Jorge Hessen
Brasílila-DF
Herculano Pires foi
exímio estudioso Doutrina dos Espíritos e percebia nas obras contidas nos 13 volumes de “A vida
no Mundo Espiritual” de André Luiz como valiosas explicações dos princípios
espíritas, descrevendo a dinâmica da vida espiritual por meio de relatos brilhantes
, porém as avaliava criticamente, questionando algumas raras palavras e termos que poderiam destoar da
terminologia doutrinária" e "alguns poucos conceitos que nem sempre se assentam
aos princípios espíritas", a exemplo dos termos "ovoides" e “aérobus”
persistindo para que não suprissem os
termos da Codificação Kardequiana, mas apenas complementassem o estudo.
Ora, qualquer estudioso precavido deve estar atento ao perigo de aceitar tudo como verdade absoluta ou de substituir as obras de Kardec pelas narrativas de qualquer espírito (incluindo André Luiz e outros obviamente), enfatizando a necessidade de maturidade e discernimento para separar a ilustração do ensinamento doutrinário.
Há, sem dúvida, alguns pontos-chave da visão herculanista que merecem reflexões desapaixonadas, vejamos: Ele reconhecia os livros de André Luiz como um grande trabalho de ilustração dos princípios do Espiritismo, usando experiências vividas nos planos espirituais para exemplificar a doutrina.
Portanto, Herculano não
era e jamais foi um negador das obras de André Luiz, porém um analista crítico.
Utilizou as próprias obras de André Luiz
em seus textos para ilustrar aspectos da doutrina, como no caso dos ovoides em
"Ação e Reação". Assinalava incongruências
bem pontuais, como a terminologia "ovoides" e “aérobus”
, que considerava um neologismo ou um conceito que precisava de maior ajuste
doutrinário. Mas, a despeito desses pontos controversos, as obras de André
Luiz eram vistas como complementares, não substitutivas.
Herculano enfatizava que
André Luiz (e o médium) usavam figuras de linguagem (metáforas) e termos
analógicos para descrever realidades espirituais que a linguagem humana não
alcançava perfeitamente, o que podia gerar confusão. Mas que fique bem claro de uma vez por todas: Herculano
Pires batia de frente com os que
rejeitavam as obras de André Luiz e obviamente também combatia os que
as elevavam acima da Codificação, defendendo a liberdade de pensamento
dentro dos marcos da Doutrina Espírita.
Logicamente Herculano
Pires era um crítico ponderado, que valorizava a riqueza das narrativas de
André Luiz, mas (como deve ser com qualquer um de nós) as filtrava pela
lente da Codificação, defendendo uma fé raciocinada e um estudo aprofundado que
evitasse deslizes em "caçadas de novidades".
Realço que Herculano
Pires não "criticava" as obras de André Luiz no sentido de as
rejeitar, mas sim fazia ressalvas rigorosamente pontuais e análises
criteriosas para garantir a fidelidade à codificação de Allan Kardec.
Pires defendia a
validade geral da obra de André Luiz, mas (repito mil vezes) como qualquer
um estudioso cauteloso, combatia interpretações que a consideravam uma "quarta
revelação" ou que a colocavam acima dos princípios básicos do
Espiritismo, o que seria uma estupidez.
E suma , a principal
preocupação de Herculano Pires era com a posição de alguns setores do movimento
espírita que elevavam as obras de André Luiz (e outras obras mediúnicas) ao
nível de uma espécie de "quarta
revelação" (sic), o que, todos sabemos, desviava o foco da proposta da
Terceira Revelação que deve estar acima de tudo!.
Reenfatizo que em vez de
uma crítica destrutiva, ardilosa e prepotente de alguns kardequiólogos saradões,
a postura de Herculano Pires era uma defesa coerente da proposta do
Espiritismo, visando evitar anomalias, desvios e sincretismos.
Em resumo, Herculano
Pires via as obras de André Luiz como importantes contribuições ilustrativas
e complementares que enriqueciam a compreensão da vida espiritual, desde
que analisadas à luz da Codificação Espírita e não como uma fonte superior ou
substituta desta o que concordamos plenamente.
