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Ed.
FEB, 2001, cap. I
(10) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg. 55
(11) XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz,
ditado pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1994
(12) idem
(13) idem
(14) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, cap. III
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