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  • quarta-feira, 11 de novembro de 2009

    O PENSAMENTO ESPIRITA É O ALICERCE PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL


    No transcurso dos milênios, o homem foi descobrindo fórmulas para lidar com a natureza ante os impositivos da sociedade. Dominou o fogo, adaptou a roda, inventou a pólvora, conquistou a escrita, materializou a representação artística, inventou a luz elétrica, criou o avião, aprimorou as comunicações, desenvolveu o supercondutor, construiu o computador e mais uma imensa lista de invenções e inovações que melhoram a qualidade de vida terrena. Nesse percurso, as idéias dos pensadores (1) foram ditando preceitos, alterando o formato de percepção do mundo, da vida após a morte e da noção de destino.
    Pesquisadores atuais afirmam que a "trajetória humana é repleta de mudanças, justamente pelo fato de o homem ter a capacidade de guiar sua história no campo das idéias, que são agentes transformadores poderosos.” (2) Realmente, o mundo é reflexo das idéias, todavia, nem sempre percebemos quais delas estão por trás de comportamentos e situações cotidianas. A rigor, o que existe são múltiplas idéias e/ou "filosofias” (3), isto é: várias concepções diferentes sobre a existência.
    Na Grécia clássica, Sócrates forjou o pensamento de Platão, que influenciou a mente de Aristóteles, que foi mestre de Alexandre, “O Grande” macedônico. Decorrido um milênio e meio pós-Sócrates, o Sacerdote Tomás de Aquino retomou o trabalho de Aristóteles, adaptando-o ao Cristianismo. Séculos depois, o filósofo Descartes, arauto do “Cogito, ergo sum”, debruçou nos escritos de Aquino, filosofou na matemática, sendo, hoje, considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. (4) A rigor, as idéias subsistem, vivem, alteram-se, adaptam-se. Elas são forjadoras de incalculáveis impactos das circunstâncias sobre as utopias e os sonhos humanos. A maioria das pessoas, em quase todos os contextos históricos, vê o estoque acumulado dos ideários de uma civilização como legados que podem torná-las melhores.
    Alguns homens realizaram façanhas que afetaram as vidas de milhares e/ou milhões de pessoas. Em certos casos, o impacto de tais influências só tem maior importância em relação àquele momento específico, e, em outros casos, o impacto transcende e se faz sentir por muitas gerações, chegando a ser decisivo em tudo o que ocorre daquele momento em diante. Os exemplos de Moisés, Jesus, Buda, Gutenberg, Lutero e Kardec, por exemplo, permanecem, ainda hoje, como paradigmas a serem seguidos pela humanidade. Já as influências de Hitler, Stálin e Mao Tsé-Tung, que, também, são lembradas, representam o destroço da liberdade e da vida de milhões de pessoas. Graças a Deus (!), os ditadores desencarnam, as armas se enferrujam, porém, ninguém pode destruir os sonhos de quem ama a liberdade.
    Karl Marx asseverou que: "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diferentes maneiras; era preciso, porém, transformá-lo." Com a publicação de O Livro dos Espíritos, em meados de Século XIX, surge a proposta de uma filosofia transformadora e, de certa forma, revolucionária, propondo nova reflexão sobre os fundamentos da existência de Deus, do Ser, do destino e da dor. O Espiritismo, portanto, inaugurou outra etapa do pensamento filosófico. É, efetivamente, um novo paradigma do conhecimento, possuindo sólido alicerce de idéias concretas, sem se tornar, no entanto, temporalizado, hermeticamente fechado, pois que acompanha o avanço das novas informações e saberes, na medida em que busca explicar a realidade através da razão, da lógica e da fé, utilizando-se de discurso científico, filosófico e religioso, que se justifica com base nos fatos.
    Allan Kardec foi o maior livre-pensador do movimento de idéias progressistas e transformadoras, jungidas aos temas sociológicos, ontológicos, transcendentes e espirituais. O genial lionês percebeu o projeto doutrinário como nova visão histórica do mundo, que revolucionaria os debates filosóficos com seus princípios e suas propostas libertárias. Urge, porém, reconhecermos que a construção mental [modo de pensar] de Kardec [o bom senso encarnado, segundo Flammarion] foi decisiva e determinante para contribuir com a nova ordem dos acontecimentos sociais posteriores ao Século XIX. O ex-druida concebeu um novo modelo de princípio filosófico, de profundas conseqüências éticas e morais, sem as amarras separatistas das religiões, o que faz, atualmente, da Doutrina Espírita, uma das propostas mais consistentes de transformação social jamais vistas na História.
    O Codificador consultou os pensadores do além (Espíritos) sobre um universo de questões que sempre inquietaram o pensamento humano: Deus, alma, origem da vida, homem na condição de espírito imortal e pluriexistencial, morte, problemas sociais e familiares, liberdade, sofrimento, destino e felicidade, entre outros. O legado de Rivail, no entanto, impõe-nos a necessária e constante renovação íntima, e, forçosamente, uma nova mentalidade de cada "praticante espírita”, sobretudo daqueles que, ainda, exercitam um Espiritismo, apenas, nos limites dos fenômenos mediúnicos nos Centros Espíritas. Outrossim, é necessária uma efetiva participação dos Espíritas nas questões sociais do país, ainda que sem a absoluta necessidade de militância de partidos políticos, até porque, para esse escopo, a nossa política é a do Evangelho e.... PONTO FINAL...!!
    Allan Kardec explica que o objetivo pragmático de O Livro dos Espíritos: "é propor guiar os homens que desejam esclarecer-se, mostrando-lhes, nos estudos, um fim grandioso e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o método que conduz a esse fim.” (5)
    O Codificador chama-nos a atenção para um ponto fundamental, que é o seguinte: Não podemos supor que a natureza humana possa transformar-se de imediato, por efeito das idéias espíritas. Até porque, a influência transformadora que elas exercem não é idêntica, nem do mesmo grau em todos os espíritas. Contudo, qualquer que seja o resultado dessa influência, ainda que extremamente fraca, representa, sempre, uma melhora, principalmente, no que tange a dar prova da existência de um mundo extra-físico, o que implica a negação das doutrinas materialistas.
    O Espiritismo "caminha de par com o progresso e jamais será ultrapassado, porque, se novas conquistas [científicas e filosóficas] lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” (6).
    Distantes, pois, dos conflitos ideológicos, consequentes de discussões estéreis no campo intelectual, com o objetivo de entronizar o pensamento racionalista, embasado nas "certezas" decantadas pelas ciências exatas, que teimam em se confrontar com as ciências humanas, os Pensamentos do Cristo, difundidos pela Doutrina dos Espíritos, representarão o asilo dos aflitos, sobretudo, para os que ouvirem aquela misericordiosa exortação: "Vinde a mim, vós que sofreis e tendes fome de justiça e Eu vos saciarei." (7) Porém, para isso, é necessário que estejamos dispostos a seguir o Mestre, tomando-Lhe a cruz, acompanhando-Lhe os passos.

    Jorge Hessen

    E-Mail: jorgehessen@gmail.com

    Site: http://jorgehessen.net

    Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com









    FONTES:

    (1)Subconjunto especial de homens que pensa de forma diferente.

    (2)Segundo o historiador, Felipe Fernández Armesto, professor da Universidade de Londres

    (3)considerando um conjunto de saberes, uma visão de mundo ou um modelo explicativo da vida

    (4)Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna"

    (5)Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001- Introdução, item XVII

    (6)Kardec, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000-item 55 do Cap. I,

    (7)Cf. Mateus 11:28


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