Jorge
Hessen
Gregory
Robert Smith é um norte-americano cuja genialidade surpreende o Mundo, até
mesmo, quando comparado a outros prodígios. Ele poderia ter sido um
pré-adolescente comum, não fosse o enorme potencial de sua inteligência,
sobrepondo, e muito, a média apresentada pelo "quociente de
inteligência" dos jovens de sua idade. Com, apenas, um ano e dois meses de
idade, resolvia problemas simples de álgebra e, aos 13 anos, graduou-se em
Matemática, pela Randolp-Marcon College, em Washington. É presidente de uma
Fundação, a Youth Advocates, dedicada à defesa de jovens carentes; já esteve
com Bill Clinton, Michail Gorbachev e a Rainha Noor, da Jordânia, discutindo o
futuro da Humanidade e, em 2002, foi indicado ao prêmio Nobel da Paz.
Gregory
tem Q.I. muito acima de 200 e pertence a uma classe de superdotados que
representam, apenas, 0,1% da população mundial. Da estirpe dele, somente
Wolfgang Amadeus Mozart, que, aos dois anos de idade, já executava, com
facilidade, diversas peças para piano; dominava três idiomas (alemão, francês e
latim) aos três anos; tirava sons maviosos do violino aos quatro anos;
apresentou-se ao público pela primeira vez e já compunha minuetos aos cinco
anos; e escreveu sua primeira ópera, La finta semplice, em 1768, aos doze anos.
John Stuart Mill aprendeu o alfabeto grego aos três anos de idade. Dante
Alighieri dedicou, aos nove anos, um soneto a Beatriz. Goethe sabia escrever em
diversas línguas antes da idade de dez anos. Victor Hugo, um dos maiores
gênio literatos da França, escreveu poesias com quinze anos de idade. Pascal,
aos doze anos, sem livros e sem mestres, demonstrou trinta e duas proposições
de geometria, do I Livro de Euclides; aos dezesseis anos, escreveu
"Tratado sobre as cônicas" e, logo adiante, escreveu obras de Física
e de Matemática. Miguel Ângelo, com a idade de oito anos, foi dispensado das
aulas de escultura pelo seu professor, que nada mais havia a ensinar. Allan
Kardec, examinando a questão da genialidade, perguntou aos Benfeitores: - Como
entender esse fenômeno? Eles, então, responderam que eram "lembranças do
passado; progresso anterior da alma(...)" (2)
Gregory
começou a falar com, apenas, dois meses de idade. Quando completou um ano, já
memorizava o conteúdo de livros volumosos - tinha na cabeça a coleção inteira
de Júlio Verne. Aos cinco, terminou o colegial e era capaz de dissecar tudo
sobre a Terra, desde a pré-história, até os dias atuais. Virou estrela: capa do
The Times Magazine, manchete do New York Times e do Washington Post. Foi
sabatinado por David Letterman e Oprah Winfrey, anfitriões de dois dos
programas de maior audiência nos Estados unidos. Linda Silverman, então
Diretora do Centro de Desenvolvimento de Superdotados, em Denver, Estado
americano do Colorado, disse, à ABC News, que "nunca vi um caso como esse
em 40 anos de profissão". Gregory, naquela época, já alimentava a ideia de
conquistar o título de doutorado em Matemática, Biomedicina, Engenharia
Espacial e Ciência Política. Suas pretensões iam mais além, com planos de fazer
carreira na diplomacia internacional e, futuramente, sentar-se na cadeira que,
hoje, pertence a George W. Bush. Antecipou-se, dizendo: - "Na presidência,
poderei trabalhar muito pelo meu país e pelos pobres de todo o mundo".
Zélia
Ramozzi Chiarottino, que, aos quarenta e seis anos, já integrava o Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, disse: "Nos testes de
inteligência, os gênios precoces costumam estar anos à frente dos colegas de
classe". Ela citou como exemplo, Fábio Dias Moreira, aluno que cursava a
segunda série do curso médio, do Colégio PH, na Tijuca, Zona Norte do Rio de
Janeiro, que, aos 14 anos, conquistou 11 medalhas de ouro em olimpíadas de
Matemática, sendo quatro delas em disputas internacionais. Segundo ele,
preferia estudar, a ir a festas com os colegas, e não gostava de esportes. Sob
nenhuma hipótese trocava os livros de Matemática por uma pelada com os colegas,
mas conquistou a simpatia da turma, porque era quem tirava todas as dúvidas dos
que apresentavam dificuldades com a matemática.
Casos
de crianças precoces sempre despertaram a atenção dos cientistas. A Academia de
Ciência não possui uma explicação consistente sobre o tema. Atribui a uma
"miraculosa" predisposição biogenética, potencializada por estímulos
de ordem externa. Outra enorme dificuldade encontrada na Academia é a não
concordância na definição do termo "superdotação". Alguns
pesquisadores distinguem o superdotado do talentoso, sendo o primeiro
considerado um indivíduo de alta capacidade intelectual, ou acadêmica, e o
segundo, possuindo habilidades superiores, no mundo das artes em geral. O
debate sobre o que é, realmente, a inteligência, nunca foi tão promissor como
atualmente. Muitas teorias têm ampliado o conceito de inteligência, fugindo à
técnica ultrapassada de medição pelo "quociente de inteligência"
(Q.I.), mediante aplicação do teste de Binet.
Gênios,
como Gregory, teriam Q.I. acima de 200, mas, o que esse número responderia
sobre a origem desta "anormalidade"? Se há consenso entre
especialistas sobre a maneira de tratar os superdotados, há divergências em
relação aos testes de inteligência. Um polêmico estudo, publicado no final da
década de 1980, pelo cientista político, James Flynn, da Nova Zelândia, revelou
que o "quociente de inteligência" (Q.I.), medido nos testes de
avaliação, aumentou vinte e cinco pontos em uma geração. A dúvida é se os
jovens de hoje seriam mais inteligentes que seus pais ou se os métodos de
avaliação da inteligência precisam ser repensados.
Segundo
a Dra. Barbara Clark, da universidade da Califórnia, EUA, dois indivíduos com,
aproximadamente, a mesma capacidade genética para desenvolver inteligência,
podem ser considerados, potencialmente, superdotados ou retardados educáveis,
dependendo do ambiente em que interagem. Para compreender como alguns
indivíduos se tornam superdotados e outros não, precisamos familiarizar-nos com
a estrutura básica e a função do cérebro humano. Ao nascer, declara Clark, o
cérebro humano tem cerca de 100 a 200 bilhões de células. Cada célula tem seu
lugar e está pronta para ser desenvolvida e para ser usada, e realizar os mais
altos níveis do potencial humano. "Apesar de não desenvolvermos mais as
células neurais, isso não se faz necessário, porque as temos; se usadas, permitiriam
que processássemos vários trilhões de informações durante nossas vidas. Usamos
estimadamente menos de 5% dessa capacidade. A maneira como usamos esse sistema
complexo é crucial para o desenvolvimento da inteligência e personalidade, e da
própria qualidade de vida que experimentamos enquanto crescemos."
Para
alguns pesquisadores, os genes são os agentes fisiológicos e da conduta; o
fenótipo (3) é o resultado da interação do meio com o genótipo. Destarte, os
genes determinam os limites das capacidades ou potenciais do organismo, de
qualquer aprendizagem, e deve ocorrer, necessariamente, dentro dos limites
dados pelos genótipos, que sofrerão influência do meio, que dará a expressão
final das características.
Howard
Gardner, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afiança que
não existe inteligência absoluta. Gardner mapeou várias formas de inteligência
e, para demonstrar a multiplicidade de expressão intelectual existente,
desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas, que permite compreender a
manifestação da inteligência humana pelas capacidades verbal-linguística,
lógico-matemática, visual espacial, rítmica musical, corporal sinestésica,
interpessoal, intrapessoal e naturalista dos indivíduos. Outro professor da
Universidade de Harvard, Robert Coles, defende a teoria da existência Moral,
isto é, a capacidade de refletir sobre o certo e o errado.
O
grande embaraço dessas teses é desconsiderar o fato de a inteligência ser um
atributo do espírito, isto é, resultante da soma de conhecimentos e vivências
de existências anteriores de cada indivíduo. Nesse sentido, admitindo-se a
reencarnação, as ideias inatas são apenas lembranças espontâneas do patrimônio
cultural do ser, em diferentes esferas de expressão, alguns em estado mais
latente, como nas crianças-prodígio. Desse modo, ficaria bem mais fácil
compreender toda essa complexidade da mente humana.
Só
a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a
variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, enfim, todas as
desigualdades que alcançam a nossa vista. Fora dessa lei, indagar-se-ia,
inutilmente, por que certos homens possuem talento, sentimentos nobres,
aspirações elevadas, enquanto muitos outros só manifestam paixões e instintos
grosseiros.
A
influência do meio, a hereditariedade e as diferenças de educação não bastam,
obviamente, para explicar esses fenômenos. Vemos os membros de uma família,
semelhantes pela carne, pelo sangue, pelo histórico genético, e educados nos
mesmos princípios, diferençarem-se em muitos pontos. Doutor Richard Wolman, também de Harvard,
incorporou o conceito de Inteligência Espiritual às demais teorias em voga.
Esse conceito seria a capacidade humana de fazer perguntas fundamentais sobre o
significado da vida e de experimentar, simultaneamente, a conexão perfeita
entre cada um de nós e o mundo em que vivemos. Não é exatamente o que define a
Doutrina Espírita, mas já é um avanço no entendimento integral do indivíduo.
Os
fatos nos lançam, inevitavelmente, à tese reencarnacionista. Nos últimos anos,
com o progresso da Ciência - expressão cultural de uma época -,
particularmente, um conjunto de teorias e sistemas conceituais coerentes com
uma determinada visão de mundo, o homem tem-se lançado ao estudo de si mesmo
com maior maturidade, equilíbrio e espírito crítico, quanto ao papel dos
modelos e mapas teóricos e científicos, sempre relativos. Tanto é verdade que,
a partir do movimento da contracultura dos anos sessenta, a visão de mundo,
acadêmica e tradicional, moldada nos rígidos parâmetros do Positivismo,
tornou-se mais flexível diante dos novos questionamentos, e se abriu, pelo
menos em parte, a novas ideias e pesquisas que, a rigor, não eram bem aceitas
pelo paradigma cartesiano de nossa ciência tecnicista, apoiada e financiada por
uma sociedade industrialista e mecanicista. Portanto, ligada a uma visão de
mundo igualmente mecanicista.
Se
nascem crianças perfeitas, por que nascem, também, crianças com sérios
distúrbios congênitos como hidrocefalia, síndrome de Down, esquizofrenia,
cardiopatias graves, autismos, etc.? Na reencarnação, vemos a Justiça Divina
corrigindo os tiranos, os suicidas, os homicidas, os viciados e libertinos de
vidas passadas.
No
século XIX, numerosos pensadores renderam-se à reencarnação: Dupont de Nemours,
Charles Bonnet, Lessing, Constant Savy, Pierre Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A
doutrina das vidas sucessivas foi vulgarizada, para o grande público, por
autores como Balzac, Théophile Gautier, George Sand e Victor Hugo. Pesquisadores
como Ian Stevenson, Brian L. Weiss, H. N. Banerjee, Raymond A. Moody Jr., Edite
Fiore e outros trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista. É
possível que, em um futuro próximo, os estudos, nessa direção, cheguem aos
mesmos resultados já afirmados pelo Espiritismo. As tentativas de estudar
superdotados, sem que se leve em conta a existência do Espírito, grande parte
delas esbarra em resultados nada satisfatórios ou em dificuldades insuperáveis,
em face da necessidade de se considerar essa hipótese. Caso contrário, entra-se
em um beco sem saída e o progresso da Ciência, nessa área, permanecerá na
inércia.
Nota
e referência bibliográfica:
1)
João 3:3
2)
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 219, RJ: Ed FEB, 2001
3)
Fenótipo= Conjunto dos caracteres que se manifestam visivelmente em um
indivíduo e que exprimem as reações do seu genótipo (isto é, de seu patrimônio
hereditário), diante das circunstâncias particulares de seu desenvolvimento e
em face de seu meio.
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