Jorge Hessen
Brasília-DF
No Livro dos Espíritos, Kardec
perguntou sobre a existência de mundos-estação para espíritos errantes,
e os Espíritos confirmaram que sim, existem mundos transitórios ou estações
de repouso, semelhantes a "bivaques de campos" para descanso.
O Codificador situou os
princípios da vida no mundo espiritual, aludindo a “mundos
transitórios" ou “estações de repouso” para espíritos errantes;
portanto, descreveu a “erraticidade” como tendo uma estrutura fluídica, onde
espíritos desenvolvem vida, trabalho e organização, embora não tenha detalhado
a forma exata dessas "cidades" ou "colônias" erráticas.
Enquanto Kardec focava nas bases
genéricas e na natureza semimaterial do perispírito, as obras subsidiárias
posteriores (como as do Reverendo Georges Orwell, André Luiz, Yvonne do Amaral
Pereira, Divaldo Franco, Raul Teixeira, Zilda Gama, etc.) trouxeram a descrição
detalhada dessas organizações, confirmando as noções de vida intensa, trabalho
e organização sociocultural na “erraticidade”.
Kardec era acautelado em não
detalhar temas de extemporânea verificação, focando, portanto, nos princípios
universais e evitando descrições muito específicas da vida pós-morte, que
ele considerava que seriam gradualmente e fatalmente reveladas.
As revelações de além-túmulo
pós-codificação, prevista pelo Codificador, não contradizem e nem poderiam
contradizer o Espiritismo, mas subsidiam e alargam as informações, despontando
que as "estações" ou "bivaques de campos" de Kardec
evoluíram para complexas "colônias" à medida que a humanidade (e os
Espíritos) prosseguiam no entendimento, como antevisto em livros como O Céu e o
Inferno e alguns artigos publicados na Revista Espírita.
Portanto, Kardec deu o
alicerce (mundos transitórios/estações/bivaques), e as revelações
posteriores detalharam essas "estações" como colônias
espirituais organizadas e habitáveis, mostrando que a vida no além-tumba é
pulsante, organizada e cheia de atividades, contudo com uma extemporaneidade
que o Codificador no curtíssimo interregno de 1855 a 1869 não teve tempo hábil
de detalhar minuciosamente por serem evidentemente muito graduais as revelações
dos Espíritos.
Por sua vez, Léon Denis — o Consolidador
do Espiritismo — via o mundo espiritual como a verdadeira pátria eterna das
almas, um ambiente onde a vida continua de forma análoga, porém superior em
beleza, à vida terrestre. Embora não tenha se aprofundado em descrições
detalhadas de colônias espirituais específicas, descreveu os princípios e a
natureza da vida no além.
Denis enfatizava a continuidade
da vida após a morte, em que os espíritos mantêm sua individualidade e a
vida no além é uma extensão da vida terrena, com ambientes semelhantes,
mas mais maleáveis e etéreos. Portanto, ele descreveu sim que os
espíritos se comprazem em reconstituir meios semelhantes aos que
frequentavam na Terra, mas superiores, usando fluidos mais flexíveis
Isso implica a existência de
locais de refúgio, trabalho e estudo, que seriam análogos às colônias
espirituais descritas por outros autores, embora ele não as tenha nomeado ou
detalhado extensivamente em suas obras principais.
Léon Denis forneceu as bases
filosóficas e morais sobre o mundo espiritual, descrevendo-o como um plano de
justiça e evolução, onde cada um encontra seu lugar de acordo com seu estado
moral e onde a vida prossegue de forma ativa e proposital.
Embora a empáfia de alguns “gatos
pingados” apetecidos “Doutores” de Kardec, não há um consenso
científico unificado que "negue" ou "confirme"
categoricamente as colônias espirituais, que, diga-se para vertigem, dos kardequiólogos
de plantão, são hoje um pilar do Espiritismo no Mundo.
