Quando se pode precisar que uma pessoa esteja, realmente, morta? Para a American Society of Neuroradiology, é através da morte encefálica, isto é, "quando constatado o estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais (resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos) apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida através de avançados sistemas de suporte vital e mecanismo de ventilação”. (1) Morte cerebral significa a desvitalidade do cérebro, incluindo tronco encefálico que desempenha funções cruciais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora, ainda, haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. A medicina, no mundo inteiro, tem como certeza que a morte encefálica, incluída a morte do tronco cerebral, só terá constatação através de dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas, e um complementar. Assim, quando for constatada cessação irreversível da função neural, esse paciente estará morto, para a unanimidade da literatura médica. (2)
Recentemente, um homem, cujo coração estava parado há mais de uma hora e cujos órgãos os médicos estavam se preparando para recolher, a fim de utilizar em transplantes, despertou na mesa de cirurgia, ou seja, havia nele "sinais de vida", a rigor, um enunciado equivalente a determinar a ausência de sinais clínicos de morte. "Os participantes da equipe de cirurgiões presentes enfatizaram que, caso as recomendações oficiais que estão em vigor no momento tivessem sido seguidas à risca, o paciente, provavelmente, teria sido considerado como morto.” (3)
Os Espíritos afirmaram a Kardec que o desligamento do corpo físico é um processo altamente especializado e que pode demorar minutos, horas, dias, meses.(4) O fato, obviamente, demonstra que a fronteira entre vida e morte suscita uma rigorosa reflexão dos profissionais de medicina (especialmente, entre especialistas em reanimação e as autoridades que regulamentam a bioética), e os obriga, algumas vezes, a questionar sobre quais critérios objetivos permitem definir o momento exato em que um paciente, que foi submetido a tentativas de reanimação, pode começar a ser considerado um potencial doador de órgãos. A situação representa uma ilustração pujante de questões que persistem, irresolvidas, pelo menos, na área da reanimação médica, quanto às modalidades de intervenção e critérios que permitam determinar o fracasso de um esforço de reanimação.
Em que pesem as controvérsias sobre a morte encefálica, na vigência da qual os órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em enfermos deles necessitados (transplantes), é mister considerar que estar em morte encefálica é permanecer em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém, em tempo algum, recupera-se. Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e, também, apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas os aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes, por tempo indeterminado. "É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" através da ortotanásia e, só então, seus órgãos serem aproveitados - já que órgãos sem irrigação sangüínea não servem para transplantes.
Eutanásia? Evidentemente que caracterizar o fato como tal carece de argumentação científica (...) para condenarem o transplante de órgãos. A eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada."(5) A doação de órgãos é um procedimento médico moderno que não é, especificamente, mencionado nos textos evangélicos. Algumas pessoas se opõem a esse avanço da medicina, simplesmente, porque é "novo" e "diferente", mas esse argumento não serve de base correta para julgar a questão. O Criador deu, ao homem, a capacidade de pensar e a habilidade de inventar e nunca condenou o progresso tecnológico em si. Imaginemos o seguinte: Se a doação do próprio braço direito ou do rim direito salvar a vida do próprio filho, qual o pai amoroso que se recusaria a doá-lo? Portanto, a doação é um ato de bondade e amor que beneficia, também, um receptor desconhecido. O órgão que já não serve mais para a pessoa morta pode permitir a uma jovem mãe cuidar de seus próprios filhos, ou a uma criança chegar à idade adulta. "Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.” (6)
A temática "doação de órgãos e transplantes" é bastante coetâneo no cenário terreno. Sobre o assunto, talvez, porque as informações instrutivas dos Benfeitores Espirituais não serem abundantes, há o receio do desconhecido que paira no imaginário de muitos homens. Eis o motivo pelo qual alguns espíritas se recusam a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne.
Porém, é interessante introjetarmos a seguinte reflexão: se, hoje, somos doadores, amanhã, poderemos ser (ou nossos familiares e amigos) receptores de órgãos. "Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas, para quem está esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida! Joanna de Angelis, sabendo dessa importância, ressalta "(...) Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude - que é a vida em si mesma, estuante e real “(7)
Em de entrevista, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38, na qual Francisco Cândido Xavier comenta que o "transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios, é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante." Os Espíritos, segundo ele, "não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito". "(8)
Os Espíritos afirmaram a Kardec que o desligamento do corpo físico é um processo altamente especializado e que pode demorar minutos, horas, dias, meses.(4) O fato, obviamente, demonstra que a fronteira entre vida e morte suscita uma rigorosa reflexão dos profissionais de medicina (especialmente, entre especialistas em reanimação e as autoridades que regulamentam a bioética), e os obriga, algumas vezes, a questionar sobre quais critérios objetivos permitem definir o momento exato em que um paciente, que foi submetido a tentativas de reanimação, pode começar a ser considerado um potencial doador de órgãos. A situação representa uma ilustração pujante de questões que persistem, irresolvidas, pelo menos, na área da reanimação médica, quanto às modalidades de intervenção e critérios que permitam determinar o fracasso de um esforço de reanimação.
Em que pesem as controvérsias sobre a morte encefálica, na vigência da qual os órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em enfermos deles necessitados (transplantes), é mister considerar que estar em morte encefálica é permanecer em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém, em tempo algum, recupera-se. Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e, também, apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas os aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes, por tempo indeterminado. "É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" através da ortotanásia e, só então, seus órgãos serem aproveitados - já que órgãos sem irrigação sangüínea não servem para transplantes.
Eutanásia? Evidentemente que caracterizar o fato como tal carece de argumentação científica (...) para condenarem o transplante de órgãos. A eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada."(5) A doação de órgãos é um procedimento médico moderno que não é, especificamente, mencionado nos textos evangélicos. Algumas pessoas se opõem a esse avanço da medicina, simplesmente, porque é "novo" e "diferente", mas esse argumento não serve de base correta para julgar a questão. O Criador deu, ao homem, a capacidade de pensar e a habilidade de inventar e nunca condenou o progresso tecnológico em si. Imaginemos o seguinte: Se a doação do próprio braço direito ou do rim direito salvar a vida do próprio filho, qual o pai amoroso que se recusaria a doá-lo? Portanto, a doação é um ato de bondade e amor que beneficia, também, um receptor desconhecido. O órgão que já não serve mais para a pessoa morta pode permitir a uma jovem mãe cuidar de seus próprios filhos, ou a uma criança chegar à idade adulta. "Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.” (6)
A temática "doação de órgãos e transplantes" é bastante coetâneo no cenário terreno. Sobre o assunto, talvez, porque as informações instrutivas dos Benfeitores Espirituais não serem abundantes, há o receio do desconhecido que paira no imaginário de muitos homens. Eis o motivo pelo qual alguns espíritas se recusam a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne.
Porém, é interessante introjetarmos a seguinte reflexão: se, hoje, somos doadores, amanhã, poderemos ser (ou nossos familiares e amigos) receptores de órgãos. "Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas, para quem está esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida! Joanna de Angelis, sabendo dessa importância, ressalta "(...) Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude - que é a vida em si mesma, estuante e real “(7)
Em de entrevista, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38, na qual Francisco Cândido Xavier comenta que o "transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios, é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante." Os Espíritos, segundo ele, "não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito". "(8)
Não se pode perder de vista a questão do mérito individual. "Estaria o destino dos Espíritos desencarnados à mercê da decisão dos homens em retirar-lhes os órgãos para transplante, ou em retalhar-lhes as vísceras por ocasião da necropsia?! O bom senso e a razão assinalam que isso não é possível, porquanto seria admitir a justiça do acaso e o acaso não existe!” (9) E mais, em síntese, a doação de órgãos para transplantes não afetará o espírito do doador, exceto se acreditarmos ser injusta a Lei de Deus e estarmos no Planeta à deriva da Sua Vontade. Lembremos que nos Estatutos do Criador não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos (conquista da ciência humana) é valiosa oportunidade, dentre tantas outras, colocada à nossa disposição para o exercício do amor.
Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
Blog: http:// jorgehessenestudandoespiritism o.blogspot.com
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
Blog: http://
FONTES:
(1) In: "Dos transplantes de Órgãos à Clonagem", de Rita Maria P.Santos, Ed. Forense, Rio/RJ, 2000, p. 41
(2) Pode-se ter certeza do diagnóstico de morte encefálica quando dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, procedimento esse regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.
(3) Disponível http://noticias.terra.com.br/ ciencia/interna/0,,OI2944622- EI8146,00.html, acessado em 02-02-10
(4) Kardec, Allan, O Livros dos Espíritos, RJ: Ed FEB/2003, questão n° 155, Cap. XI.
(5) Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
(6) Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]
(7) Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/BA: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgãos
(8) Entrevista de Francisco Cândido Xavier, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38,
(9) Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
(1) In: "Dos transplantes de Órgãos à Clonagem", de Rita Maria P.Santos, Ed. Forense, Rio/RJ, 2000, p. 41
(2) Pode-se ter certeza do diagnóstico de morte encefálica quando dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, procedimento esse regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.
(3) Disponível http://noticias.terra.com.br/
(4) Kardec, Allan, O Livros dos Espíritos, RJ: Ed FEB/2003, questão n° 155, Cap. XI.
(5) Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
(6) Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]
(7) Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/BA: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgãos
(8) Entrevista de Francisco Cândido Xavier, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38,
(9) Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
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