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  • quarta-feira, 16 de junho de 2010

    O GENOMA SINTÉTICO ANTE A PERSPECTIVA ESPÍRITA





    Um grupo de 25 cientistas conseguiu gerar uma célula viva em laboratório, a partir da alteração das características genéticas. Fato que, segundo os pessimistas, abre caminho para a manipulação da vida numa escala talvez nunca alcançada.(!) Visando produzir a célula sintética(1), nos laboratórios em Rockville, Maryland, e em San Diego, os cientistas transformaram um código de computador numa forma de vida. Iniciaram com uma espécie de bactéria chamada Mycoplasma capricolum e, ao substituir seu genoma por outro escrito por eles, a transformaram numa variante de uma segunda espécie existente, chamada Mycoplasma mycoides.
        Os membros do grupo escreveram todo o código genético da criatura como um arquivo de computador, documentando mais de um milhão de pares base de DNA em um alfabeto bioquímico de adenina, citosina, guanina e timina. Editaram o arquivo, acrescentando um novo código, e então enviaram os dados eletrônicos para a empresa de sequenciamento de DNA - Blue Heron Bio, em Bothell, Washington, onde ele foi transformado em centenas de pequenos pedaços de DNA químico.
     Os pesquisadores garantem que a pesquisa bioquímica proporcionará melhorias para tecnologia de água limpa, criação de bactérias que se alimentam de petróleo, no caso de um eventual vazamento nos mares e oceanos, bactérias capazes de capturar gases causadores do efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2), bactérias para produção de vacinas num período de tempo menor do que se gasta hoje para sua produção, entre outras inúmeras utilidades.  
    Pode ser que os resultados tragam determinadas preocupações, e certamente será alvo de muitas críticas e polêmicas em torno da bioética, assim como ocorreu com os estudos sobre clonagem, sobretudo se caírem em mãos erradas, o que poderá ser utilizado como arma biológica, e teria efetivamente efeitos catastróficos para a humanidade. Por essa razão, há perplexidade e preocupação com o tal genoma sintético, e tem aqueles que destacam como um potencial devastador salto ao desconhecido.
        Na visão dos que pensam que tudo caminha para o pior, um organismo produzido com a expectativa de cumprir determinadas funções pode sofrer alterações a partir de seu contato com o ambiente, que vai criar variedades com funções muito diferentes, fugindo ao controle do laboratório. Outro voraz pesadelo dos pessimistas é o fantasma da eugenia.
         Evidentemente, a possibilidade de criar células artificiais com funções definidas dará início a uma delicada discussão sobre o uso ético da tecnologia. Mas, para muitos especialistas, a descoberta representa o início de uma nova era na biologia sintética e, possivelmente, na biotecnologia.(2) É bem verdade que no fim da primeira parte do Projeto Genoma, em fevereiro de 2001, muitas suposições científicas não se confirmaram. Descobriu-se que o genoma humano tem um número baixo de genes e que o citoplasma diz ao núcleo o que fazer e não ao contrário, como se supunha.
        Contudo, por mais que tentem barrar o caminhar da ciência ela não para, até  porque há um campo enorme a ser explorado, em todas as áreas do conhecimento humano. É como se estivéssemos catando conchinhas na praia, enquanto há um imenso oceano a percorrer, há enorme extensão da nossa ignorância ante as leis naturais, lembrava Isaac Newton.
    Na condição de espíritas, sabemos que “o Espiritismo e a Ciência completam-se um ao outro; à Ciência sem o Espiritismo, fica impossível explicar certos fenômenos só com as leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, lhe faltaria apoio e controle."(3) Os Instrutores Espirituais afirmam, ainda,  que “enxergamos apenas uma oitava parte do que acontece ao nosso redor, o que nos dá ideia do quanto a Ciência terá que avançar para descobrir as múltiplas dimensões da vida e o tipo de ‘matéria’ que entra na constituição de cada uma delas, o que significa decifrar os múltiplos arranjos da natureza.”(4)
    Temos convicção de que deve haver uma coexistência entre Ciência e espiritualidade, como novo paradigma acadêmico. Embora o Espiritismo trate de assuntos que escapam ao domínio das ciências clássicas, que se circunscrevem aos fenômenos físicos, Kardec, no Século XIX, escreveu que o "Espiritismo e a ciência se completam, reciprocamente".(5)
    O mestre de Lyon lembrou que "O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará."(6)
    Sobre o tema genoma sintético, cremos que toda a humanidade se beneficiará com as pesquisas dos abnegados cientistas que têm devotado suas vidas a descobertas fascinantes para melhorar a qualidade de vida no Planeta. A ciência progredirá sempre e será exercida, como usualmente, de forma compatível com o merecimento e  desenvolvimento espiritual da humanidade. 
        Jorge Hessen
    Fontes:
    (1) Apenas o genoma da célula é sintético - ou seja, a célula que recebe o genoma é uma célula natural, não sintetizada pelo homem.
    (2) O especialista em biologia sintética Paul Freeman, codiretor do EPSRC Centre for Synthetic Biology do Imperial College, em Londres, disse que o estudo de Venter e sua equipe pode marcar o início de uma nova era na biotecnologia.
                (3) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 2003, Cap. 1
    (4) Essas citações espirituais vieram através do médium Francisco C. Xavier, mais particularmente, de 1943 a 1968, e constam dos livros: Os Mensageiros, cap. XV, (1944); Evolução em Dois Mundos, cap.III (1958); E a Vida Continua..., cap.9 (1968). Nestes dois últimos, Chico Xavier teve a colaboração do então médium, Waldo Vieira
    (5) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 2003, Cap. 1, parágrafo 16,
    (6) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 2003, cap. 1, item 55

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