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  • terça-feira, 8 de novembro de 2011

    O PASSE NUMA SUCINTA ANOTAÇÃO ESPÍRITA


    O biólogo Ricardo Monezi, mestre em fisiopatologia experimental pela Faculdade de Medicina da USP e pesquisador da unidade de Medicina Comportamental da Unifesp, estudou a fundo a técnica de imposição de mãos [passe]. Lembramos que na atualidade o passe é empregado por outras religiões, que o apresentam sob nomes e aparências diversas (benção, unção, johrei, heiki, benzedura), além do quê, pessoas sem qualquer relação com movimentos religiosos também o empregam.
    Para Monezi, os dados preliminares apontam que a prática do passe gera mudanças fisiológicas e psicológicas, como a diminuição da depressão, da ansiedade e da tensão muscular, além do aumento do bem-estar e da qualidade de vida. Ressaltamos que a Doutrina dos Espíritos clarifica melhor e explica as funções do perispírito, que “é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos”(1), além de o mesmo interagir de forma profunda com o corpo biológico, razão pela qual as energias transmitidas pelo passe e recebidas inicialmente pelos centros de força(2), atingem o corpo físico através dos plexos (3), proporcionando a renovação das células enfermas.
    “Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos (físicos) são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.” – explica o Espírito Emmanuel.(4) Recordemos que Jesus utilizou o passe "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente, para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram largamente. Entretanto, é nas hostes espíritas que o passe é melhor compreendido, mais largamente difundido e utilizado, “dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação.”.(5)
    Segundo Ricardo Monezi, “um dos centros que avaliam o assunto é a respeitada Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. A física atual não consegue classificar a natureza dessa força, mas vários estudos indicam que se trata de energias eletromagnéticas de baixa frequência.".(6) Tiago escreveu: “toda boa dádiva e dom perfeito vêm do Alto”.(7) Sim, as energias magnéticas e a prática do bem podem admitir as expressões mais diferentes. Suas essências, contudo, são continuamente as mesmas diante do Soberano da Vida.
    Os passes poderão ser espirituais, em função do magnetismo provindo de irmãos desencarnados que participam dos processos, e humanos, através do magnetismo animal do próprio passista encarnado. “A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas depende, também, da energia, da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.”.(8) É importante explicar, porém, que o tratamento espiritual através do passe, oferecido na Casa Espírita, não dispensa tratamento médico.
    Infelizmente toda a beleza das lições espíritas, que provém da fé racional no poder das energias magnéticas pelo passe, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e burlescas de tratamentos espirituais atualmente praticados em algumas instituições espíritas mal dirigidas. O passe não poderá, em tempo algum, ser aplicado com movimentos bruscos, utilizando-se malabarismos manuais, estalos de dedos, cânticos estranhos e, muito menos ainda, estando incorporado e, psicofonicamente, verbalizando “aconselhamentos” para o receptor. Isso não é prática espírita.
    “O passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso, com simplicidade e naturalidade.”.(9) Na casa espírita não se admitem as encenações e gesticulações em que hoje se envolveram terapias esquisitas tais como apometrias, desobsessão por corrente magnética,“choques anímicos”, cristalterapias (poderes das pedras???), cromoterapias (poderes das cores???) e outras “terapias” mitológicas, geralmente atreladas a antigas correntes espiritualistas do Oriente ou de origem mística, ilusionista e feiticista. É sempre bom lembrar a tais adeptos fervorosos que todo o poder e toda a eficácia do passe genuinamente espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo.
    Por conseguinte, na aplicação do passe não se fazem necessários a gesticulação violenta, a respiração ofegante ou o bocejo contínuo, e que também não há necessidade de tocar o assistido. “A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular”.(10) As encenações preparatórias – “mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente.”.(11) A formação das chamadas “correntes” mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, “as ‘correntes’ de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século XIX, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.”.(12)
    O passe é prece, concentração e doação. “A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai”.(13) Por ela, consegue o passista duas coisas importantes e que asseguram o êxito de sua tarefa: expulsar do próprio mundo interior os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum durante o dia de lutas materiais; Sorver do plano espiritual as substâncias renovadoras de que se repleta, a fim de conseguir operar com eficiência, a favor do próximo presente ou distante do local de sua aplicação.
    Em que pese aos místicos que ainda não compreendem e criam confusões ao aplicarem o passe, reconhecemos que muitos encarnados e desencarnados são beneficiados por ele, pois sabemos que é manifestação do amor de Deus, esse sentimento sublime que abarca a todos e os alivia. Importa-nos lembrar, porém, um pensamento Xavieriano: o passe, tal como terapia, não modifica necessariamente as coisas, para nós, mas pode modificar-nos a nós em relação às coisas.

    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net

    Referências Bibliográficas:
    (1)    Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. Feb, 29ª edição, 1986, cap. XIV
    (2)    Os centros de força são o Centro Coronário (se assenta a ligação com a mente que é sede da nossa consciência); .Centro Frontal (atua sobre as glândulas endócrinas, sobre o sistema nervoso); Centro Laríngeo (controla as atividades vocais, do timo, da tiróide e das paratireóides, controlando totalmente a respiração e a fonação); Centro Cardíaco (responsável por todo o aparelho circulatório); Centro Esplênico (regula o sistema hemático) ; Centro Solar ou Gástrico (responsável pela digestão e absorção dos alimentos sólidos e fluidos) ; Centro Genésico (orientador da função exercida pelo sexo)
    (3)    Os plexos são constituídos pelo nosso sistema nervoso autônomo ou vegetativo e neles haveria, digamos assim, centrais irradiantes, os chamados centros de forças.
    (4)    Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 98
    (5)    Idem, perg 99
    (6)    Disponível  em < http://mdemulher.abril.com.br/bem-estar/reportagem/viver-bem/cientistas-    exploram-poder-cura-energia-maos-640628.shtml > acessado em 03/11/2011
    (7)    Tiago 1:17
    (8)    Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. Feb, 29ª edição, 1986, cap. XIV
    (9)    Kardec, Allan. Obras Póstumas, RJ: Ed. Feb, 1987, cap. VI, item 54
    (10)    Waldo Vierira. Conduta Espírita , ditado pelo espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 1998, Cap. 28
    (11)    Pires, José Herculano. Artigo  “O Passe” disponível emhttp://www.espirito.org.br/portal/publicacoes/herculano/opd-12.html> acessado em 07/11/2011
    (12)    Idem
    (13)    Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado  pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000, Cap.17