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  • domingo, 14 de junho de 2009

    PRESERVAR O MEIO AMBIENTE - ESPÍRITAS, MÃOS À OBRA!


    As nações, freqüentemente, lutam para ter ou manter o controle de matérias primas, suprimento de energia, terras, bacias fluviais, passagens marítimas e outros recursos ambientais básicos. "Esses conflitos tendem a aumentar à medida que os recursos escasseiam e aumenta a competição por eles".(1) O desenfreado modelo econômico, predominantemente consumista, é uma das barreiras que impedem a consciência ambiental.
    Atualmente, nem é preciso ter o dom da profecia, para se fazer uma projeção sobre o triste cenário do futuro do nosso Planeta. Temos consciência de que estamos na iminência de desastres ecológicos, de conseqüências imprevisíveis, em face da rota de colisão entre o homem e a Natureza.
    Por que somos tão ingratos para com a Natureza, que trabalha sem cessar em nosso favor, oferecendo-nos recursos ilimitados, esquecendo-nos de que ela, também, como nós, ama, sofre e se revolta? Senão, vejamos: recentemente vimos, no Sul do Brasil, ciclones com um cortejo de tragédias. Nos EUA, os furacões vão estremecendo as estruturas da sociedade americana, a exemplo do Katrina. Na Europa, e em outras partes da Terra, observamos o verão cada vez mais incandescente, causando incêndios em várias florestas do Orbe, sem precedentes na História.
    Mister se faz que respeitemos a Natureza, e, sobre isso, Emmanuel esclarece: "A Natureza é sempre o livro divino, onde a mão de Deus escreveu a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do homem evoluindo constantemente com o esforço e a dedicação de seus discípulos".(2) Já percebemos que o nosso Planeta Terra está num processo acelerado de aquecimento e solicita medidas urgentes! O relatório da comissão que estuda as mudanças climáticas, da ONU (Organização das Nações Unidas), é sombrio: "Até o fim do século, três de cada dez espécies de seres vivos desaparecerão do Planeta, e a vida humana será profundamente afetada".(3)
    Segundo o Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa, 2005 foi o ano que registrou o mais alto grau de temperatura na superfície terrestre, desde o início dos registros climáticos modernos, em 1890, "provavelmente o mais quente dos últimos milhares de anos."(4) Os principais agentes poluidores da atmosfera, responsáveis pelo seu acelerado aquecimento, são as indústrias e os veículos movidos a motor de explosão (combustíveis líquidos ou gasoso), mas, há outros agentes tóxicos que, também, causam um grande transtorno ambiental, como as chaminés, sem a devida proteção (filtros), queima propositada ou acidental de uma floresta ou de um campo, e, as incinerações (lixo, resíduos industriais, hospitalares, etc.).
    As fábricas de papel e cimento, indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas emitem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, enxofre, partículas metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias outras usadas na fabricação de inseticidas. "Os escapamentos dos veículos automotores emitem gases como o monóxido (CO) e o dióxido de carbono (CO2), o óxido de nitrogênio (NO), o dióxido de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos. Todos esses poluentes são resultantes das atividades humanas e são lançados na atmosfera."(5)
    Outro fator relevante é o desmatamento desarvorado, que contribui, efetivamente, para o aquecimento atmosférico, pois a queima das florestas produz grande quantidade de gás carbônico. O gás carbônico, por sua vez, tem a propriedade de absorver calor, provocando o "fenômeno estufa". O aumento da proporção desse gás, lançado na atmosfera, ocasiona um aquecimento acelerado da superfície terrestre, conhecido como "aquecimento global". O efeito estufa (6) ganhou notoriedade nos últimos 50 anos, período que coincide com a massificação do uso dos combustíveis fósseis em veículos com motor a combustão.
    Em 1985, os cientistas identificaram um buraco na camada de ozônio, sobre a Antártida, que continua se expandindo, assustadoramente. A redução do ozônio (7) contribui para o "fenômeno estufa". As conseqüências dessa síndrome são catastróficas, como o aquecimento e a alteração do clima, precipitando a ocorrência de furacões, tempestades severas e, até, terremotos; o efeito do "El Ninõ e La Niña", também é aterrorizante, pois que acelera o degelo das calotas polares, aumentando, conseqüentemente, o nível do mar e inundando regiões litorâneas. Prova disso, são os registros de diminuição das geleiras no Himalaia, nos Andes, no Monte Kilimanjaro, e a única estação de esqui da Bolívia, Chacaltaya, pôs fim à sua atividade, pela escassez de neve naquela região.
    A camada de ozônio fica bem mais exposta ao Sol. Efetivamente, gases e vapores lançados na atmosfera absorvem a radiação infravermelha emitida da superfície da Terra, e, por sua vez, devolvem a energia absorvida para a superfície. Resultado: a superfície retém quase o dobro de energia que deveria receber do Sol, ficando cerca de 30 graus Celsius mais quente do que se não sofresse a ação dos gases que provocam esse aumento. Os cientistas calculam que, no hemisfério sul do planeta, dezenas de milhares de pessoas não resistirão ao calor. Se o aumento da temperatura for de 3º C, o número de mortos, por ano, será de 87 mil, até 2071. Se o aumento do calor for de 2,2º C, o número de mortos baixará para 36 mil, por ano. Logo, diante dessas assustadoras previsões, o que nos resta? Creio que não mais caminharmos em sentido contrário ao da Natureza.
    A análise de muitos ambientalistas revela que a elevação da temperatura em até 8ºC, nas regiões temperadas, e 5ºC, nos trópicos, vai provocar, antes de 2100, impactos desastrosos no equilíbrio ecológico, como a extinção maciça de espécies vegetais e animais, e o desaparecimento de vastas áreas de mata virgem, selvagens, como a Floresta Amazônica, reconhecidamente tida como "o pulmão do Mundo", decretando o fim da maior parte da vida na Terra, com a morte de milhões, ou, talvez, bilhões de pessoas.
    Sabemos que o clima e o meio ambiente exercem grande influência no espírito encarnado. A realidade climática é constituída de vários elementos a saber:: temperatura, chuva, umidade, ventos, massas de ar e pressão atmosférica, e sofre a influência de vários outros fatores, como, por exemplo: a posição astronômica e geográfica da região ou país, a configuração do território, as altitudes e as linhas mestras do relevo, fenômeno meteorológico, etc.. Em face disso, Emmanuel admoesta: "O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, faz-se indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influência"(8).
    No momento em que a sociedade percebeu os efeitos catastróficos, de desequilíbrios e desastres ambientais, as normas que regulam a relações do homem com o meio ambiente foram surgindo, para desviar a rota de um provável choque entre a Natureza e o homem. O marco da consolidação da consciência ambiental foi, sem dúvida, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, realizada em junho, de 1972. Vinte anos após (1992), a Rio-92 foi outro importante marco para o Direito Ambiental e as políticas de proteção ao meio ambiente, em diversos países, principalmente, no Brasil.
    Os progressos das negociações sobre a implementação da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima resultaram na adoção, em 1997, de um Protocolo, durante a Terceira Conferência da Partes (COP), realizada em Kyoto, no Japão. Esse documento, que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto (UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE, 1997), estabelece metas e prazos relativos à redução ou limitação das emissões futuras de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa. (9)
    Não é sem razão que devemos considerar, sim, os perigos reais que nos cercam: o buraco na camada de ozônio; o desmatamento desordenado de nossas florestas; a poluição das nossas águas límpidas, as indústrias poluentes, a produção cada vez maior de veículos à combustão, etc.. Se meditarmos sobre o momento em que vivemos, sob a ótica da revelação espírita, teremos motivos suficientes para crer que o imobilismo e desesperança, conseqüentes do pessimismo e indiferença que prevalecem, atualmente, entre os homens, precisam ser substituídos pela ação eficaz de cada um de nós. E por que não fazemos mais, e tentarmos mudar esse triste panorama? Por que não nos mobilizamos em adotarmos medidas urgentes de prevenção, evitando, assim, um mal maior, ou seja, um caos ecológico para nós mesmos e, principalmente, às gerações futuras, ao invés de ficarmos apenas como espectadores?
    Podemos incentivar, no uso de nossa plena cidadania, a criação de rigorosa legislação antipoluição; adotarmos o rodízio diário de carros (Uma pessoa que roda 20 quilômetros por dia num carro "popular" (1.0 c.c), movido à gasolina, emite 1,87 tonelada de CO2, por ano. Para neutralizar essas emissões, precisam plantar nove árvores, a cada ano); colaborarmos no controle e fiscalização sobre desmatamentos e incêndios, nas matas e florestas; planejarmos nossas residências nos bairros, nas cidades, buscando sempre a harmonia entre a natureza e a urbanização; incentivarmos as pessoas a plantarem árvores; evitarmos o desperdício de água e energia elétrica; percorrermos pequenas distâncias de bicicleta, ao invés de sairmos de carro; separar o lixo, se em nossa cidade não houver coleta seletiva de lixo e, muito mais...
    Devemos ficar atentos, abrir os nossos olhos para os alertas dos especialistas, pois já está demasiado claro que é apenas uma questão de tempo, para as conseqüências nefastas das previsões começarem a afetar, brutalmente, as nossas vidas e, principalmente, as vidas de nossos filhos e netos. E não venhamos com o desculpismo de ocasião, afirmando que tudo está previsto por Deus!!!! Não nos esqueçamos de que Deus se manifesta ao homem, através do próprio homem.
    Portanto, nem tudo está previsto, pois, trata-se, tão-somente, da ação do homem. A Terra assemelha-se a um organismo vivo, com mecanismos para auto-regular suas funções.(10) Lembremos que se o aquecimento global é questão mundial, as conseqüências sobre a Terra serão de responsabilidade individual.
    É óbvio que devemos guardar a esperanças em dias melhores, até, porque, "o Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era."(11)
    Espíritas, mãos à obra!!! Façamos a nossa parte. Não transfiramos para os outros, ou para os nossos governantes, o que é, também, de nossa responsabilidade.


    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net
    FONTES:
    1- Trecho é encontrado na página 325 do relatório BRUNDTLAND, de 1988, da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no livro "Nosso Futuro Comum"
    2- Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, questões 27, 28
    3- Relatório da comissão que estuda as mudanças climáticas, da ONU (Organização das Nações Unidas), 2007
    4- Cf. Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa-EUA
    5- Texto de Marcos Tadao Mendes Murassawa. Aquecimento Global - Ficção x Realidade acessado em 01-01-08
    6- Fenômeno percebido pela primeira vez em 1827, pela comunidade científica
    7- Ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas do Sol. Se esses raios chegassem à superfície terrestre com mais intensidade provocariam queimaduras na pele, que poderiam até causar câncer, e destruiriam as folhas das árvores. A camada de ozônio protege a terra dos raios ultravioleta do sol, que são extremamente prejudiciais à vida. Ela está situada na faixa de 15 e 50 Km de altitude.
    8- Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, questão 121
    9- Pelo Protocolo de Kyoto os países industrializados se comprometiam a trazer suas emissões de carbono (CO2) a um nível 5,2% menor que o de 1990 entre 2008 e 2012. Para isso precisa da ratificação de 55 países
    10- Teoria que afirma ser o planeta Terra um ser vivo. Apresentada em 1969 pelo investigador britânico James E. Lovelock, a Teoria de Gaia, também conhecida como 9-Hipótese Gaia, diz ser a biosfera terráquea capaz de gerar, manter e regular suas próprias condições de meio-ambiente.
    11- Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, RJ: Ed FEB 1987

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