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  • quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

    Emmanuel e Pires ante os furores dos “Kardequiólogos saradões”

     


    Jorge Hessen

    Brasília

     

    Para os “Kardequiólogos saradões” sempre de plantão e sem noção  reafirmo que  Herculano Pires jamais analisou Emmanuel como Espírito  pseudossábio e nunca  rejeitou as obras Emmanuelinas. Pelo contrário, ele as respeitava profundamente, embora fizesse análises críticas (como qualquer um de nós devemos fazer) quando julgava necessário, algo coerente com seu perfil de filósofo, pesquisador e espírita às vezes descomedidamente ríspido no campo doutrinário.

    Pires dizia que em algumas obras de Emmanuel (não todas), havia combinação de espiritualismo, religiosidade tradicional e misticismo, em face disso, nem tudo deveria ser tomado como referência doutrinária segura.

    Ok, tudo bem! Porém, Pires reconhecia o alto valor moral, literário e espiritual das obras psicografadas por Chico Xavier atribuídas ao Espírito Emmanuel. Portanto, considerava Emmanuel um instrutor espiritual sério, com grande contribuição à divulgação do Espiritismo.

    Ao mesmo tempo, Herculano defendia (como todos devemos fazê-lo) que nenhuma obra mediúnica está acima da análise racional, nem mesmo as de Emmanuel, André Luiz, Joanna de Angellis etc.

    Alguns “kardequiólogos saradões” confundem crítica doutrinária com rejeição completa. Pires questionava (como qualquer um de nós devemos fazê-lo) interpretações excessivamente místicas, resignadas ou fatalistas quando achava que se afastavam do caráter evolucionista e racional do Espiritismo.

    Ele discordava especialmente em temas como sofrimento como expiação automática e a visão excessivamente punitiva da justiça divina. Pires também criticava a ênfase muito grande na tal obediência passiva.

    Concordo com Herculano , afinal o  EXERCÍCIO DO CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS É PRINCÍPIO BÁSICO DO ESPIRITISMO, entretanto,  e por paradoxal que possa parecer, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, traduzido pelo próprio Herculano Pires o mestre Allan Kardec REPETE as palavras PUNIÇÃO 11 vezes e CASTIGO 16 vezes (ISSO MESMO!!!) e aí como ficamos?

    Particularmente não acolho tais princípios contidos em tais palavras registradas no Evangelho Segundo o Espiritismo que o Pires TAMBÉM traduziu. Mas que fique bem claro que isso não significava que Pires rejeitasse a literatura emmanuelina. Ele respeitava, estudava e até recomendava várias de suas obras. Apenas exercia o direito e o dever (que todos nós devemos exercer) da análise crítica, sem dogmatismo.

    Herculano Pires conhecia sim!!!, respeitava e recomendava as obras de Emmanuel, mas com algumas PONTUAIS ressalvas doutrinárias. A posição herculanista era desapaixonada e criteriosa, não de rejeição cega e fanática nem de aceitação passiva e irrestrita.

    Herculano Pires asilava no Mentor de Chico Xavier o alto valor moral e educativo, o pujante conteúdo evangélico, a  linguagem edificante e consoladora e a contribuição importante para a divulgação do Espiritismo no Brasil e no mundo.

    Evidenciamos aqui mormente aos “kardequiólogos saradões” que Herculano Pires nunca combateu Emmanuel como Espírito mistificador ou pseudossábio , nem tolheu e nem proibiu  e até recomendava  a leitura de suas obras,  afirmando em alto e bom som  que as obras de Emmanuel eram edificantes, embora obviamente não substituíssem Kardec.

    Em resumo, para Herculano o Espírito Emmanuel não era um pseudossábio.

    E temos dito aos saradões sem noção!


    segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

    Sim!!! Herculano Pires entronizava as obras de André Luiz

     


    Jorge Hessen

    Brasílila-DF 

    Herculano Pires foi exímio estudioso Doutrina dos Espíritos e percebia  nas obras contidas nos 13 volumes de “A vida no Mundo Espiritual” de André Luiz como valiosas explicações dos princípios espíritas, descrevendo a dinâmica da vida espiritual por meio de relatos brilhantes , porém as avaliava criticamente, questionando algumas raras  palavras e termos que poderiam destoar da terminologia doutrinária" e "alguns  poucos conceitos que nem sempre se assentam aos princípios espíritas", a exemplo dos  termos "ovoides"  e  “aérobus”  persistindo para que não suprissem os termos da Codificação Kardequiana, mas apenas complementassem o estudo.

    Ora, qualquer estudioso precavido deve estar atento ao perigo de aceitar tudo como verdade absoluta ou de substituir as obras de Kardec pelas narrativas de qualquer espírito (incluindo André Luiz e outros obviamente), enfatizando a necessidade de maturidade e discernimento para separar a ilustração do ensinamento doutrinário.

    Há, sem dúvida, alguns pontos-chave da visão herculanista que merecem reflexões desapaixonadas, vejamos: Ele reconhecia os livros de André Luiz como um grande trabalho de ilustração dos princípios do Espiritismo, usando experiências vividas nos planos espirituais para exemplificar a doutrina.

    Portanto, Herculano não era e jamais foi um negador das obras de André Luiz, porém um analista crítico.  Utilizou as próprias obras de André Luiz em seus textos para ilustrar aspectos da doutrina, como no caso dos ovoides em "Ação e Reação".  Assinalava incongruências bem pontuais, como a terminologia "ovoides"  e  “aérobus” , que considerava um neologismo ou um conceito que precisava de maior ajuste doutrinário. Mas, a despeito desses pontos controversos, as obras de André Luiz eram vistas como complementares, não substitutivas.

    Herculano enfatizava que André Luiz (e o médium) usavam figuras de linguagem (metáforas) e termos analógicos para descrever realidades espirituais que a linguagem humana não alcançava perfeitamente, o que podia gerar confusão.  Mas que fique bem claro de uma vez por todas: Herculano Pires batia de frente com  os que rejeitavam as obras de André Luiz e obviamente também combatia os que as elevavam acima da Codificação, defendendo a liberdade de pensamento dentro dos marcos da Doutrina Espírita.

    Logicamente Herculano Pires era um crítico ponderado, que valorizava a riqueza das narrativas de André Luiz, mas (como deve ser com qualquer um de nós) as filtrava pela lente da Codificação, defendendo uma fé raciocinada e um estudo aprofundado que evitasse deslizes em "caçadas de novidades".

    Realço que Herculano Pires não "criticava" as obras de André Luiz no sentido de as rejeitar, mas sim fazia ressalvas rigorosamente pontuais e análises criteriosas para garantir a fidelidade à codificação de Allan Kardec.

    Pires defendia a validade geral da obra de André Luiz, mas (repito mil vezes) como qualquer um estudioso cauteloso, combatia interpretações que a consideravam uma "quarta revelação" ou que a colocavam acima dos princípios básicos do Espiritismo, o que seria uma estupidez.

    E suma , a principal preocupação de Herculano Pires era com a posição de alguns setores do movimento espírita que elevavam as obras de André Luiz (e outras obras mediúnicas) ao nível de uma espécie de  "quarta revelação" (sic), o que, todos sabemos, desviava o foco da proposta da Terceira Revelação que deve estar acima de tudo!.

    Reenfatizo que em vez de uma crítica destrutiva, ardilosa e prepotente de alguns kardequiólogos saradões, a postura de Herculano Pires era uma defesa coerente da proposta do Espiritismo, visando evitar anomalias, desvios  e sincretismos.

    Em resumo, Herculano Pires via as obras de André Luiz como importantes contribuições ilustrativas e complementares que enriqueciam a compreensão da vida espiritual, desde que analisadas à luz da Codificação Espírita e não como uma fonte superior ou substituta desta o que concordamos plenamente.

    quinta-feira, 30 de outubro de 2025

    OREMOS PARA QUE NÃO SEJAM PRESCIÊNCIAS AS “MINHAS” PERCEPÇÕES

     




    Jorge Hessen

    Brasília-DF 

    Com meus 74 anos sempre fui cidadão ideologicamente apartidário por opção, mas “ajuizando diariamente os noticiários nacionais e internacionais sobre estado democrático de direito e a liberdade individual, apesar de despontar uma aberração, percebo que o medo de opinião, sobretudo ideológico e político, ainda acontece em várias partes do mundo, sobretudo nos países “TOTALITÁRIOS” (unipartidários), a exemplo da República Popular da China, República de Cuba, República Socialista do Vietname, República Democrática Popular da Coreia, República Democrática Popular de Laos, Venezuela.” [1]

    Alguns indivíduos que capturaram e  detêm as rédeas do poder presentemente, há muitos anos, alastraram o terror, a violência, a morte, o motim e a desobediência à ordem constitucional de algumas épocas.

    No Brasil , sob um cenário de guerrilhas violentas, em pleno “regime militar”, o incomparável Chico Xavier participou livremente do programa “Pinga Fogo”, exibido em 21/12/1971, pela antiga TV Tupi - Canal 4.

    Dentre as diversas perguntas dirigidas ao médium de Uberaba, destaco a infra questão, por dois motivos:

    Primeiro por serem ponderações do “Maior brasileiro de todos os tempos”, segundo por ser tema que remete ao atual e preocupante momento cultural, político, econômico e principalmente social num país de insignificante expressão internacional.

    No programa o jornalista Saulo Gomes indagou: 

    O que pensam os Benfeitores espirituais quanto à posição do Brasil atual [contexto dos anos 1970], seja no terreno político ou social? Chico Xavier, o “Mineiro do século XX”, esclareceu com equilíbrio , patriotismo e sem coerção:

     "a posição atual [sob a autoridade das Forças Armadas Nacionais] do Brasil é das mais dignas e das mais encorajadoras, porque a nossa democracia está guardada por forças [armadas] que nos defendem contra a intromissão de quaisquer ideologias vinculadas à desagregação.” [2]

     

    Chico Xavier enfatiza a oração que, segundo ilustra, “não é apenas endereçar palavra ou pensamento a Deus em súplica, significa do mesmo modo discursar e expor os pontos de vista, pois a oração é uma das expressões mais vivas do espírito democrático do Cristianismo, posto que cada um ora segundo as suas crenças.”[3]

    Esclarece o “pupilo de Emmanuel” “sem qualquer expressão eufemística, que a posição atual do Brasil [contexto dos anos 1970] é a das mais dignas e das mais encorajadoras para a democracia, pois está guardada por forças que nos defendem contra a intromissão de ideologia vinculada a desagregação [referência ao ideário “TOTALITARISTA”].

    Precisamos honrar a posição atual daqueles [dignos militares] que atualmente nos governam.” [4]

    O mais ilustre “filho de Pedro Leopoldo” reenfatiza a necessidade da prece: “Devemos orar e juntarmos os nossos pensamentos, a fim de que a união seja preservada dentro das Forças Armadas (hoje estranhamente apática), com isso manteremos o pleno direito de orar, isto é, discursar, permutar livremente os nossos pontos de vista.

    Dar os nossos pareceres, permitir as nossas opiniões em matéria de vivência particular ou coletiva. Com todo respeito e sem nenhuma ideia de bajulação, nas minhas confabulações com os Espíritos amigos do Brasil , rogo para que tenhamos a custódia das Forças Armadas Nacionais e que os HONRADOS militares continuem nos auxiliando como sempre. Isso para que não venhamos a descambar para qualquer desfiladeiro de desordem.” [5]

    “Muitas das vezes acreditamos que as Forças Armadas Nacionais devem apenas funcionar nas ocasiões de beligerâncias, nas ocasiões de guerra. Precisamos resguardar os nossos corações para que essas ideias [“TOTALITÁRIAS”] não infiltrem em nossa vida pública, em nossa vida coletiva e venhamos a perder o dom da liberdade em Jesus Cristo.

    Na época dizia Chico XAVIER: Vamos agradecer a situação atual [sob governo das Forças Armadas Nacionais] do Brasil por que o País desfruta de ordem. Nós estamos sob o império da lei e devemos ser gratos a Deus e cooperar para que não venhamos perder a ordem, porque a ordem é como a luz do Sol, de tanto receber a luz do sol, muitas vezes nos esquecemos de agradecer esse dom da Providência Divina.” [6]

    “Muitas vezes só compreendemos a ordem quando a desordem aparece. Nós somos brasileiros, não devemos proceder em moldes da insensatez. Reverenciemos aqueles [Militares honrados] que estão guardando o sentido da ordem no Brasil, em fazendo com que cada um de nós possamos desfrutar esse benefício da paz em nossa vida particular, em nossos lares, em nossos grupos sociais, em nossas empresas de trabalho, lembrando sempre que só não podemos desfrutar uma espécie de “liberdade”, aquela liberdade ilusória que prejudica a comunidade, não podemos prejudicar a ninguém e muito menos a sociedade.”  [7]

    Como se depreende acima, apenas transcrevemos aqui um depoimento de Francisco Cândido Xavier que reproduziu verbalmente as orientações advindas dos BENFEITORES ESPIRITUAIS.

    Ora, um seguidor do Evangelho não é necessariamente conservador ou progressista, é cristão e caso encerrado!

    Entretanto, posso fazer análise de contexto. Em pleno século XXI, percebo seres impetuosos que permanecem navegando sobre águas inquietas dos oceanos ideológicos (ateus e materialistas) na “Pátria de tênue representatividade mundial”.

    Pressagio no horizonte: algumas nuvens estranhas de possíveis tempestades arrasadoras. Mas Jesus está no Comando, a sociedade precisa caminhar firmemente em direção à paz, cuja flâmula deve fulgurar a legenda da liberdade coletiva ou individual, não obstante seja a liberdade humana concernente à concessão misericordiosa do “Cristo, Co-Criador do Planeta”.

    Jamais permita Deus que nessa marcha venham a surgir as armadilhas do viés ideológico do totalitarismo. Contudo, se não orarmos, exorando a intervenção amorosa de Jesus, a benefício do Brasil, da América Latina e da Terra, provavelmente em breve futuro, todos estaremos sob o tacão de chumbo da ditadura e “legalmente” seremos proibidos (isso mesmo! PROIBIDOS) de anunciar com liberdade os conceitos do Espiritismo como a Terceira Revelação, exatamente como é PROIBIDO DIFUNDIR ESPIRITISMO na China, Coreia do Norte e com extremas restrições em Cuba.

    Os densos indícios estão sob nossos olhos, mas há os que “vendo, não enxergam; e escutando, não ouvem, muito menos compreendem.” [8]

    Em verdade, os impetuosos (descompromissados com o Evangelho de Jesus) são agressivos, constroem facções (suprapartidárias), aparelham os poderes (executivo, legislativo e judiciário) e conquistam foros de absoluto poder cada vez mais possante e contraditório (sob os auspícios da abominável corrupção).

    Os inquietantes indicativos de desordem raiam em cada centímetro na “Pátria Tupiniquim”, cuja soberania está sob risco iminente.

    Debaixo da desgastada cantilena de “socorrer os pobres” (escravizá-los) alicerçam-se as bases para a perpetuação do ambicionado poder absoluto (como já ocorre nalguns países latino-americanos).  Oremos, imploremos muito, para que os argumentos aqui expressos sejam ilusões, e que ATUALMENTE tudo esteja em perfeita ordem na Pátria Tupiniquim.

     Exageros à parte pelo menos que estas reflexões não sejam premonitórias.

    Obviamente não estamos declarando que um cabível Regime Militar seja hoje a mais eficiente solução para pacificação social, entretanto as Forças Armadas Nacionais (comprometidas com o BEM) devem permanecer atentas, até porque, a liberdade política de um povo não se pode por cabrestos sem gravíssimas consequências.  

    A omissão nunca foi boa conselheira para quem deseja a ordem social.  É contraproducente cruzarmos os braços acreditando que os “anjos celestiais” (Benfeitores) irão providenciar o que nos compete fazer.

    Reenfatizo que sou  apartidário ou melhor meu partido é o Evangelho e não me atrevo adentrar os pórticos de qualquer militância de ideologia política decrépita ,  todavia  não me  permitirei  eximir de participar , se necessário for, seja pelas redes sociais, seja pelos pacíficos manifestos populares  e outros legítimos mecanismos de pressão popular  e cooperar com amor e ação no bem, visando  um Brasil e um mundo melhor,  auxiliando, inclusive com minhas orações,  os que têm o compromisso político para construir uma sociedade mais harmônica, menos polarizada e mais organizada sob os auspícios da legítima LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE .

     

    Referências:

    [1]Disponível em http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2014/01/liberdade-e-escravidao-no-contexto-da.html acessado em 17/11/2014

    [2]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [3]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [4]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [5]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [6]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [7]Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5KtBqtArRfI  acessado em 18/11/2014

    [8] Mateus 13:13

    quarta-feira, 29 de outubro de 2025

    Religiosidade intrínseca de Allport e Einstein

     

    Jorge Hessen
    Brasília-DF

    O conceito de religião intrínseca segundo o psicólogo Gordon Allport está integrada ao núcleo da personalidade do indivíduo, sendo a religião uma busca autêntica e central para a vida, que guia valores morais e éticos e oferece significado à existência.

    Por outro lado, a religiosidade extrínseca é utilizada para benefícios externos, como status social ou segurança.

    Allport via a religiosidade intrínseca como uma expressão de uma personalidade madura e menos propensa ao preconceito. A religião é o eixo principal em torno do qual a pessoa organiza sua vida e valores. É uma busca pessoal e genuína, em vez de uma adesão a normas sociais ou conveniências.

    Allport sugeriu que essa forma de religiosidade está ligada a uma personalidade madura e a uma menor propensão a atitudes discriminatórias.

    Portanto , está em contraste com a religiosidade extrínseca que é usada para obter vantagens, como fazer amigos, ganhar prestígio ou se sentir seguro. A religiosidade extrínseca é vista como mais superficial, utilitária e menos integrada à personalidade do indivíduo. Numa relação superficial a religião serve como um meio para um fim, e não como um propósito em si

    Allport citou o exemplo de indivíduos que usam a religião para justificar o preconceito, indicando que seu uso não era genuinamente motivado pela fé.

    As crenças religiosas intrínsecas são totalmente internalizadas e moldam as atitudes, os valores morais e a visão de mundo do indivíduo. A religião se torna um "motivo mestre" que inunda toda a vida da pessoa, oferecendo significado e direção para suas ações.

    Há uma adoção da doutrina da "irmandade humana", em que os praticantes se preocupam com os outros e não usam a religião para fins egoístas.

    Allport via a religiosidade intrínseca como uma forma mais madura de fé, que se desenvolve e integra na vida adulta, em contraste com a religião mais imatura e extrínseca da infância.

    Visto por outro prisma, a religião intrínseca de Einstein era a "religião cósmica", uma espiritualidade sem dogmas ou um Deus pessoal, centrada na admiração pela ordem e harmonia do universo.

     Em abreviada divagação sobre as religiões extrínsecas (dogmáticas), trazemos para discussão  o artigo Cosmic religion de Albert Einstein, contido no livro Out of my later Years ,onde é publicado as coerções das autoridades escravizantes e encarcerantes da religião extrínseca (sectária).

    Einstein acerca-se da questão da religiosidade intrínseca como sendo a nossa comunhão perfeita com o Criador, sopesando a superfluidade dos procuradores intermediários do Senhor da Vida, habitualmente impondo práticas coativas, punitivas e negocistas de coisas “sacras”, sob o tacão das obrigações dos pactos impudicos.

    No nível elevado de religião cósmica conseguimos nos conectar com liberdade nas coisas e circunstâncias mais profundas do Universo. Livres, construímos uma relação profundamente harmoniosa, a partir da qual nos abastecemos da energia amorosa do Criador da Vida.

    Numa relação de subnível religioso Einstein denominou a religião do medo quando o homem teme a Deus e rende culto externo para ser supostamente protegido das adversidades da vida, alimentando sempre a insegurança e temor dos castigos do Deus extrínseco.

    Noutro desnível de subserviência religiosa o Pai da Teoria da Relatividade denominou de religião da angústia aquela em que o homem é totalmente manipulado pelas castas sacerdotais dotadas de poderes para advogarem junto ao Deus antropomórfico alvitrando libertação das angústias sociais os seus seguidores.

    Já no elevado nível da religiosidade intrínseca Einstein nomeia de religião cósmica. Recordando que os grandes gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por possuírem este senso de religiosidade intrínseca cósmica. Por não reconhecerem necessidades dos dogmas e muito menos um Deus concebidos a imagem humana.

    Por isso, a religião dita tradicional abomina a religião cósmica sugerida por Einstein. Até porque, é precisamente entre os denominados heréticos de todos os tempos, afirma o Gênio da física,  que encontramos homens que foram inspirados por essa elevada experiência religiosa cósmica, porém, foram considerados eventualmente pelos seus contemporâneos como ateus, ou até às vezes também como os santos.

    Por este ângulo, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Espinoza se assemelham. Como pode o sentimento religioso cósmico intrínseco ser transmitido de uma pessoa a outra se ela destrói a noção limitante de Deus e a dogmática teologia humana?

    Na perspectiva do Einstein a função mais importante seja da arte e da ciência consiste em despertar e manter vivo este sentimento de religião cósmica em todos os que sejam receptivos a Deus. O homem que está profundamente convencido da função universal da lei da causalidade não pode considerar a ideia de um Deus qual um ser mesquinho que interfere no curso dos acontecimentos mais comezinhos.

    domingo, 24 de agosto de 2025

    A Inteligência Artificial diante da miopia da realidade



    Jorge Hessen

    Brasília/DF

     

    Uma nova e intrigante prática cibernética começa a preocupar médicos, famílias e especialistas em saúde mental: a chamada "psicose da IA".

    Os psiquiatras alertam sobre a delirante interação com chatbots de IA . Há usuários sem histórico de doenças mentais que estão sendo internadas após interações intensas com a ChatGPT levando-os a surtos, internações, delírios e crises reais.

    Casos relatados nos Estados Unidos mostram que o uso intenso de inteligência artificial sem supervisão pode desencadear episódios graves de delírio, paranoia e crises psicóticas, levando até à internação involuntária ou prisões.

    Portanto, são práticas que têm conduzido a colapsos mentais graves com muitos usuários apresentando episódios de paranoia e delírios.

    O psiquiatra Keith Sakata, da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos EUA, adverte o que a chamada “psicose da IA” está se espalhando rapidamente.  E afirma que em 2025, atendeu dezenas de pessoas hospitalizadas após perderem o contato com a realidade por causa da IA.  

    Os modelos de linguagem dos sistemas de inteligência artificial (IA) avançados, baseados abissais quantidades de dados para compreender e gerar texto e outros conteúdos, conseguem realizar tarefas como resumo e resposta a perguntas humanas.

    Mas operam insensível e artificialmente prevendo a próxima palavra mais provável, baseando-se em dados de treinamento, aprendizado por reforço e feedback dos usuários.

    Obviamente o sistema reflete de volta aquilo que detecta como mais desejado pelo usuário, porque a frígida tecnologia é treinada por meio de reforço a partir de feedback humano.

    Como os usuários preferem respostas que soem agradáveis, cooperativas, concordantes e úteis, isso acaba gerando um viés de validação, em que o processo artificial tende a reforçar o que o usuário diz.

    Daí os Chatbots ou IA estão alimentando crenças extravagantes. Delírios messiânicos e perda de contato com a realidade. Sabemos de confrades conversando e recebendo “orientações” de “mentores” espirituais por IA. (pasmem!!)

    Estudo recente de Stanford mostrou que o ChatGPT, mesmo em sua versão mais avançada, erra ao identificar sinais de crenças fantasiosas. Em vez de alertar o sistema confirma delírios e responde com empatia artificial, aumentando a gravidade do quadro de alienados da realidade.

    De acordo com o psiquiatra Joseph Pierre, da Universidade da Califórnia, os sintomas são típicos de psicose delirante, agravada pelo fato de que os chatbots “não corrigem o usuário — apenas reforçam suas ideias estapafúrdias  e suas tendências egocêntricas.

    Considerando que nosso cérebro funciona improvisando previsões sobre a realidade, verificando-as depois e atualizando nossas crenças conforme as observamos. Tais consultas podem desencadear episódios em mentes vulneráveis, reforçar sintomas existentes e acelerar crises existenciais em que o usuário se desconecta da "realidade compartilhada", manifestando delírios, alucinações e pensamento desorganizado.

    É nessa etapa de “atualização mental” que surge a psicose, pois, ao ajustar as crenças para que correspondam melhor à realidade observada, faz com que o usuário permaneça preso em suas percepções iniciais limitantes sem conseguir modificá-las diante de evidências contrárias.

    Isso reforça sucessivamente as ideias distorcidas, multiplicando narrativas delirantes sem considerar se correspondem à realidade, o usuário se perde em camadas cada vez mais profundas de (des)informação, e não consegue sair desse “buraco sem fundo” digital e artificialíssimo.

    Já há estudo questionando a segurança dos chatbots de IA para substituir terapeutas através de pesquisas que envolvem as universidades de Stanford, Carnegie Mellon, Minnesota e Texas, em que foram testados os sistemas com as mesmas regras aplicadas para avaliar terapeutas humanos.

    Na verdade Chatbots podem, por mecanismos de empatia sintética e busca por engajamento, funcionar como um espelho alucinatório, validando e fortalecendo crenças delirantes que, em pessoas vulneráveis, resultam em agravamento ou em novos episódios psicóticos ou obsessivos.

    Cremos haver certa urgência para um debate público sobre o uso responsável da tecnologia ,mormente da inteligência artificial diária, especialmente para pessoas com histórico de transtornos mentais ou espirituais , portanto, em situação de vulnerabilidade emocional.

     

    Fontes:

    https://storiescnnbrasilcombr/tecnologia/alem-do-chatgpt-veja-5-ferramentas-de-ia-para-aumentar-produtividade/

    https://wwwterracombr/byte/psicose-por-uso-excessivo-do-chatgpt-cada-vez-mais-pessoas-sao-internadas-em-hospitais-psiquiatricos-apos-contato-com-chatbots,b8a14d54fc0a3610d9850a80fa3cb42f48n91hmshtml?utm_source=clipboard