Jorge Hessen
O conceito de religião intrínseca segundo o psicólogo Gordon Allport está integrada ao núcleo da personalidade do indivíduo, sendo a religião uma busca autêntica e central para a vida, que guia valores morais e éticos e oferece significado à existência.
Por outro lado, a
religiosidade extrínseca é utilizada para benefícios externos, como status
social ou segurança.
Allport via a
religiosidade intrínseca como uma expressão de uma personalidade madura e menos
propensa ao preconceito. A religião é o eixo principal em torno do qual a
pessoa organiza sua vida e valores. É uma busca pessoal e genuína, em vez de
uma adesão a normas sociais ou conveniências.
Allport sugeriu que essa
forma de religiosidade está ligada a uma personalidade madura e a uma menor
propensão a atitudes discriminatórias.
Portanto , está em contraste
com a religiosidade extrínseca que é usada para obter vantagens, como fazer
amigos, ganhar prestígio ou se sentir seguro. A religiosidade extrínseca é
vista como mais superficial, utilitária e menos integrada à personalidade do
indivíduo. Numa relação superficial a religião serve como um meio para um fim,
e não como um propósito em si
Allport citou o exemplo
de indivíduos que usam a religião para justificar o preconceito, indicando que
seu uso não era genuinamente motivado pela fé.
As crenças religiosas intrínsecas
são totalmente internalizadas e moldam as atitudes, os valores morais e a visão
de mundo do indivíduo. A religião se torna um "motivo mestre" que
inunda toda a vida da pessoa, oferecendo significado e direção para suas ações.
Há uma adoção da doutrina
da "irmandade humana", em que os praticantes se preocupam com os
outros e não usam a religião para fins egoístas.
Allport via a
religiosidade intrínseca como uma forma mais madura de fé, que se desenvolve e
integra na vida adulta, em contraste com a religião mais imatura e extrínseca
da infância.
Visto por outro prisma, a
religião intrínseca de Einstein era a "religião cósmica", uma
espiritualidade sem dogmas ou um Deus pessoal, centrada na admiração pela ordem
e harmonia do universo.
Em abreviada divagação sobre as religiões
extrínsecas (dogmáticas), trazemos para discussão o artigo Cosmic
religion de Albert Einstein, contido no livro Out of my later Years ,onde
é publicado as coerções das autoridades escravizantes e encarcerantes da
religião extrínseca (sectária).
Einstein acerca-se da
questão da religiosidade intrínseca como sendo a nossa comunhão perfeita com o
Criador, sopesando a superfluidade dos procuradores intermediários do Senhor da
Vida, habitualmente impondo práticas coativas, punitivas e negocistas de coisas
“sacras”, sob o tacão das obrigações dos pactos impudicos.
No nível elevado de
religião cósmica conseguimos nos conectar com liberdade nas coisas e
circunstâncias mais profundas do Universo. Livres, construímos uma relação
profundamente harmoniosa, a partir da qual nos abastecemos da energia amorosa
do Criador da Vida.
Numa relação de subnível
religioso Einstein denominou a religião do medo quando o homem teme a
Deus e rende culto externo para ser supostamente protegido das adversidades da
vida, alimentando sempre a insegurança e temor dos castigos do Deus extrínseco.
Noutro desnível de
subserviência religiosa o Pai da Teoria da Relatividade denominou de religião
da angústia aquela em que o homem é totalmente manipulado pelas castas
sacerdotais dotadas de poderes para advogarem junto ao Deus antropomórfico
alvitrando libertação das angústias sociais os seus seguidores.
Já no elevado nível da
religiosidade intrínseca Einstein nomeia de religião cósmica. Recordando
que os grandes gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por
possuírem este senso de religiosidade intrínseca cósmica. Por não reconhecerem
necessidades dos dogmas e muito menos um Deus concebidos a imagem humana.
Por isso, a religião dita
tradicional abomina a religião cósmica sugerida por Einstein. Até porque, é
precisamente entre os denominados heréticos de todos os tempos, afirma o Gênio
da física, que encontramos homens que foram inspirados por essa elevada
experiência religiosa cósmica, porém, foram considerados eventualmente pelos
seus contemporâneos como ateus, ou até às vezes também como os santos.
Por este ângulo, homens
como Demócrito, Francisco de Assis e Espinoza se assemelham. Como pode o
sentimento religioso cósmico intrínseco ser transmitido de uma pessoa a outra
se ela destrói a noção limitante de Deus e a dogmática teologia humana?
Na perspectiva do
Einstein a função mais importante seja da arte e da ciência consiste em
despertar e manter vivo este sentimento de religião cósmica em todos os que
sejam receptivos a Deus. O homem que está profundamente convencido da função
universal da lei da causalidade não pode considerar a ideia de um Deus qual um
ser mesquinho que interfere no curso dos acontecimentos mais comezinhos.
