A pornografia é o erotismo vazio de amor (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
A pornografia é o erotismo vazio
de afeto, amor e desvelo, por isso é um assunto espinhoso, sensível e
controverso. No mundo tecnológico, um
imenso contingente de pessoas trafega no universo virtual (em média 9h diárias)
aliciadas pelos poderosos convites às viagens eróticas do apelo pornográfico.
Há pouco menos de meio século, a
exibição de filmes “adultos” entulhava os porões das fétidas salas de cinemas
eróticos. Nessas lúgubres cavernas as pessoas fascinadas aos apelos da
alucinação sexual procuravam os “shows” de sexo explícito, filmes e revistas
especializados. Em seguida, para nossa desdita, com a expansão da Internet, o
tráfico do lado negativo da sexualidade saiu dos funestos antros e rompeu
fronteiras através dos meios de comunicação, alcançando o espaço sagrado dos
nossos lares sem qualquer pudor.
Nesse extremo, a internet tem
estabelecido grande influência entre crianças, jovens, adultos e idosos, e entre os contumazes usuários, tornando
possível que os consumidores de pornografia permutem informações entre si e
possam identificar gêneros, estilos e gostos, fazendo com que compartilhem suas
preferências e permitindo o encontro de fantasias ou práticas criminosas de
pedofilia e outras parafilias.
Numa linguagem espírita, diria que o “UMBRAL” nunca esteve tão presente e
próximo dos lares terrenos. Há um impressionante número de mulheres casadas que
se queixam de solidão (no sentido de solidão sexual), em virtude de seus
esposos serem contaminados e viciados na pornografia virtual. E o inadmissível
da situação é saber que muitos desses maridos consumidores de pornografias
são “cristãos”, “bons” espíritas, pais
de família exemplares e profissionais de proeminência.
Os consumidores de pornografia,
na maioria dos casos, ou estão viciados ou prestes a se viciarem em sexo. Tais
pessoas passam a pensar e a se absorverem pouco a pouco com sexo. As fantasias
sexuais, as figuras pornográficas passam a colonizar gradativamente as suas
mentes, passando a invadir insistentemente os seus pensamentos nas ocasiões
mais impróprias.
A nossa sexualidade não pode ser
avaliada sob o prisma dos que a consideram impura e proibitiva, muito menos sob
as impressões dos que anseiam algemá-la ao plano da banalidade como simples
fricção de células causadoras de deleite erótico. A sexualidade humana é de
procedência divina e sua possante energia, que alastra no ser de forma natural,
não deve ser inibida de forma insana, todavia urge ser disciplinada no sentido
de atingir seu desígnio, como força fecunda e criadora, a fim de produzir o
avanço espiritual do homem.
Não estamos propondo castrações,
mas sublimação. Até porque todos somos impregnados desse potencial e convocados
a aprender a discipliná-lo. Com o
Evangelho aprendemos que quando um casal se ama, os parceiros se apetecem e se
reverenciam. A vida e experiência sexual entre ambos é respeitosa e prazerosa.
O amor entre os dois não está condicionado apenas à sexualidade, todavia vai
muito mais além, incluindo amizade, companheirismo e cuidado pela satisfação de
suas necessidades. Quando, porém, isso não ocorre e há a necessidade compulsiva
de fantasias, autoerotismos e pornografias, esse casal não está em harmonia; encontra-se psicologicamente corrompido e não é
feliz.
Compreendemos que precisamos ser
indulgentes com aqueles que são servos da pornografia, abarcando que cada ser é
um ente divino em suas potencialidades de amor que com certeza eclodirão no
futuro, até porque esses atrasos morais são particularidades do estágio de
expiação e provas do homem terreno. Deste modo, precisamos orar e orientar
aqueles que nos solicitam auxílio, demostrando as implicações infelizes do sexo
em desatino, conforme nos advertem os Benfeitores do além.