Atualmente, muitos religiosos se enfrentam ferozmente. São os judeus e palestinos que se matam; são os seguidores de Buda e hinduistas quem se mantêm em luta milenar; são pseudocristãos que se aniquilam em guerras absurdas, como se a Bíblia, o Evangelho, o Bhagavad Gita e o Alcorão fossem manuais de violência e, não, roteiro de iluminação espiritual.
A defecção moral, da atual liderança religiosa, demonstra que a moralidade pregada reverbera como “melosa e hipócrita”, como disse Nietzsche. Sem líderes religiosos honestos, as propostas religiosas afastam pessoas, que sabem pensar, do sentimento de religiosidade superior e dão margem a que surjam críticos vigilantes, que desnudam seus erros, esmaecendo a esperança de almas primárias para a legítima fé.
Historicamente, sabemos que Sigmund Freud colocou, na berlinda, antigos e violentos conceitos CRISTÃOS e “afirmou ser o Cristianismo um movimento inútil, um infantilismo das massas.” (1) O pai da psicanálise fez, das crenças, meros paliativos para neuroses individuais. O materialista Karl Marx, ao conhecer os “cristãos” (não o Cristo!), em sua profunda indignação, afirmou que o Cristianismo era o “ópio do povo” (2), ou seja, uma emanação do sistema de exploração da massa (capitalismo).
Embora a Igreja Romana e as seitas protestantes reivindiquem a herança do Cristianismo dos primeiros cristãos, que seguiam mais de perto os ensinamentos do Cristo, esse Cristianismo puro já não existe há muitos séculos. O Cristianismo, que talvez exista em nossa sociedade, é, apenas, residual.
O legítimo Cristianismo não chegou ao Século IV, exatamente, como em seus primeiros tempos, todavia, foi nesse período, sobretudo no Concílio de Nicéia, que recebeu um golpe de misericórdia. A partir de então, o decadente Império de Roma passou a reconhecer a Igreja oriunda desse Concílio, que, logo, tornou-se a religião oficial dos romanos, por decisão do Imperador Constantino e obrigatória, tanto para um terço dos cristãos, quanto para dois terços dos não-cristãos (bárbaros) do Império.
O Cristianismo entrou em um mundo no qual nenhuma religião, até então, havia penetrado com tanta força. Nesses dois mil anos de dominação cristã, no Ocidente, vimos “uma fé caolha”, aliás, uma fé ser diluída, corrompida, deformada, e metamorfoseada em outra coisa, senão, negar a essência original, o Cristo.
Foram dois mil anos de busca desenfreada do poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em seu próprio favor, sempre, aliando-se ao que haveria de vencer. A História registra que muitos colocaram as máscaras de cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes e pastores, a fim de se esconderem, enquanto faziam atrocidades inimagináveis contra o próximo. O Cristianismo, sem Cristo, exerceu controle sobre a massa, cobrando impostos através dos dízimos; controle sobre os homens, promovendo o medo pelas punições eternas e temporais; controle sobre a devoção, manipulando esses sentimentos, transformando-os em um suposto temor a Deus.
Atualmente, estamos assistindo ao surgimento de u’a máquina pseudorreligiosa. Máquina, como nunca fora criada antes. Máquina de comunicação, de manipulação do “sagrado”, de venda de favores divinos (“milagres”), de hipnotização das pessoas ao poder e máquina que transforma a população, sem instrução, em um “rebanho de alienados”. Apropriou-se, indevidamente, do nome de Jesus para ludibriar os fiéis, mantendo Maquiavel como mentor dos seus preceitos ambiciosos. Nessa atrofia religiosa, eis que surge a Doutrina Espírita, propondo a reconstrução do edifício desmoronado da fé, exaltando a verdadeira moral do Cristo que, durante séculos, permaneceu perdida, precisando, mais que nunca, ser preservada. Com o Espiritismo, Jesus ressuscita das cinzas desse “igrejismo” decadente e é entronizado como meigo condutor dos sentimentos, cujas valiosas lições de amor brilham como archote transcendente de verdades perenes.
O espírita, para colaborar na definitiva transformação moral do planeta, precisa pautar-se pelo desapego, pela humildade, pela simplicidade, lembrando, aos comprometidos com a tarefa de “unificação”, que não será com construções de Centrões Espíritas luxuosos; com disputas de cargos para militância político-partidária; com brigas por cargos de destaque na Casa Espírita; com o vedetismo nas tribunas; com as questiúnculas dos simpósios e congressos “grandiosos”, atualmente, vilmente, industrializados; ou, furtando-se ao estudo de Kardec e ao serviço da caridade, que iremos mudar a opinião de agentes formadores de opinião, seguidores de Freud, Marx, Nietzsche e outros.
Todos nós necessitamos palmilhar pela fé racional, a fim de compreendermos melhor o Espiritismo, todavia, reconhecemos, também, que não é a destruição inapelável dos símbolos religiosos aquilo de que mais necessitamos para fomentar a harmonia e a segurança entre as criaturas, mas, sim, a nova interpretação deles, até porque, “sem a religião, orientando a inteligência, cairíamos, todos, nas trevas da irresponsabilidade, com o esforço de milênios, volvendo, talvez, à estaca zero, do ponto de vista da organização material da vida do Planeta.” (3)
Jorge Hessen
www.jorgehessen.net
Fontes:
(1) Freud Sigmund. O Futuro de uma Ilusão, Rio de Janeiro: Editora Imago, 1997
(2) Marx Karl. O Capital, São Paulo: Ed. Centauro, 1997
(3) Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em Uberaba/MG, na tarde de 18/08/71, para a reportagem da revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, publicada na edição de 1/09/71.
A defecção moral, da atual liderança religiosa, demonstra que a moralidade pregada reverbera como “melosa e hipócrita”, como disse Nietzsche. Sem líderes religiosos honestos, as propostas religiosas afastam pessoas, que sabem pensar, do sentimento de religiosidade superior e dão margem a que surjam críticos vigilantes, que desnudam seus erros, esmaecendo a esperança de almas primárias para a legítima fé.
Historicamente, sabemos que Sigmund Freud colocou, na berlinda, antigos e violentos conceitos CRISTÃOS e “afirmou ser o Cristianismo um movimento inútil, um infantilismo das massas.” (1) O pai da psicanálise fez, das crenças, meros paliativos para neuroses individuais. O materialista Karl Marx, ao conhecer os “cristãos” (não o Cristo!), em sua profunda indignação, afirmou que o Cristianismo era o “ópio do povo” (2), ou seja, uma emanação do sistema de exploração da massa (capitalismo).
Embora a Igreja Romana e as seitas protestantes reivindiquem a herança do Cristianismo dos primeiros cristãos, que seguiam mais de perto os ensinamentos do Cristo, esse Cristianismo puro já não existe há muitos séculos. O Cristianismo, que talvez exista em nossa sociedade, é, apenas, residual.
O legítimo Cristianismo não chegou ao Século IV, exatamente, como em seus primeiros tempos, todavia, foi nesse período, sobretudo no Concílio de Nicéia, que recebeu um golpe de misericórdia. A partir de então, o decadente Império de Roma passou a reconhecer a Igreja oriunda desse Concílio, que, logo, tornou-se a religião oficial dos romanos, por decisão do Imperador Constantino e obrigatória, tanto para um terço dos cristãos, quanto para dois terços dos não-cristãos (bárbaros) do Império.
O Cristianismo entrou em um mundo no qual nenhuma religião, até então, havia penetrado com tanta força. Nesses dois mil anos de dominação cristã, no Ocidente, vimos “uma fé caolha”, aliás, uma fé ser diluída, corrompida, deformada, e metamorfoseada em outra coisa, senão, negar a essência original, o Cristo.
Foram dois mil anos de busca desenfreada do poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em seu próprio favor, sempre, aliando-se ao que haveria de vencer. A História registra que muitos colocaram as máscaras de cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes e pastores, a fim de se esconderem, enquanto faziam atrocidades inimagináveis contra o próximo. O Cristianismo, sem Cristo, exerceu controle sobre a massa, cobrando impostos através dos dízimos; controle sobre os homens, promovendo o medo pelas punições eternas e temporais; controle sobre a devoção, manipulando esses sentimentos, transformando-os em um suposto temor a Deus.
Atualmente, estamos assistindo ao surgimento de u’a máquina pseudorreligiosa. Máquina, como nunca fora criada antes. Máquina de comunicação, de manipulação do “sagrado”, de venda de favores divinos (“milagres”), de hipnotização das pessoas ao poder e máquina que transforma a população, sem instrução, em um “rebanho de alienados”. Apropriou-se, indevidamente, do nome de Jesus para ludibriar os fiéis, mantendo Maquiavel como mentor dos seus preceitos ambiciosos. Nessa atrofia religiosa, eis que surge a Doutrina Espírita, propondo a reconstrução do edifício desmoronado da fé, exaltando a verdadeira moral do Cristo que, durante séculos, permaneceu perdida, precisando, mais que nunca, ser preservada. Com o Espiritismo, Jesus ressuscita das cinzas desse “igrejismo” decadente e é entronizado como meigo condutor dos sentimentos, cujas valiosas lições de amor brilham como archote transcendente de verdades perenes.
O espírita, para colaborar na definitiva transformação moral do planeta, precisa pautar-se pelo desapego, pela humildade, pela simplicidade, lembrando, aos comprometidos com a tarefa de “unificação”, que não será com construções de Centrões Espíritas luxuosos; com disputas de cargos para militância político-partidária; com brigas por cargos de destaque na Casa Espírita; com o vedetismo nas tribunas; com as questiúnculas dos simpósios e congressos “grandiosos”, atualmente, vilmente, industrializados; ou, furtando-se ao estudo de Kardec e ao serviço da caridade, que iremos mudar a opinião de agentes formadores de opinião, seguidores de Freud, Marx, Nietzsche e outros.
Todos nós necessitamos palmilhar pela fé racional, a fim de compreendermos melhor o Espiritismo, todavia, reconhecemos, também, que não é a destruição inapelável dos símbolos religiosos aquilo de que mais necessitamos para fomentar a harmonia e a segurança entre as criaturas, mas, sim, a nova interpretação deles, até porque, “sem a religião, orientando a inteligência, cairíamos, todos, nas trevas da irresponsabilidade, com o esforço de milênios, volvendo, talvez, à estaca zero, do ponto de vista da organização material da vida do Planeta.” (3)
Jorge Hessen
www.jorgehessen.net
Fontes:
(1) Freud Sigmund. O Futuro de uma Ilusão, Rio de Janeiro: Editora Imago, 1997
(2) Marx Karl. O Capital, São Paulo: Ed. Centauro, 1997
(3) Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em Uberaba/MG, na tarde de 18/08/71, para a reportagem da revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, publicada na edição de 1/09/71.
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